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Duas semanas depois.

Acordei mais uma vez cedo e esperei minha mãe aparecer e abrir a porta para eu começar as tarefas de casa, me sentei na cama já pronta só esperando, já havia se passado duas semanas que eu fui ver as estrelas e nunca mais pude ir, pois minha mãe sentiu falta das chaves e a achou no meu quarto e por isso levei 50 chipatadas de chicote, mesmo eu dizendo que não fugi para canto nenhum eles não acreditaram e por isso apanhei mais que das outras vezes, ainda sinto minhas costas em alguns pontos em carne viva, e dói muito quando o tecido encosta nelas, mais como mamãe disse é pra eu aprender a não tentar sair de novo...
Hoje estou ansiosa, pois é o aniversário de casamento dos meus pais, ouvi dizer que vão jantar fora mais não sei se irei também, mais ficaria muito feliz se fosse, pelo menos dessa vez.
Logo a porta se abriu mostrando uma mulher linda e elegante e me puxou pelo braço até a cozinha.

- Quero que limpe tudo e deixe tudo um brinco, pois a noite viram convidados especiais - disse me fazendo estancar no meio da cozinha, será que eu seria convidada? Minha mãe vendo que eu parei me olhou e revirou os olhos - E não... Lucy... você não será convidada irá para seu quarto as 17hs já sabe disso. - abaixe os olhos para meus pés descalços e assenti, sentindo um gosto amargo na boca. - Agora deixe de drama e arrume tudo, certo?! Eu irei ao salão agora, mais seu pai está lá em cima se precisar de algo peça a ele, intendeu? - assenti com a cabeça sem olha-la novamente. Logo ouvi seus passos se afastando e a porta da frente batendo com força, olhei para a cozinha e estava uma zona, comecei a ajeitar a louça, depois o chão, logo já estava terminando o almoço e com tudo pronto na cozinha fui arrumar o resto da casa, varrer, limpar, passar o pano, e ajeitar tudo que estivesse fora do lugar ou sujo. Meus pais eram muito bagunceiros mais gostavam de tudo arrumado e todo luxo e conforto possíveis, já eu tinha no máximo três peças de roupas na minha combuda no porão, e todas eram tipo batas, uma cinza e duas brancas com uma fita preta na cintura, mais eu não tinha o que reclamar pois tinha um teto, roupas, uma cama, e duas refeições por dia, não poderia reclamar, se não seria castigada novamente... estava quase terminando de limpar toda a sala quando a campainha tocou e meu corpo congelou, eu não sabia o que fazer, minha mãe não estava e meu pai pareceu não ouvir a campainha, então ela tocou mais uma vez e outra e outra, e nada do (Sr. Leonardo)meu pai descer, então me aproximei da porta e abri bem devagar revelando duas pessoas já se virando para irem embora. Um eu reconheci o homem/garoto me olhou um pouco espantado, talvez fosse a minha feiura que o deixe desse jeito, minha mãe sempre diz que não devo sair pois sou muito feia e as pessoas podem se assustar, e pelo jeito ela tem razão, abaixo a cabeça olhando meus pés até que reparo ter outra pessoa a porta, é uma mulher muito bela de cabelos ruivos e olhos verdes, ela parece até um anjo...

- Oi... - diz uma voz me acordando pra realidade, e olho para o homem/garoto que falou. - Lembra-se de mim? - perguntou e eu confirmei com a cabeça.

- Eu resolvi vim aqui da os parabéns para o Sr. e a Sra. Dolivan pelos 20 anos de casamento, trouxe até uma torta para oferecer-los, eles estão? - diz a mulher belíssima me encarando, eu tento falar algo mais antes que diga uma palavra escuto a voz do meu pai atrás de mim, e meu corpo se treme por inteiro de pavor.

- Porque você abriu a porta Lucy? - pergunta Sr. Leonardo com a voz grossa que ele só usa quando vai me castigar. Me viro lentamente ainda com a porta um pouco aberta.

- De..des..cul.pe pa..pai, o Senhor está..ta..va dormindo.. então.. - antes que eu terminasse meu pai me pegou pelos cabelos e me jogou no chão da sala seu olhar era de fúria. Então ele se voltou pra porta e percebeu que tinha duas pessoas o olhando horrorizadas, ele tentou recuperar a calma e se dirigir até a porta.

- Pois não... é.. no que posso ajudá-los? - perguntou como se nada tivesse acontecido.

- Como assim no que posso ajudá-los... Você acabou de agredir aquela garota na nossa frente e vem perguntar como se não tivéssemos visto nada. - disse a mulher ruiva com a voz extremamente irritada.

- Com certeza não é da sua conta Senhorita Lancaster... E a garota é minha filha você não tem nada haver com isso, então se não se incomoda eu preciso resolver um assunto sério, com licença. - disse e bateu a porta na cara dos dois lá fora, e veio pra cima de mim, com muita fúria.

- Pai... por favor... eu não queria... eu chamei o Senhor, mais o Senhor não veio e eles passaram muito tempo apertando a campainha... Me desculpa... - eu falava já com lágrimas transbordando pelo rosto, não poderia apanhar de novo, ainda estava em carne viva minhas costas. Ele me segurou e levantou pelo cabelo, e eu dei um grito alto pela dor, e recebi um soco no queixo me fazendo ir ao chão desnorteada. - Pa.. pai por favor... não vai se repetir... - senti outro soco agora no estômago.

- Não vai mesmo... pois logo logo eu e Suzana vamos nos livrar de você... já achamos um bom comprador... - disse e deu um sorriso perverso.

- Co..mo assim? Comprador? - perguntei meio perdida e levei três chutes, um nas pernas e dois nas costelas, me fazendo gritar de dor.

- Não se preocupe venderei você hoje, sua imunda. - disse e se abaixou e começou a me arrastar pelo cabelo, como se eu fosse um saco de lixo, e me levou de volta ao porão e me jogou lá. - Você nunca devia ter saído daquela mulherzinha estúpida... e nunca devíamos ter deixado sair desse porão imundo, que onde é o seu lugar. - disse e bateu a porta, e me trancou lá mais uma vez.

Ouvi quando alguém entrou em casa e logo começou uma discussão enorme entre meus pais, depois de quase meia hora fez um silêncio e ouvi a chave fazer um barulho na porta do porão e minha mãe entrar possessa, vi ela vim até mim com o chicote preto que estou tão acostumada a vez, em mãos, e um calafrio me passou na espinha e logo ela começou a bater em mim com força em todos os lugares possíveis, sem se importar com meu rosto ou qualquer outra coisa, fiquei encolhida no canto do quarto enquanto ela me batia repetidas vezes, e já ardia tudo, meu vestido(bata), já estava todo rasgado e ensanguentado, ela me bateu por horas e eu só chorava baixinho, esperando aquilo acabar mais uma vez.


1.185 palavras.

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