Capítulo único

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Aquela situação desagradável estava se estendendo tempo demais entre nós dois e sem necessidade. Não imaginei que ela levaria isso a diante por tantos dias, era algo tão bobo e sem importância. Um mísero detalhe irrelevante e também uma preferência minha, ela simplesmente podia fazer como sempre e aceitar, era mais fácil para nós, evitaria dores de cabeça e brigas. E...

Suspirei pensativo. Esse modo de pensar é exclusivamente meu, só eu penso assim e ela acatou até onde deu.

Está fazendo quase duas semanas em que não podemos conversar sem que tenhamos uma discussão, e, além de nunca termos passado tanto tempo longe um do outro dessa última vez ela decidiu sair. Ela nunca saiu tão irritada quanto hoje, na verdade ela nunca ficou irritada comigo nessas circunstâncias, por literalmente nada.

Mas depois de tantos anos juntos ela não sabe como eu sou!? Não reconhece o meu jeito de pensar!? Minha demonstrações são por meio de atitudes e não de palavras.

Palavras podem ser jogados ao vento e se desfazer, serem esquecidas com o tempo e no fundo podem não valer nada. Será que ela não entende isso?
Nesses quatro longos anos de namoro posso contar nos dedos o que eu já dei...Eu dei algo de importante no... Quando foi que a dei qualquer tipo de presente pra ela!?...Eu nunca dei nada!?

O choque de realidade é inevitável. Eu sou um idiota.

Hinata estava me causando dores de cabeça enormes, porém o único culpado e causador de todo esse transtorno sou eu. Como eu pude passar quatro anos ao lado dela e não ter feito quase nada que demonstrasse sua real importância!? Como eu pude ser tão frio a esse ponto durante nosso namoro!? Ela sempre foi tão boa pra mim. Como não aprendi a retribuir!? Como ela me suportou!? Isso não pode ser real.

Peguei o telefone em meu bolso para verificar as horas sentindo meu estômago embrulhar porque já era tarde da noite e ela havia acabado de sair daqui mais frustrada que quando chegou para conversarmos por insistência minha e que no final não resultou em nada, não resolvemos nada. Só fiz com que nos magoássemos ainda mais.

E toda aquela irritação transformou-se em angústia e preocupação, pois já passava das onze e para ela andar sozinha pela rua era perigoso, com mais o fato de estarmos em Moscou, uma cidade que ela não conhece e acima de tudo se algo acontecer a ela será mais um fardo para por em minhas costas. Por que não fui atrás dela quando saiu? Porque não tentei evitar que saísse sem direção? Porque não fiz a coisa certa?

Eu achei que só o idiota do Naruto pudesse ser tão idiota em um relacionamento, mas vejo que nossa convivência juntos resultou em algumas conclusões. Hábitos ruins podem te influenciar e em específico, ser idiota, foi a "qualidade" adquirida por mim. Belo amigo eu tive, um grande imprestável.

O telefone tocava insistentemente enquanto eu caminhava apreensivo de um lado para o outro naquela sala que se tornava pequena a cada passo dado. Ajeitei o cabelo que teimava em cair sobre meus olhos parando em frente à porta que dava ao corredor dos apartamentos pensando no que fazer ao escutar aquela voz eletrônica irritante que extinguia com todas as minhas esperanças de que Hinata atenderia minha ligação.

Joguei o celular em um canto qualquer ouvindo logo o aparelho se chocar fortemente com dureza na parede seguido dos pedaços metálicos estilhaçados pelo carpete branco. Peguei as chaves do carro em cima do hack e sai pela porta sem me preocupar em fecha-la. Somente em descontar meu ódio nela, talvez causar um estrondo que poderia ser escutado no térreo, já era o suficiente.

Com todos os sentimentos possíveis e mais prováveis que eu poderia sentir no momento a que prevaleceu foi a amargura da qual não sabia definir se era de mim ou era dela, mesmo sem direito algum de reclamar da minha namorada.

My princessOnde histórias criam vida. Descubra agora