30 de janeiro de 2013, 7:23 a.m.
Anne adentrou com cuidado o quarto em que o filho estava, para não o assustar. Harry já havia sido acordado mais cedo para tomar café da manhã e remédios que uma enfermeira educada trouxera, mas voltou a dormir em seguida, estava exausto.
Assim que ouviu barulhos ele começou a acordar e se ajeitar na cama, sua mãe estava sentada ao seu lado na cama. Escondeu seu próprio corpo com o mesmo cobertor pesado, enquanto sua mãe fazia carinho em seu cabelo bagunçado.
_ Bom dia! - Anne falou com sorriso nos lábios.
_ Bom dia mãe. - Harry tentou corresponder com o bom humor de sua mãe.
_ Desculpe te acordar tão cedo, mas saindo daqui vou para o trabalho. Tenho boas notícias, trouxe trocas de roupa pra você, conversei com o médico e saindo do trabalho eu passo aqui para te buscar para ir pra casa. - disse empolgada - além disso, também encontramos um psicanalista para você! Você com certeza vai gostar dele.
Harry sentiu seu coração acelerar novamente, não queria que aquilo fosse necessário, se sentia constrangido com tudo aquilo.
_ Mãe... eu realmente não vejo necessidade... foi só burrice minha - respondeu devagar, sentindo suas mãos tremerem
_ É claro que tem necessidade - respondeu ríspida, mas se recompôs em seguida - olha, eu não posso te obrigar a concordar com isso, mas seria extremamente proveitoso pra você, além de deixar eu e Gemma muito mais tranquilas... Pense sobre isso depois de conhecê-lo
Observou sua mãe se levantar, ela acariciou seu cabelo deixando um beijo em sua testa, se despedindo. Desfocado, Harry se despediu, enquanto tentava controlar sua respiração descompassada. Toda aquela situação já o deixara suficientemente constrangido e decepcionado consigo, mas a pressão de ter que lidar com isso, ainda mais com a ajuda de algum homem desconhecido, estava lhe causando uma bela crise de ansiedade.
Enquanto tomava um banho, na tentativa de se acalmar, notou que não haviam cortinas em volta do chuveiro, as maçanetas da pia, chuveiro e portas tinham formato estranho, as quinas de armários eram arredondadas e emborrachadas.
"Não é possível..." ele pensou, percebera que realmente estava em um quarto específico para sua situação.
Sentou-se novamente na cama após colocar a roupa limpa que sua mãe trouxera e foi "obrigado", pela enfermeira educada, a colocar meias antiderrapantes. Após algumas horas almoçou a comida sem sal do hospital, usando o único talher permitido, uma colher.
Pensou em responder à seu amigo que o mandava mensagem preocupado e ocasionalmente tentava ligar, mas preferia explicar a situação pessoalmente em algum momento futuro.
_ Com licença - Harry ouviu após leves batidas na porta -, posso entrar? - em seguida o som da porta rangendo.
_ Creio que eu não tenha escolha - respondeu com tom brincalhão e a voz trêmula - pode, claro.
_ Boa tarde, tudo bem? - disfarçando o riso promovido pela piada boba do menino, com um misto de vergonha e bom humor, o homem adentrou o quarto - Prazer, meu nome é Louis Tomlinson.
Inevitavelmente Harry arrastou seu olhar dos pés à cabeça do homem, respondendo em seguida um simples "boa tarde"
_ Prazer, Harry Styles - o mesmo olhava um pouco confuso para o homem, que sorria simpático para o garoto, afinal já estava acostumado com essa reação.
_ Imagino que sua mãe tenha falado algo sobre mim a você... mas caso não, estou aqui para me apresentar e conversar um pouco com você... Trabalho aqui neste convênio como psicanalista e psiquiatra plantonista, que foi como eu e sua mãe fomos apresentados, mas também atendo em meu próprio consultório. - ele disparou a falar, observando o garoto levantar as sobrancelhas ao ouvir "psiquiatra" sair de sua boca.
Enquanto o homem tagarelava em sua frente, Harry só conseguia pensar em como não queria um psicólogo, não queria alguém para falar de seus problemas, aquilo era ridículo, ele só queria ir para sua casa logo.
_ Gostaria de deixar claro também que não estou aqui com intenção alguma de te obrigar ou ao menos tentar convencer a aceitar isso, somente você pode decidir - Louis reforçou com a voz calma - você é quem tem que saber se está disposto a receber ajuda.
Com os olhos fechados, Harry respirou algumas vezes, ainda sentia seu coração acelerado e respiração desregulada. Lembrou-se da conversa que tivera mais cedo com sua mãe, "além de deixar eu e Gemma muito mais tranquilas...", a frase ecoava em sua cabeça naqueles segundos em que o psicanalista estava em silêncio aguardando a ação seguinte do menino.
_ Eu concordo em fazer o que minha mãe deseja, Tomlinosn, mesmo que isso implique em ter que passar algumas horas das próximas semanas tentando te explicar que eu não estava realmente tentando me matar - Harry respondeu rapidamente olhando para Louis com sua melhor expressão de mau humor
_ Nós não vamos falar disso por enquanto, tudo bem? - o sorriso contínuo e expressão amigável do homem chegavam a ser irritantes para Harry.
Harry sentou-se devagar, sentiu seu corpo fraco, tinha vontade de chorar, mesmo sem motivo. Olhou para os seus pés em contato com o chão gelado, protegidos pelas meias azuis antiderrapantes, enquanto sentia vergonha de quem era, sentia vergonha de ser tão grosso com alguém que só estava tentando fazer seu trabalho.
_ Por que estou aqui? - sua voz saiu rouca, os olhos cheios de lágrimas
_ Você não se lembra de nada? - o homem questionou, sem entender ao certo o que o menino perguntara
_ Não, eu... Por que estou aqui? - repetiu, com os punhos fechados tentando controlar o tremor - Eu não deveria estar.. não deveria estar vivo.
Ele sempre soube que tinha indícios de transtornos de ansiedade, não precisava muito para perceber, mas nos últimos meses só parecia piorar. Estando ali, naquele hospital, a todo momento sentia como se seu coração fosse saltar do peito.
_ É melhor não falarmos sobre isso agora, não acha? - Louis sorriu novamente para Harry - em um melhor momento posso te explicar o que aconteceu ontem a noite... por enquanto, posso te dizer que você tem uma família que se importa muito contigo..
Sem conseguir controlar mais o choro, Harry cobriu seu rosto com as mãos trêmulas e permaneceu assim por alguns longos minutos, apenas chorando, sentindo dores no peito e seu estômago revirar. Vários cenários possíveis passaram em sua cabeça, imaginou que provavelmente sua mãe o encontrou desacordado na noite anterior, pensou no quanto aquilo foi egoista de sua parte e quanto as decepcionou.
Se encolheu na cama abraçando seus joelhos contra o peito, tudo à sua volta parecia ruído, nem notou quando o medico saiu do quarto. Ele tentava ao máximo respirar fundo e se recompor, mas a frustração de não conseguir só o deixava mais ansioso.
_ Aqui, coloque isso na boca - Louis puxou delicadamente a mão de Harry, que tremia muito, e o entregou um copo descartável com uma pedra de gelo dentro, fazendo com que o menino o olhasse confuso - pode confiar...
Sem entender nada, Harry colocou aquela pedra de gelo na língua, sentindo um leve arrepio pelo choque de temperatura do gelo em relação ao seu rosto que estava inteiramente quente e vermelho pelo choro incessante. Tentou algumas vezes, sem sucesso, quebrar a pedra com os dentes para se livrar logo daquela situação. Consequentemente foi obrigado a ficar girando aquela forma gelada em sua língua até o momento que mal conseguia sentir a mesma, sua respiração ficara gelada e finalmente não havia mais nada ali.
_ Não consigo compreender... - Harry olhou para o homem em pé ao seu lado, os olhos extremamente azuis o observando secar o restante das lágrimas de seus próprios olhos
_ Não mesmo? - Louis sorriu quase debochado
Então Harry percebeu que não chorava mais.
Irritado, ele franziu a testa, não aceitava que aquele desconhecido havia o tirado de uma crise de ansiedade somente com uma pedra de gelo, sendo que ele estava lutando contra aquilo a meses sem saber lidar.
Afinal, Louis não era tão ruim assim.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Scene Two - Larry
FanficReescrevendo em 2023. " Louis, Eu estou com medo mas acho que nada mais importa agora não é? Eu estou prestes a fazer a maior idiotice da minha vida, de novo. Bem... eu só queria agradecer ao meu namorado, isso se ele aceitar ser meu namorado.. Si...