Last Breath

Hayden

- A sério Megan? - minha voz sai incrédula - eu vim parar ao hospital, mais uma vez, e você não vem porque tem um ensaio das líderes de torcida?

- você mesmo está dizendo, mais uma vez, Hayden você praticamente vive em hospitais. Que diferença faz eu estar aí agora ou mais tarde? Você não sairá daí tão cedo.

- o que? Você está se ouvindo? - aperto o botão do elevador varias vezes impaciente - para você tanto faz eu estar na porcaria de um hospital!

- temos jogo amanhã Hayden - e para ela, isso é realmente uma justificação, reviro os olhos - tenho que ir, tenho trabalhados de escola.

- Megan... - ela me corta começando a falar.

- falamos mais tarde Hayden - e desliga, arg.

Meu punho vai contra a parede de metal. Essa é Megan agora, ela já não tem tempo para mim, mal falamos, um "eu te amo Hayden"? Viraram difíceis de se ouvir. Sinceramente, eu não sei o que está acontecendo com ela, mas isso está se tornando insuportável. A nossa relação está uma merda.

Saio do elevador no primeiro piso e sigo o corredor até a cantina, nas mesas tem pessoas conversando alegremente e sorrindo, como se fosse uma alegria estar em um hospital.

Experimentem passar a vida toda nessa merda.

Reviro os olhos. Aproximo- me do balcão parando atrás de uma garota, só tinha um cara atendendo um homem a sua frente, o cara recebe seu pedido e sai. Meus olhos caem sobre a menina, seus cabelos castanhos estavam amarrados em um coque, vestia o uniforme do hospital. Ela ri de algo no celular e continua parada. Reviro os olhos e passo por ela esbarrando em seu ombro.

Parece que hoje todos estão testando minha paciência!

Tiro uma nota de cem dólares do bolso e bato sobre o balcão impaciente esperando pelo cara me atender. Ele tinha que ir fazer que merda fosse agora não é? Como se eu tivesse todo o tempo do mundo.

- o que você pensa que está fazendo? - uma voz irritada fala atrás de mim, me viro lentamente encarando a garota, arqueiro uma sobrancelha perguntando se ela realmente estava falando comigo.

- você está falando comigo? - é claro que ela estava falando comigo, minha voz sai cheia de sarcasmo.

- sim, não sei se você percebeu, mas eu estava aqui antes de você. - se prestasse atenção e parasse de atrasar as pessoas não teria acontecido isso. Levo a mão para minha boca e tusso.

- e então? Nunca ouviu falar de prioridade? - desço meu olhar pelo seu uniforme - Sou apenas um pobre doente - dou de ombros.

A este momento vejo que ela está se controlando para não gritar comigo, sorrio cínico e me viro entregando o dinheiro para o cara e faço meu pedido. Pego a minha sandes e me viro olhando para garota, ela está com os braços cruzados e uma cara fechada.

Bem feito.

Desbloqueio a tela do meu celular mordendo a minha sandes. Oito horas da noite. O horário de visitas já passou, amanhã de manhã Megan não vem, porque tem ensaio, a tarde a porcaria do jogo. Reviro os olhos de novo. Digito rapidamente no celular.

Eu: primeira noite aqui e já estão fodendo com a minha paciência.

Envio para Brandon. Segundo depois ele visualiza e começar a digitar. Mais uma tosse escapa pela minha boca e meu peito dói, paro por um segundo e seguro a parede recuperando o fôlego. Meu celular apita.

Bran: qualquer um fode a tua paciência cara.

Bran: conta aí.

Reviro os olhos começando a digitar.

Eu: mas essa garota é insuportável!

Bran: garota? Gostei.

Brandon é um filho da puta e se tiver mulher envolvido, ele não dá para trás.

Bran: é gata?

Ri-me. Conversei com Brandon durante uma hora. Um cara entra no meu quarto, me lembro dele, foi ele quem me atendeu quando dei entrada.

Ele sorri e conecta o tubo de soro a mim, quase não sinto, de tantas vezes que passei por isso, dezanove anos para ser mais exato.

Ele mede minha pressão arterial e oxigénio, ajeita a cânula no meu nariz. Me mantenho em silêncio durante todo o processo, ele também não diz nada e dou graças aos céus por isso. Não tenho paciência para ficar jogando conversa fora, nem interesse.

Entrega-me os remédios que devia tomar a noite, os levo a boca junto com a água. Ele checa meus sinais vitais e diz para carregar no botão ao lado de minha cama se precisar de algo. Continuo olhando para fora da janela, sem dizer uma palavra, até que ouço a porta bater.

Arranco o tubo de soro de mim e a cânula e me levanto, abro a porta do banheiro e vou até a privada cuspindo todos remédios que havia escondido na boca. Sinto meus pulmões queimarem, começo a tossir me sentando no chão e me encosto na parede.

Sinto minha cabeça girar, encosto minha cabeça sobre meus joelhos. Não sei quanto tempo fiquei no banheiro, muito minutos, horas. Lembro-me de quando fui para cama, me sentia cansado e minha cabeça doía.

Mesmo assim, não fui capaz de dormir, passei horas me virando sobre a cama. Não foi só o meu dia que foi uma merda, foi a minha vida inteira. Parentes de pessoas com fibrose cística querem que eles vivam o máximo possível, mas não percebem o quanto isso é desgastante, lutar por algo que você sabe que é impossível.

A gente não vive, apenas sobrevivemos!

O meu quarto começa a clarear, não dormi a noite toda. Olho para a janela, raios de sol invadem meu quarto. Levanto-me e caminho até a janela.

Por vezes, é mais fácil por um ponto final.

Abro a janela e encaro o chão, quinto andar, estou no quinto andar. Passo uma perna pela janela e a outra ficando sentado na janela.

Você precisar ser forte filho.

Olho para o lado e vejo meu pai, ele parece decepcionado. Mas ele não pode estar decepcionado, porque ele não está aqui. Ele não é real.

- Eu estou cansado de ser forte pai. - Uma lágrima rola pelo meu rosto.

Eu estou aqui para você.

Meu pai da lugar a imagem de minha mãe, uma risada amarga escapa pelos meus lábios.

- qual é Hayden, ela não esteve durante a sua vida, não pode estar na sua morte.

Você não é assim Hayden, você não desiste.

Passo meu braço pelo meu rosto o limpando, minha visão está embaçada.

- sai da minha cabeça Brandon - minha voz está quebrada, eu estou quebrado.

Você não sairá daí tão cedo.

A Megan tem razão, isto não faz sentido, é perda de tempo e dinheiro. Meu pai está atrasando a vida dele.

Fecho os olhos e respiro fundo, sinto meu corpo ficar mais leve e então finalmente impulsiono ele.