Capítulo Único.

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Na casa da família Jiang os mais novos estavam sentados à mesa, tomando o café da manhã sozinhos visto que os seus pais e a irmã mais velha já tinham saído para os seus respetivos trabalhos.

Wei Wuxian empanturrava-se com as pequenas tostinhas cheias de geleia de frutos vermelhos enquanto observava curioso e atento o irmão mais novo que enchia distraidamente a sua caneca de café, acabando por derramar o líquido por estar perdido em pensamentos. Jiang Cheng soltou um "merda" e começou a limpar a toalha da mesa, já imaginando a sua furiosa mãe cortar a sua cabeça por ter manchado a toalha.

— Fala logo o que foi. — pediu o mais velho, pousando os cotovelos sobre a mesa e prendendo toda a sua atenção no mais novo que acabava de rolar os olhos perante a sua manifestação.

— Hoje estou sem paciência para você, Wei Wuxian. — resmungou o mais novo, continuando a esfregar inutilmente a mancha de café. Ele ia morrer, decididamente.

— E quando você está? — questionou, soltando uma das suas típicas gargalhadas escandalosas e provocativas que deixavam o mais novo ainda mais irritado. — Partilha aí com o seu querido irmão o que te atormenta.

— A sua existência me atormenta. — balbuciou Jiang Cheng, soltando um suspiro sem paciência.

— Não estou falando desse motivo, estou falando do outro motivo. — continuou Wei Wuxian com um sorriso sugestivo.

— Que outro motivo? — perguntou Jiang Cheng, fintando finalmente o irmão adotivo e vendo o sorriso malicioso surgir na face do mesmo. Naquele instante soube que não deveria ter feito aquela pergunta e tão pouco deveria dar continuação àquela conversa. — Não tem outro motivo.

— O motivo Lan Xichen.

— O que tem ele? — perguntou o mais novo, sem saber realmente onde o outro queria chegar com aquela conversa.

— Ele quer dar o próximo passo na relação e você está temendo pelo seu cu. É isso, não é?

Jiang Cheng arregalou os olhos e logo de imediato sentiu as suas orelhas arderem, bem como o seu rosto que ficou vermelho de raiva e vergonha. Toda essa reação e imagem do mais novo foi motivo suficiente para Wuxian cair na gargalhada, deixando o outro ainda mais irritado.

— Wei Wuxian! — gritou batendo na mesa e levantando-se já com o punho fechado, preparado para socar o outro caso ele continuasse com aquela insinuação ofensiva. — De onde tirou essa ideia de que eu é que vou dar o cu?

— Ah, Jiang Cheng, está na cara que você é o passivo da relação. — respondeu Wei Wuxian, tão relaxado e divertindo-se tanto com a situação que fez questão de se encostar confortavelmente na cadeira, com os braços sobre o peito e um sorriso divertido nos lábios.

— Eu não sou como você. — acusou o mais novo, apontando-lhe o dedo.

— Da última vez que falei isso acabei de quatro na cama do Lan Zhan. — respondeu simples e direto, dando de ombros e divertindo-se com o pânico que criava no irmão que estava fumegando de raiva.

— Wei Wuxian! Eu não quero saber das merdas que você e o seu namoradinho fazem.

— Jiang Cheng... O segredo é aceitar, que dói menos. E aposto que quando vir o pau do seu amado vai cair de quatro voluntariamente. Você sabe dos boatos de que os Lan são bem dotados, certo?

— Não sei e nem quero saber! — falou Jiang Cheng, começando a levantar a louça da mesa e indo até à cozinha para as colocar na banca.

O mais novo não queria continuar aquela conversa, só queria fugir do irmão adotivo o mais rápido possível. Ou isso ou continuava a ouvir as provocações do outro e consequentemente era obrigado a quebrar a cara do mesmo que certamente iria fazer choradinho a Lan Zhan. E se havia alguém que Jiang Cheng odiava mais do que o próprio irmão, era o seu cunhado.

— Quê, vai fechar os olhos quando ele estiver fodendo você? — questionou Wei Wuxian que não desistia de provocar o mais novo e por isso mesmo seguiu-o até à cozinha. — Ah, já sei! Vai viver toda a sua vida sendo fodido de quatro por que tem medo de olhar para o pau do seu namorado.

— Você por acaso quer que o seu namoradinho fique viúvo? — inquiriu Jiang Cheng, apontando a faca na direção do mais velho.

— Irmãozinho, ouça a voz da experiência. — falou Wei Wuxian ainda sorrindo maldoso, aproximando-se do irmão e baixando a mão do mesmo. — Não se preocupe com isso, apenas deixe acontecer e relaxe, sim?

— Não quero relaxar. — resmungou o mais novo, jogando com força a faca na banca.

— Eu sei que para você é algo bem difícil, mas se não o fizer vai doer para caralho.

— Não se eu for o ativo.

— Jiang Cheng, vamos ser realistas aqui. Você acha mesmo que vai ser o ativo? — questionou o mais velho, olhando o outro com uma expressão de deboche e controlando-se para não gargalhar na cara dele por que estava à espera do momento certo.

— Acho e vou. — assegurou Jiang Cheng, confiante no que dizia.

— Só se for num universo alternativo ou numa outra vida, por que eu aposto que você vai ser o passivo. — respondeu Wei Wuxian caindo na gargalhada, rindo ainda mais quando viu o mais novo estender a mão na sua frente, prestes a apostar de verdade.

— Quer apostar?

— Com certeza.

(...)

Já passava da meia noite e todos estavam dormindo, exceto Wei Wuxian que estava assaltando a cozinha às escondidas de Madame Yu enquanto rezava para não ser apanhado pela mesma. O seu assalto foi interrompido quando ouviu a porta de casa ser aberta e fechada logo de seguida, dando a clara indicação de que alguém havia chegado. A única pessoa que não estava em casa era Jiang Cheng que tinha ido a um encontro com Lan Xichen, portanto estava mais que óbvio para Wei Wuxian que era o irmão mais novo que estava entrando de fininho àquela hora.

Com um sorriso travesso dirigiu-se até à sala, encostando-se na batente da porta enquanto observava o seu irmão caminhar lentamente com uma expressão dolorosa no rosto. Wuxian quis gargalhar quando viu o outro coxear e esfregar a bunda, porém não o podia fazer ou acordaria a casa inteira e deixaria Lan Zhan viúvo mesmo antes de se casarem.

— Olha só o ativo da relação.

— Não fale comigo, Wei Wuxian. — rugiu Jiang Cheng, fuzilando o irmão adotivo enquanto tentava compor a sua postura e caminhar normalmente, sem grande sucesso e consequentemente arrancando uma risada do mais velho.

— Ganhei a aposta. Quero o meu pagamento. — exigiu com um sorriso vitorioso, abrindo a palma de uma das mãos e batendo nela com a outra.

— Vá se foder você e o seu pagamento.

— Vou-me foder do mesmo jeito que você foi fodido pelo meu cunhadinho?

— Wei Wuxian! — exclamou irritado, não pensando duas vezes antes de se jogar em cima do irmão provocativo e começar uma luta barulhenta.

— Larga o meu cabelo, passivona! — gritou Wei Wuxian quando sentiu os seus cabelos serem puxados pelo mais novo.

Os dois rolavam pelo chão, entre tapas, pontapés e puxões de cabelo com direito a insultos proferidos pela boca suja de Jiang Cheng e os pedidos de socorro exagerados e teatrais de Wei Wuxian que aparentemente se esqueceu que podia acordar a casa inteira e sofrer com a fúria de Madame Yu. Que falando nela...

— Que gritaria é essa na minha casa a uma hora dessas?

Foi só ouvir o grito da mulher que os dois pararam de brigar, olharam um para o outro e por fim falaram:

— Estamos fodidos.

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