Era meio tarde quando me dei conta do que sentia por você, bom, aquele sentimento era no mínimo doloroso, ainda mais após tanto tempo guardado a milhões de chaves no fundo do meu peito, fomos amigos durante nossa vida inteira, seu sorriso aquecia meu coração e minha alma, ter que partir havia sido a cena mais frustrante e agoniante que eu já havia sentido em toda a minha vida, havia sido até o dia que voltei, te vi acompanhado dela, eu costumava ser seu melhor amigo, eu soube que um dia costumei ser algo a mais, você me via de um jeito romântico, mas também foi tarde demais, pois eu já havia partido, e mais tarde ainda quando eu fui atrás de você e tive o desprazer de encontrá-los juntos, desci do avião e vi vocês de mãos plenamente unidas.
Planejo contar toda essa história melhor, com o tempo, mas para isso precisamos voltar aquela noite de 2014, quando o caminhão parou em frente a casa vizinha, que se encontrava vazia durante anos, como um garoto sempre curioso, me enfiei por entre as cortinas da minha casa para apreciar a família recém chegada, e foi aqui que um dos meus pesadelos começou.
Seu rosto sempre fora suave, aquela noite ele não estava diferente, pelas minhas vagas lembranças as quais percorro enquanto escrevo isso, lembro-me de ter me atraído por outros garotos antes, porém em nenhum momento eu senti algo tão confortante como quando eu te vi saindo daquele carro, meu coração palpitava de modo descontrolado apenas por ver seu sorriso, eu tinha por volta de 11 anos, mais tarde saberia que você era apenas um pouco mais velho, mesmo tendo feições calmas e suaves como sempre teve.
Era uma manhã do mesmo mês em que te vi pela primeira, sua mãe fora na minha casa porém eu me mantive escondido em meu quarto, tentando entender o que nossas mães tanto conversavam na cozinha, entendi que você era um pouco tímido e além disso, novo no bairro e na escola, sua mãe era doce, sabia de sua idade mas mesmo assim preocupou em sondar os garotos da vizinhança a procura de amigos para você, acho que você nunca deu o valor necessário a Seoryoung, porém isso é uma observação para um próximo momento.
Fui tecnicamente obrigado a te conhecer, assim como você fora, Jinyoung, me perdoe, mas sentia em seus olhos sua insatisfação por ter de sair de seu quarto e fazer amigos, entretanto acho que não dei tanta atenção a isso, eu estava ocupado dando atenção exacerbada a minha felicidade por poder te ver um pouco no parque no condomínio, eu havia apenas fingido insatisfação, no fundo minha vontade desde o início havia sido ver você.
Decidi te perguntar o que faríamos, te empurrei no balanço, brincamos um pouco e no final ouso dizer que foi algo divertido para ambos, uma semana depois soube que queria me ver novamente, talvez tivera gostado de conversar com alguém, ou eu apenas tinha sido uma companhia boa para aquele momento, me senti orgulhoso de mim mesmo quando tal pensamento cruzou minha mente.
Você foi a minha casa, conheceu meu quarto e meus brinquedos naquele dia, podia me achar meio infantil por ainda ter carrinhos em estantes e um lençol de personagens, me recordo com extrema clareza do quarto depois que cresci um pouco, acho que aquele lugar se tornara nosso lugar preferido para passar o tempo, mais tarde.
Naquele dia, nossas conversas e devaneios sobre a escola passou do horário convencional em que meus amigos ficavam na minha casa ou eu na casa deles, havia duas opções ou estávamos realmente crescendo, o que eu realmente havia gostado de constatar, ou sua mãe confiava na minha família, mesmo com o pouco tempo, acho que eu gostara das mesmas opções igualmente, eu te achava lindo e sua companhia me trazia uma paz inimaginável.
Você se lembra quando sentou-se no tapete do meu quarto e disse que eu precisava conhecer sua casa também? Foi algo amável, eu não vi maldade na época, pois não existia, éramos apenas amigos e eu, mesmo que achasse meus colegas de classe extremamente lindos e não entendesse, simplesmente não entendesse o que eles viam de tão interessante nas garotas, não sacaria nem tão cedo o que sentia por você desde a primeira vez que te vi.
Deitei em minha cama enquanto você fuçava meu armário, acho que procurava algo legal, encontrou algumas fantasias que eu usara em festivais escolares anteriores, riu da minha saia de havaiana e o sutiã de coquinhos que eu implorara para que minha mãe comprasse na infância, você os vestiu por cima das suas peças de roupa, aquele ato nos rendeu risadas tão altas que pude ouvir minha mãe rindo no andar debaixo.
— Por que você tem isso? – Ouvi sua voz levemente anasalada depois da crise histérica de risadas.
— Ah! Sabe, eu achava bonito as meninas havaianas que ficavam dentro dos carros em Lilo e Stich, acho que foi por isso que implorei que minha mãe me desse essa fantasia.
— Você gostava de Lilo e Stich? – Assenti com a cabeça. – Demorei um tempo para entender a razão do filme, no final entrou em um dos meus favoritos, junto co Toy Story.
— Toy Story me causava medo na infância, hoje até desejo que meus bonecos falem de uma vez se tiverem realmente algo a dizer. – Falei, tentando fazer ambos de nós acreditar que não teria medo dos bonecos se esses começassem a falar magicamente, eu tinha medo.
— Odeio pensar que meus bonecos podem estar conversando uns com os outros em meu quarto enquanto estou fora.
— Jinyoung, posso te perguntar algo? – Minha voz soou acanhada, eu queria perguntar-te isso a um tempo.
— Isso já é uma pergunta, Yugyeom. –Você me olhou meio cínico, me assustei um pouco mas depois vi seu sorriso. – Ok, faça outra pergunta.
— Por que você se mudou? E por que sua mãe é tão preocupada em saber se você tem amigos?
— Sabe, eu não era muito querido na minha antiga escola, uns garotos implicavam muito comigo naquela época, eles diziam coisas horríveis quando me viam, e eu fiquei, digamos que, excluído, até contar a minha mãe demorou um tempo, custou muita coragem para dizer que os vizinhos da casa ao lado me odiavam e faziam da minha vida um inferno na escola, quando contei ela decidiu se mudar e me mudar de escola, eram muitos garotos, a situação poderia piorar se apenas levássemos à coordenação. – Sua voz não carregava pesar, apenas alívio, isso me deixava aliviado também, era quase que instantâneo.
— Fico meio feliz em saber que está tudo bem agora, deve ser meio triste passar por essas coisas, você está em qual escola? – Perguntei torcendo para que fosse a mesma em que eu estudava.
— Vou entrar depois desse feriado prolongado para a escola que fica no centro, não me lembro o nome.
— Uma super grande com detalhes em azul e branco? – Perguntei, essa era a descrição mais simples possível sobre minha escola, não tinha muito o que me preocupar, era a única que ficava no centro da cidade.
—Acho que sim como sabe?
— É a minha escola, onde estudo. – Falo "minhha escola" até hoje, estudei lá durante toda minha vida e tdos os professores possíveis já me deram aula naquelas salas.
— Yugyeom, você está em qual ano?
— Sexto, e você?
— Estou no sétimo, mas da para nos vermos na escola e... não sei, talvez comermos juntos? – Eu definitivamente abri um sorriso e foi muito gratificante para meu coração quando você abriu um sorriso de volta.
— Eu adoraria sentar com você durante o recreio.
Após meu comentário, minha mãe subiu ao meu quarto, bateu na porta e eu soube que você estava indo embora, desci junto a vocês, então te abracei na porta, eu acho que nunca vi sua mãe tão feliz como quando você me abraçou de volta aquele dia.
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if we were brave? || {jingyeom}
Fanfiction》História onde Yugyeom sempre foi apaixonado por ser melhor amigo de infância, e não entendia se esses sentimentos eram recíprocos, e então ao voltar de um intercâmbio e ver o mundo de outra maneira, começa a escrever uma carta para seu melhor amigo...