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Jungkook corria desesperado em direção ao imenso jardim do palácio real de Busan. Apenas queria ficar sozinho, extravasar todos os sentimentos ruins que sentia em seu coração.
Sentou-se próximo ao lago mais afastado do palácio, um lugar lindo que trazia paz para o ômega.
Sempre ia até ao lago quando queria pensar ou pintar um de seus quadros. Claro que sempre era facilmente achado por seu criado pessoal, um ômega que cuidou de si desde que era muito pequeno, Kim Seokjin.
Não demorou muito, até sentir a presença de seu criado ao seu lado, deitou-se em seu colo enquanto lágrimas grossas saiam de seus olhos sem parar, soluços altos podiam ser ouvidos da garganta do ômega.
- Meu senhor, deve se acalmar. - Seokjin alisava os cabelos sedosos do ômega. - Deve entender que seu pai apenas faz isso para evitar uma guerra e pelo melhor do reino. É o dever.

- E-eu s-sei. - Jungkook tentava falar através dos soluços. - Ma-as sempre pe-pensei que um dia me casaria por amor Jin.

- Meu bem, o amor é uma ilusão.- Jin acarinhava o ômega. - É o que dizem.
- Não é uma ilusão Jin! - Jungkook se levantou, encarando seu criado. - Não é pois eu amo com todo meu coração e todo o meu ser!

- Você sabe muito bem que seu pai jamais permitiria que você se casasse com o Min, minha criança. - Seokjin arrumou uma mecha de cabelo nos olhos do ômega. - Ele é apenas um simples soldado do palácio sem posses nem nome. Já falamos sobre isso.

- Mas eu fugiria com ele! - Jungkook refutou. - Nós iríamos embora e viveríamos nosso amor.

- Criança, você nem mesmo tem coragem de dar bom dia ao Min. Nunca conversaram. Só por que ele te socorreu uma vez quando tropeçou não significa que estão destinados. Isso não é amor de verdade, apenas uma paixonite. - Seokjin tentava segurar o riso para não irritar o pequeno inocente ômega.

- Você não entende. - O ômega fez um bico fofo e cruzou os braços. - Meu pai não permitiria que eu me casasse com um simples soldado mas me entregou de mão beijada a um alfa militar americano!

- Um alfa General, Kook. Além do mais eu soube que ele tem muitas posses na América. Sendo assim além da patente alta ele também é riquíssimo.

- Jin! Como vou viver em outro país? Longe de tudo que conheço! Eu sei que é meu dever para com meu país. Mas é tão angustiante. - O príncipe jogou uma pedrinha no lago, que serpenteou pela superfície até submergir na água.

- Meu príncipe. Sabe que irei contigo e irei ajudá-lo. Além do mais você está preparado. É um príncipe, a vida todo foi ensinado a se portar em qualquer situação. E sabe que nós ômegas não temos escolha a não ser submissão aos alfas.

- Isso é tão triste! Nós ômegas somos pessoas como qualquer outras. Pensamos e sentimos, temos braços e pernas e também um cérebro. Odeio ser um ômega! Odeio ter que me submeter! Odeio mais ainda ser príncipe!

Jungkook se jogou na grama, sujando seu hanbok azul claro, mas nem se importando com isso. Seu destino já estava consolidado, não havia nada o que fazer.
Iria proteger a Coréia, o reino e todas as pessoas que viviam ali. E por hora, isso tinha que ser suficiente.

________

- Como ele está? - O Rei de Busan, Jeon Sunjong, aparentava estar cansado, olheira aprofundas abaixo de seus olhos, e expressão dura como rocha.

- O criado dele disse que ele está melhor. Comeu um pouco hoje. - Junghyun, o filho alfa mais velho do rei, e irmão de Jungkook, servia soju ao pai. - Ele não tem escolha se não aceitar meu pai. É um ômega e um príncipe. Tem que fazer o que lhe mandam.

- Eu não poderia entregar você para ir para a América. Vocês são meus únicos filhos e só você é um alfa e assim perpetua nosso nome. - o rei tomou a bebida num gole só. - Eu gostaria de ter meus filhos juntos de mim. Mas evitar uma guerra é mais importante que isso.

- Jungkook é forte para um ômega, ele se saíra bem. - Junghyun apontou.

- Sua mãe morreria de tristeza caso estivesse viva. Ela jamais me perdoaria por entregar Jungkook. - o rei disse triste.

- Meu pai, é necessário. Estamos evitando uma guerra com os estrangeiros. Além do mais poderemos ver Jungkook de novo daqui uns anos. Eles podem vir nos visitar.

- Bom... Mande informar a Jungkook que hoje teremos um jantar no palácio para que ele conheça o noivo. Em 30 dias o navio que levará os coreanos para a América irá zarpar, é bom que se conheçam o mais rápido possível.

Era muito dolorido para o rei de Busan entregar seu filho para um estrangeiro desconhecido, mas foi a única solução para evitar a eminente guerra.
Os reinos coreanos se reuniram e decidiram manter uma relação amigável com os estrangeiro, casando seus filhos, e também enviando coreanos para uma vida nova na América.
Só esperava que um dia pudesse encontrar de novo o seu caçula e que ele encontrasse um acalento do outro lado do mundo.

TITANICOnde histórias criam vida. Descubra agora