prólogo: delírios momentâneos.

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talvez esse seja meu plot favorito. ele está guardado há três anos, nunca tive coragem de escrever e confesso que estou com medo de estragar a preciosidade

a fanfic tem uma playlist, o link está no meu perfil. seria ótimo se vocês escutassem

boa leitura! espero que gostem.

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As mãos pálidas tocavam os quadrados pintados em vermelho, deslizando os dedos frios pelas outras cores em formato semelhante.

Fazia pouco mais de vinte minutos que Jungkook minuciosamente analisava o presente que seu pai havia comprado para si, o cubo mágico posicionado no meio da cama. Era um grande contraste entre os lençóis brancos.

Olhava atentamente para cada quadradinho colorido, as orbes foscas centradas nas formas geométricas que escondiam um grande segredo dentro das paredes plastificadas. As tintas vibrantes puxavam Jungkook para o abismo, fazendo-o se questionar como um simples brinquedo inofensivo conseguia trazer tanta raiva em quem ousasse tentar desvendá-lo.

Para ele, segurar o objeto nas mãos era o mesmo que ter sua vida entre os dedos. Brincar com o cubo era sinônimo de posicionar seu destino nas direções que desejava. E, ter aquele pequeno quadrado de cristal no meio de sua cama, fazia seu peito se encher de incertezas e medos.

Não sabia se tinha ousadia o suficiente para tentar descobrir qual caminho seguiria posteriormente, não sabia se teria coragem de pegar o cubo nas mãos e brincar com sua própria vida. Porque, para o garoto, ter o quebra-cabeças colorido em sua posse era um convite para bagunçar ainda mais a sua existência no mundo.

E achava que já estava bagunçado demais. Não queria estragar o resto da ordem que ainda restava em si.

Pegou o brinquedo na mão, trazendo para perto de seus olhos e girando-o. Olhava atentamente cada lado do quadrado, as cores vermelho, amarelo, azul e verde soando inofensivas. Tinha consciência de que era tudo uma fachada, uma única pecinha daquelas movidas na direção errada causaria destruição.

Desestabilizaria todas as demais combinações.

Jungkook sentia-se como aquela peça. Descansava no centro, exatamente no meio. Não poderia ser mudado de lugar sem desmontar todos os conceitos concretizados em sua mente, destruiria um por um, sem notar as cores se juntando e transformando-se em outra tonalidade. Tinha medo de não gostar da nova pigmentação.

Suspirou com pesar, colocando o cubo em cima da escrivaninha ao lado da cama. Esticou os braços cobertos por um moletom velho, tentando alcançar a tomada que ligava o abajur de lua cheia. Tinha colocado-o para carregar pela manhã, e agora, durante a tarde, a carga já tinha chegado na potência máxima. Aquele era outro presente que tinha ganhado, seu melhor amigo presenteando-o com a decoração no seu aniversário passado. Gostava de receber presentes, ainda mais se fosse de seu agrado.

Quando conseguiu desconectar a lua da energia, jogou-se de costas na cama de casal. Olhava para o teto do quarto, sentindo o frio entrar pela janela aberta.

— Quem sou eu? — Perguntou em voz alta, ainda concentrado no forro que esquentava suas noites de sono.

Os questionamentos sobre a própria existência nunca abandonava-o, era assombrosamente insistente e importuno. Não entender as razões pelo qual era presente nessa realidade ou se estava seguindo como o planejado assustava em grandes proporções. Tanto que, constantemente analisava o cotidiano alheio para ver se era o único perdido na grande aglomeração.

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