Isto aqui o que é?

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Como todas as vezes após o nosso encontro noturno eu reúno o resto de força que me resta e coloco minha máscara para então seguir meu caminho acompanhado por meu amigo até o elevador. Diferente das outras vezes sinto seu olhar sobre mim e quando entro no elevador nossos olhares se cruzam por poucos segundos até que as portas se fecharem.
"Como você está?" Ouço Jisung perguntar assim que ficamos a sós.
"Como sempre." Respondo mantendo meu olhar fixo na porta a minha frente.
Quando as portas se abrem caminho até nossa sala conversando com Han normalmente e ao adentrarmos a sala somos recepcionados por Hyunjin que tem um sorriso em seus lábios. Então o moreno começa a falar e a nós contar como tinha sido seu final de semana. E mesmo ainda me sentindo um lixo aos poucos vou esquecendo o que aconteceu devido as histórias estranhas contadas pelo outro. Assim que Hwang termina sua história nós três começamos a trabalhar e com os deveres do dia consigo me distrair dos sentimentos negativos que se mantém sobre mim e aos poucos vou esquecendo que sou apenas uma diversão para meu amor platônico.
Faltava apenas uma hora para o almoço quando a secretária do "Sr. Bang" veio até a sala e me avisou que o mesmo queria me ver então me levantei e segui a mesma até o último andar. Quando chegamos mandou-me entrar na sala que Christopher estava me aguardando.
"Com licença Sr. Bang mandou me chamar?" Questionei ao adentrar o ambiente e assim como ele sua sala era extremamente elegante. Seu perfume impregnado no local me deixava inebriado.
"Sabe que prefiro quando me chama de Chris." Responde se levantando de sua cadeira e vindo até mim. Quando encontrei com ele mais cedo não havia reparado mas ele estava terno preto que ao além de o deixar elegante o deixava sexy até demais e isso era perigoso para mim.
De repente todo o sentimento que tentei manter guardado desde que encontrei a cama vazia esta manhã começou a percorrer por minha mente me fazendo lembrar da sensação de suas mãos sobre mim e faz minha pele arrepiar mas também lembro de acordar sem ele ao meu lado e doía tanto que eu não era capaz de explicar.
"Estamos em um ambiente profissional então não acho que deva me referir ao senhor de outra forma." Mesmo estando um pouco disperso devido a sua proximidade minha voz foi capaz de sair firme graças aos céus.
"Entendo!" Foi o que disse antes de se afastar.
Enquanto esperava suas ordens o vi pegar sua maleta e jogar algumas coisas dentro dela e pegar as chaves do carro antes de vir até mim então sua mão envolveu meu punho e saiu me puxando porta a fora em direção a mesa da secretária que eu não fazia questão de decorar o nome.
"Senhorita Park, desmarque todos os meus compromissos para hoje e avise ao supervisor do senhor Lee que o mesmo passará o dia fora em um trabalho comigo." Foi apenas isso que ele disse antes de continuar seu trajeto enquanto me arrastava junto.
Eu não sabia o que fazer ou o que falar então decidi manter-me quieto enquanto descíamos até a garagem. Ao chegarmos fui novamente arrastado até o carro do mais velho que abriu a porta para que eu entrasse. Acatei sua ordem silenciosa e enquanto eu colocava o cinto ele entrou no carro e fez o mesmo antes de ligar o veículo e seguir o caminho planejado por ele.
Depois de alguns minutos de um silêncio incomodo me rendi a curiosidade e perguntei:
"Para onde vamos?"
"O que aconteceu com aquela formalidade toda?" Questionou com um sorriso enquanto seus olhos se mantinham na rua.
"Como eu disse antes no trabalho não devo me referir a você de outra forma" Dei os ombros. Eu estava desconfortável por fugir do trabalho assim, mas eu conheço o Christopher a tempo o suficiente para saber que ele jamais aceitaria um não além de saber que eu jamais negaria um pedido dele mesmo que isso custasse a minha vida.
Por mais que minha mente gritasse que eu estava assinando meu atestado de óbito cá estava eu dentro do carro dele sendo levado para um lugar que não faço ideia só por que essa droga de coração acha que teremos alguma chance. Que merda por que eu me deixo me levar tão fácil!?
"Não faça essa cara até parece que eu estou te sequestrando"
Fui tirado do meu debate interno com essa frase e foi então que eu parei para observar as coisas o meu redor e notar que não estávamos mais na cidade e sim em uma estrada vazia indo para algum lugar que meu "acompanhante" não fez questão alguma de me dizer.
Mesmo sabendo que seria ignorado decido dizer:
"Será que você pode me dizer para onde estamos indo e por que decidiu me sequestrar durante o meu expediente? Para você pode não haver problemas em sair a hora que deseja, mas pra mim tem." 
"Você não terá problema algum até por que quem te tirou do seu trabalho fui eu e acho que seu supervisor não terá problema algum com isso" Engraçado que ele ache que ao dizer essas palavras e afagar minha cabeça irá me acalmar.
E eu me sinto a pessoa mais idiota do mundo ao notar como isso funciona.
Como é possível que a pessoa que mais me faça sofrer seja a mesma que consegue me acalmar? Eu sou tão ridículo! Como posso permitir que ele acabe comigo assim? Por que eu abandono tudo que eu tenho toda vez que ele me chama? Sou algum tipo cão por acaso!? É isso mesmo eu sou o cãozinho dele e assim que ele me chama eu abandono tudo para estar junto a ele.
Que decadência Lee Félix
“Nós iremos demorar um pouco para chegar se você quiser pode deitar no ali atrás e descansar.”
Eu já devia imaginar que ele não responderia então fiz o que ele disse e deitei no banco traseiro. Ali tinha um casaco do Chris que usei como travesseiro e diferente do que eu pensava foi fácil pegar no sono.
Não faço ideia de quanto tempo dormi mas imagino que tenha sido um bom tempo pois fui acordado pelo sol forte batendo contra meu rosto e o cheiro de praia. Até pode ser estranho dizer isso mas é aquela combinação estranhamente gostosa do cheiro do mar com a areia molhada.
Ao olhar para fora pude ver o imenso mar a nossa frente.
“Gostou?” O ouço perguntar assim que o carro é estacionado.
“Por que estamos aqui?” Foi a única coisa que consegui dizer. A vista era incrível principalmente pelo fato da praia estar quase que deserta.
“Vem vamos comer algo.” Novamente minha pergunta foi ignorada. E de novo lá estava eu seguindo o maior até o restaurante.
Enquanto outro se encarregava de fazer nosso pedido eu comecei a observar o lugar onde me encontrava. Era um restaurante simples mas que tinha um cheiro delicioso e foi neste momento que que meu estômago decidiu mostrar sua chateação por não ter sido alimentado. O ronco foi alto o suficiente para que o homem a minha frente e o garçom que anotava nosso pedido conseguissem ouvir.
“Desculpe” Murmurei baixinho após ouvir os risos. Senti meu rosto arder ainda mais de vergonha enquanto me encolhia ainda mais na cadeira.
Eu só queria que um buraco se abrisse abaixo de mim e me levasse pra qualquer outro lugar.
“Com licença!” Foi a última coisa que o garçom disse antes de se afastar da mesa.
Sinto os olhos do loiro sobre mim mas a vergonha me impede de olha-lo de volta. Então a tentar entender o que está acontecendo e por mais que eu tente não consigo. Tudo isso parece um sonho e a cada segundo sinto que a qualquer momento o meu celular irá despertar e me acordar deste paraíso.
“Hey! Não precisa ficar assim.” E de novo sou tirado dos meus pensamentos por seu carinho em minha cabeça.
Fecho meus olhos para aproveitar mais da carícia que o outro me proporciona. Alguns minutos depois o garçom retorna com nosso pedido. Almoçamos em total silêncio mas diferente do que eu imaginava era um silêncio agradável.
Assim que terminamos de almoçar Chan pagou a conta e saímos do local.
“O que estamos fazendo aqui?” Perguntei assim que estávamos sozinhos novamente.
“Que tal darmos um passeio?” Respondeu-me novamente com uma pergunta e isto já estava me irritando.
“Mas que droga será que você pode parar com essa palhaçada e ser direto comigo? Você nunca foi de rodeios o que aconteceu pra começar agora?”
Não consegui aguentar se eu continuar agindo como se nada estivesse acontecendo iria me enganar como em todas as vezes que nós encontramos e sinto que desta vez será fatal. O vejo respirar fundo antes de me olhar e diferente das outras vezes era um olhar sério. Um arrepio se espalhou por meu corpo nunca em toda a vida o vi direcionar um olhar assim pra mim.
“Vem vamos conversar em outro lugar.” Foi tudo o que disse antes de estender a mão em minha direção e desta vez não foi para agarrar meu braço e me puxar mas em um convite para que eu o acompanhasse.

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