Como eu poderia começar isso? Bem, podem me chamar de Ice Age. Acho uma boa ideia explicar como vim parar aqui, em baixo da cidade natal de minha prima e com mais seis garotos, tão estranhos quanto eu.
° ° °
Uma manhã comum de sábado, onde minha mãe preparava panquecas para o café da manhã e meu pai assistia TV esperando que tudo ficasse pronto. Sendo final de semana eu deveria ter acordado depois das doze, mas não foi assim que meu corpo quis.
Era um dia frio, muito frio. Na verdade eu só sabia dessa informação porquê meus pais usavam casacos muito grossos, além de luvas. Desde pequeno o frio nunca me afetou, minha pele estava sempre em uma temperatura muito baixa, nenhum médico soube explicar o que significava, então, temperaturas abaixo de zero nunca foram um problema.
Eu passei pela sala, não fiz nenhum ruído. Estranhamente, pela manhã, meu pai era bastante irritante, quis evitar estresse. Mas eu mal podia crer no que estava por vir.
Nós tínhamos um cachorro, Lylo, um poodle muito amigável. Eu quem pegara ele na rua depois de vê-lo magro e fraco. Talvez esse fosse o motivo pelo qual meu pai o odiava. Eu nunca vira minha mãe fazer algo de mal á ele, mas naquela manhã...
-- Ei, o que pensa que está fazendo?! -- gritei após segundos tentando assimilar o fato de que ela estava o segurando com força e queimando seus pelos com algo que não pude reconhecer
-- Fique fora disso, filho.
-- Não! -- me aproximei, ela apontou o objeto para mim. Havia algo em seus olhos, não estavam castanhos, como de costume, brilhavam em um vermelho amedrontador. Algo dentro de mim gritava, aquela não era minha mãe -- Por que...por que quer machucar ele?
-- Não gosto desse cachorro idiota. Só me traz problemas. -- eu tentei não focar em Lylo, me doía vê-lo daquela forma, mas eu vi algo, sangue... ela também havia o cortado de alguma forma, minha raiva apenas subia e meu corpo, estranhamente, ficava cada vez mais frio
-- Solte ele!
-- Quem pensa que é para mandar em mim?
-- Solte...agora. -- por um instante fechei os olhos, tentei me acalmar. Mas de uma hora pra outra, minha temperatura desceu mais do que o normal, minhas mãos tremiam. Decidi abrir os olhos, o que vi foi aterrorizante
Ao lado de minha mãe estava uma parede enorme de gelo, ela se estendia até parar perto do teto. Lylo havia corrido, imagino que minha mãe havia o soltado com o susto. Não consegui assimilar de onde viera o gelo, até perceber que minhas mãos estavam congelando, literalmente. O gelo delas derreteu-se em segundos.
Me dei conta, se eu acertasse minha mãe ela...morreria. Eu era um monstro, minha cabeça latejava. Ouvi gritos, eram do meu pai. Em instantes, ele me obrigou a colocar um casaco, o meu favorito, preto e simples. Me jogou uma mochila e me empurrou até fora de casa. Tudo que vi antes da porta ser fechada, foi o rosto de uma mulher, ela chorava, gritava e tentava tirar o marido de sua frente. Mesmo estando longe de tudo agora, sempre me lembrarei de seus olhos. Eram castanhos, lindos. Não sabia quem era a mulher da cozinha, mas tinha plena consciência, aquela que lutou para me manter dentro de casa era minha mãe.
• • •
As ruas estavam vazias. Parecia que todos tinham noção do quão perigoso eu era. Sentia-me como dentro de um bloco de gelo. Intocável. Frágil. Frio. Uma ideia me passou pela cabeça.
The dreamies
Meus maiores modelos. Eram jovens, que á mais de dois anos ninguém tinha notícias. Nunca souberam a origem do que os tornava diferentes. Nunca souberam seus verdadeiros nomes. Mas eles existiram, disso todos sabiam.
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The Powers&The way
RandomOs Sonhadores, um grupo de garotos que a mais de dois anos se esconde no subterrâneo de Ilsan por serem aberrações, monstros. Prometeram nunca mais usarem seus poderes depois de um grande erro. Só não esperavam receber mais um integrante e, com ele...