part 3

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- Meu pai, caçador de vampiros. Ele jurou acabar com todos demônios e monstros infernais que atormentavam o oeste do Arizona, todo o Texas e parte do Norte mexicano. Meu pai era um Cowboy.
- Um Cowboy matador de demônios?
- Sim, ele se chamava Jericho Cross.
- Você é filha de Jericho Cross? Por deus...
- Minha mãe morreu após a sétima filha nascer. Ela foi a líder de um grupo de mulheres que preservavam uma floresta no Japão com alguns encantos. Ela nos fez crescer belas e saudáveis. Ia tudo bem até meu pai encarar um grande inimigo, para conseguir derrota-lo ele ofereceu 3 filhas ao diabo como moeda de troca caso ele conseguisse o que queria. Mas falhou. E sem sua vitória o trato não se concretizou. Seu corpo foi trancafiado em um sarcófago em algum lugar do deserto do Arizona. Seu espírito está preso em um cavalo que vaga sem rumo por lá.
- Uau. Que história, hein. E como você chegou aqui?
- Cada uma das três filhas foi condenada a ser a Guardian da família Murphey. Essa casa pertenceu, à muitos anos, à um dos últimos descendentes dessa família. Agora estou presa à casa. Minhas outras duas irmãs amaldiçoadas devem estar presas também, pois todos da família Murphey já morreram. Todas nós, as sete, somos conhecidas como Noulles. Porém eu sou uma Noulle amaldiçoada.
    Segurei o rosto dela e olhei bem nos olhos:
- Eu vou te libetar.
    Ela sorriu e quis chorar um pouco. Enxuguei uma lágrima e perguntei:
- Por que suas outras irmãs não te ajudaram?
- Já faz anos. Provavelmente todas já morreram. Somente as juradas ao diabo permanecem vivas até hoje como se o tempo nao tivesse passado. Imortais até hoje.
- Sinto muito.
   Ali o tempo parecia não caminhar como em qualquer outro lugar do mundo e os dias e noites passavam à cada hora marcada no relógio. Nunca muito claro e nunca muito escuro. Eram dias sombrios e gélidos.
Sem perceber quanto tempo real eu passei ali com a moça, nós levantamos da grama e nos direcionamos até os fundos mas algo aconteceu.
- Sempre achei que o guardião da casa era esse lindo cachorro.
- Ele é manso - ela sorriu - Um bom garoto, sempre me faz compan...
   Ela parou de falar e colocou a mão na garganta.
- Dandara?
Segurei o rosto dela.
- Respira. Você tá bem?
    Ela apenas me olhava e tentava falar sem sucesso. Sons sem adicção nenhuma...
- Você não tem muito tempo não é?
Ela sacudiu a cabeça em negativa.
- Vou te libertar, fique aqui.
Mas ela agarrou meu braço. Me olhou e pediu que não. Tomou meu rosto nas mãos e me beijou fervorosamente.
O doce beijo daquela moça se tornou em um gosto amargo e de textura áspera. Seu corpo se transformou novamente em pó que logo o vento carregou de volta ao topo da cabana se materializando em uma chaminé, se camuflando e fazendo parte da casa.
     Enquanto o pó dava forma àquela chaminé eu pude ouvir seu sussurrar: " você nem vai lembrar do nome mesmo..."
Corri então até os fundos atrás da inscrição acima da porta. Pra minha profunda decepção e tristeza a inscrição não estava mais ali. Era tarde. Apenas a marca de onde havia uma placa restava na parede de madeira. Com lágrimas nos olhos percebi que não devia ter deixado pra depois. O depois foi tarde demais.
Nao pude fazer mais nada. Tentei chamar ela de volta. Estalei os dedos... nada.
   Olhei para o além dos eucaliptos secos. Nao sabendo o que de fato havia acontecido eu estava agora desolado, uma tristeza repentina assim como tudo que acabara de acontecer.
   Fiz carinho no simpático cão e deixei o jardim da cabana.
   Tomei a rua.
   Uma última olhada pra chaminé. "Você nem vai lembrar do nome mesmo..."
   O vento de inverno me trouxe de volta ao mundo real. Eram 5 da manhã.
   Desci a rua.

                               Fim.

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⏰ Última atualização: Apr 26, 2020 ⏰

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A maldição de DandaraOnde histórias criam vida. Descubra agora