en.gra.ça.do
adj; que diverte, que provoca riso, divertido.
Foi estranho, meio engraçado.
Na última semana, em que Sasuke e Hinata estavam focando em fazer o trabalho de biologia, uma revolussão, como Hinata provavelmente teria escrito em seu caderno, pois ela tinha um problema com a cedilha, estava acontecendo dentro do peito do Uchiha; na mente dele, então...
Sabe aqueles filmes bregas em que o casal começa a se apaixonar e uma música antiga, geralmente só no violão e gogó, começa a tocar? Aí eles vão na praia e brincam que nem idiotas nas ondas, pulando e jogando água um no outro. Bem, era meio assim que Sasuke estava se sentindo.
É claro que não havia a música - não oficialmente, mas ele às vezes se pegava cantarolando um ritmo único, de um som antigo que tinha escutado, quando estava sozinho. Não havia o mar também, porque, olha só, Konoha não tinha praia nenhuma. Por que raios Sasuke tinha escolhido, então, essa bendita cena específica de filme romântico que os amigos de Itachi nunca - nunca! - poderiam saber que o badboy da faculdade assistia?
Por que havia uma coisa especial nessas cenas: sempre, sempre, não importa se o filme era praiano ou se as ondas fossem uma total surpresa, havia uma troca de olhares e sorrisos sinceros. Talvez os sorrisos de Hinata não fossem assim tão sinceros, ele não poderia dizer, mas os dele eram, com certeza. Talvez o olhar dela fosse por pura coincidência, mas ele estava corando, timidamente, só de descer as íris pelo narizinho vermelhinho, como uma cereja, e para os lábios levemente úmidos de manteiga de cacau, vermelhos como um moranguete, e então os cantos sorridentes, acabando nas bochechas como maçãs maduras.
Ela o deixava com sede. Com vontade de entrar num balde d'água gelado, ou de virá-lo sobre a própria cabeça. Ela o deixava assustadoramente constrangido - mas, nossa, como ele estava gostando dessa sensação.
Como estava gostando de folhear o caderno dela para trás, e o das outras matérias também, quando ela estava concentrada tentando ler um trecho no notebook dele - e aí ele não fazia um piu sequer, e a deixava ler no tempo dela, sem questionar a demora - que, sem Hinata saber, Sasuke já tinha aumentado a letra. Então ele aproveitava para ver os desenhos da aula de geografia, os gráficos sobre população brilhantemente decorados com estrelas e espirais coloridos, os da aula de história, e aqui Sasuke tinha ficado particularmente encantado com os traços de uma expressão de tristeza num guerrilheiro, até mesmo as páginas da parte de matemática eram coloridas! Hinata tinha feito carinhas felizes nos números, olha só, a bhaskara parecia até simpática.
Às vezes Hinata lia o texto e, logo em seguida, parecia ter dificuldade para lembrar de um dado ou uma palavra - mesmo nisso, céus, Sasuke gostava de ajudá-la e lembrá-la, ou dizê-la, pacientemente, que poderia ler de novo; que ele esperaria.
O que ele mais tinha gostado, para ser totalmente sincero consigo mesmo, foi as duas vezes que Hinata tinha ido até sua casa - nas outras eles ficaram na biblioteca, mesmo - e o perfume docinho dela ficou impregnado em seu lençol. Foi engraçado. Depois que ela foi embora - insistindo muito para ir sozinha -, ele tomou um banho e deitou para mexer no celular; foi só se mexer um pouco, no entanto, e o aroma estava brincando em seu nariz. Assustadoramente constrangedor - assustadoramente bom demais.
Sasuke não era bobo. Ele só tinha 15 anos, mas sabia o que todas aquelas coisas significavam.
Ele estava se apaix...
Hm.
Vamos tentar de novo.
Apaixo-
Se apaixo!
Paixa?
Certo, Sasuke, isso não vai dar certo se você não me deixar terminar as frases...!
O Uchiha mexeu a cabeça, deixando de pensar nessas coisas, pois Hinata estava do seu lado, estreitando os olhos para o mural-menu da cafeteria. Ele vinha aqui sempre que tinha oportunidade e nunca, mesmo, tinha reparado que era tudo escrito por alguém numa lousa, em letra cursiva.
Ele tossiu.
- Hmm... Eu deveria pedir um capuccino? Um latte? Talvez mocha... ou green tea... - Sasuke foi dizendo, lendo em voz alta.
Hinata se virou para ele, surpresa.
- Você...
- Estou escolhendo - foi o que respondeu, embora não fosse verdade. Ele sempre pedia capuccino, não precisava ficar lendo o menu. Estava fazendo isso para que ela ouvisse.
Sasuke fingiu não ver o sorriso que a Hyuuga tinha dado agora, fingiu que isso não fez seu coração acelerar um pouquinho só.
- Eu... Eu quero o que você quiser - Hinata disse, constrangida. - Desculpe, eu não venho muito em cafeterias.
- Não precisa se desculpar, Hinata.
Ela concordou timidamente e o esperou fazer o pedido. Parecia estar pensando em alguma coisa. Quando Sasuke pagou, pois tinha sido ele a convidar, e se virou de novo para ela, encontrou a garota mexendo com os próprios dedos, olhando para baixo.
- Sasuke, tem uma coisa... Tem algo que eu queria te contar.
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Manuscrido
FanfictionAquela garota pequena e encolhida na sala de aula era algo que ele nunca tinha notado. Até ser obrigado a fazer um trabalho com ela, Sasuke Uchiha pensava que Hinata Hyuuga era simplesmente sonhadora e tímida - e isso combinava bem com os olhos de n...