Então levanto e logo vejo meu corpo estirado no chão, os braços cheios de sangue que escorriam pela minha pele que já estava sem cor alguma, e naquele momento escuto a voz da Michele.
-Mih? - tento gritá-la mas não consigo... olho para o meu corpo ali de novo e escuto ela falar.
- Flora? Amiga, eu queria te pedir desculpas, tudo que eu disse é mentira, eu me importo muito com você, e por isso voltei, meu coração está pesado, por favor amiga, quero resolver tudo, saiba que jamais vou desistir de você, nunca, você é uma pessoa incrível, abre a porta para conversarmos.
Eu ouço o som do latido do pimpom e vejo a maçaneta mexer, ela abre e ao ver meu corpo jogado grita e coloca a mão na boca.
- Flora? Não acredito, amiga por favor reage, não faz isso comigo, diz que vai ficar tudo bem... levanta, Flora. - ela soluça e se ajoalha perto do meu corpo, então pega minha cabeça e coloca entre seu peito. - Amiga, por favor amiga, acorda e diz que era só pra melhorar, por favor, eu te prometo Flora, tudo vai mudar... Eu não vou mais reclamar quando der pum em cima de mim. - eu abro um sorriso. - prometo Flora, eu vou cantar pra você dormir, vou comprar hambúrguer quando você me pedir, eu faço qualquer coisa, mas não faz isso comigo. - ela chora muito e sua maquiagem estava borrada, vejo ela pegando o celular do bolso.
- Igor?........ Igor eu briguei com a Flora mais cedo, mas me senti muito mal, então voltei aqui na casa de vocês e ela cortou os pulsos, Igor........... Não, Igor, agora foi profundo... ela se matou, a Flora tá morta, vem me ajudar por favor.................. não demora.
Ela solta o celular, e continua segurando minha cabeça e fazendo carinho no meu cabelo, e naquele instante, eu olhando aquela cena, percebi que havia perdido minha amiga, ouço o latido do pimpom e olho para trás, ele aparece na porta e começa a latir para meu corpo jogado no chão, ele cheirou minha mão que estava jogada no chão e então fez aquele chorinho, aquilo me partiu...
E depois de alguns instantes Igor entra e fica olhando Michele jogada chorando comigo nos braços, olho para o meu irmão e seu rosto estava vermelho, eu não acreditei que ele estava chorando, logo ele que nem mesmo trocava palavras comigo.
No final me levaram para o hospital, fizeram a limpeza e arrumaram tudo, Michele ligou para a mamãe e para o papai, Igor se trancou no quarto e a Michele que tratou de avisar a todos, em um instante meus pais vieram do Rio de Janeiro, o Jhon disse que iria vir também, e enquanto a Mih tratava de tudo eu entrei no quarto do meu irmão, ele estava jogado na cama chorando...
Eu nunca havia visto ele chorar, nem mesmo quando éramos crianças, ele sempre foi bem fechado, não gostava de contar sobre o que sentia com ninguém. Ele soluçava.
- Por que você fez isso hein sua louca? - ele senta na cama e abaixa a cabeça olhando para o chão...
- Você não ligavam para mim, sempre quis fazer as pazes com você, mas por causa do seu orgulho você deixou de ser meu irmão... - eu falo, mas ele não me escuta.
- Poxa, Flora... Você tinha tanto para viver, tanto... mas preferiu desistir.
- Eu sei...
- Queria ter uma chance para mudar... uma última chance.
Eu o olho e sento do seu lado. Ele continuava chorando, queria poder abraça-lo, mas eu já não podia mais.
Eles passaram a noite em Claro, Michele ficou na minha casa e meus pais chegaram no outro dia, Jhon também foi, e o que mais me chamou atenção foi que o pimpom ficava sempre na porta, toda pessoa que tocava a campainha ou entrava ele sempre estava lá, ele deitou na porta e quando alguém abria a mesma ele levantava mas ao ver que não era eu ele deitava de novo.
Teve o velório, foram várias pessoas, pude ver meus pais que fazia tempo que não os via e vi várias colegas da escola que já também não via... Igor ficou sempre no canto da sala, mamãe e papai estavam lá chorando e claro Michele que estava perto do caixão, ela estava em pânico e dizia sempre a mesma frase a culpa é toda minha eu gritava dizendo que não era, mas era inútil... eu queria voltar.
Ver eles naquele estado foi horrível, poderia ser tudo diferente.
Eu fui no meu enterro e vi eles, vi cada lágrima cair e depois que eles foram para casa, Michele ficou na minha casa, então se sentaram na sala e ficaram em silêncio por algum tempo, até Igor falar...
- Queria poder voltar no tempo, eu iria fazer tudo diferente, minha irmã queria por tudo voltar a falar comigo e eu sou tão desprezível que não dei uma chance, e agora que já não há mais o que fazer...
- Ela me ligou... - minha mãe fala. - ela me ligou pedindo ajuda, mas eu preferi continuar na reunião.
- Ela também me ligou. - Jhon fala.
- Eu nem mesmo atendi. Como sempre eu não dei chance a ela. Eu sinceramente desistir da minha irmã.
-Gente, vamos parar de lamentos... Eu sei que todo mundo aqui errou, eu por exemplo... mas é bom lembrar que a Flora era incrível. Eu fui muito sortuda em ter ela.
- Eu também fui, lembro de quando éramos crianças que eu fiz ela lavar minha louça por um mês por causa que ela tinha quebrado um vaso de flores da mamãe, e que no final eu que tinha quebrado e colado. - eu sorrir naquele momento.
-Lembro quando vocês corriam na rua assustando os filhos dos vizinhos. - meu pai fala.
-Nunca vou esquecer quando ela tinha seus surtos de ciúmes, e quando ela sonhava que eu havia traído ela e me fez pedir desculpa. - todos sorriram.
- A Flora vai fazer falta... vai fazer muita falta. - mamãe fala e todos se calam.
É... eu quis voltar atrás, eu quis dizer que iria ficar tudo bem. Mas eu já havia me matado, eu já havia tirado minha vida, eu achei que iria aliviar aquela dor, mas só me fez ter uma bem maior, a dor da saudade, eu não poderia mais dar abraços apertados, nem escutar minha música preferida, ou cantar no chuveiro e escutar o Igor brigando por causa da água, eu não poderia brincar com o pimpom meu cachorro, não poderia mais montar quebra-cabeças que era meu jogo preferido, não iria pesquisar coisa loucas no google só para passar o tempo,eu não iria dançar só de calcinha na frente do espelho, não iria levar bronca e sorrir, eu não iria mais poder ser eu...
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30 dias.
General FictionImagina só você cometer suicídio e depois percebe que teve uma segunda chance pra viver aquele último mês de uma forma diferente, e por um minuto você pensa que tudo irá ser do mesmo jeito, um engano talvez? Flora Ricante! uma adolescente de 18 an...