Parte 2

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        Já alguns andares acima, andava nas escuras ruas da periferia, um andar pobre formado pelos operários das minas e das caldeiras que mantinham a cidade viva e aquecida, fitou vários homens sentados na frente de um bar, bebendo e conversando sobre suas vidas, desviou dos mesmos e entrou em um beco, queria cortar caminho para as outras escadas e continuar subindo andares até o comércio, onde perguntaria sobre o colar e sobre o estranho caçador, o barulho dos jatos de vapor quente e engrenagens banhavam o beco escuro, caminhava com passos lentos e ritmados, pensava no colar e no homem, o que esse caçador queria com aquilo? Porque não ele não levou munição? ele queria o colar? Ou queria outra coisa...? talvez suicídio... Seu pensamento e sua caminhada foram interrompidos por uma voz infantil:

— Moço... Você é um caçador? A frágil voz vinha de uma janela escura que se iluminou com uma lâmpada amarela, deixando visível a menina com um laço azul em seu longo cabelo loiro apoiada no parapeito da janela.

— Sou. Disse o homem desconfiado enquanto observava a situação em que estava, tem barras grossas de ferro nessa janela, não tem como ela sair de lá... se esse for o objetivo dela.

— Que legal! Meu pai também é um caçador, ele mata essas feras gigantes e feias, você também faz isso, não faz? A menina disse abrindo um sorriso alegre para ele.

— Sim... De qual divisão é o seu pai? Ainda desconfiado, perguntou a menina.

— Dois! Ele não é de uma divisão muito alta... Ele disse que queria proteger eu e mamãe então ele virou um caçador, cara é tão legal ver ele com aquelas armas dele, POW, POW!!! quem dera eu vire uma caçadora também. Terminou a menina admirando as armas do homem.

— Seu pai está em casa ou está caçando? Disse ele.

— Ah... Meu pai... Bom eu não sei... – A menina entristeceu mas continuou dizendo. – Ele saiu pra caçar a um tempo, mas ainda não voltou... Terminou colocando a mão nos olhos.

— Hmm, a nossa jornada de caçada é longa, principalmente para os principiantes, mas tenho certeza que daqui a pouco ele chega, e sua mãe onde ela tá? Disse o homem tentando confortá-la.

— Mamãe foi procurar o papai, ela saiu há alguns dias, mas ela ainda não voltou... você é legal, você poderia procurar ela pra mim por favor? Eu tô com muita saudade dela e do papai fala pra eles voltarem logo. Implorou ao homem.

— Claro, que posso procurá-la, estou indo ao mercado e depois vou voltar ao quartel, acho que encontro ela no caminho, me diga como ela se parece? Completou ele esperançoso em ajudar a garota.

A garota pensou por alguns momentos e disse ao homem:

— AH! minha mãe, ela tem um colarzão vermelho beemmmm bonito, ela nunca tira ele, acho que nunca vai tirar, o papai deu pra ela de presente no casamento deles, depois disso ela só tira pra dormir. — Então a garota desceu da janela correndo pelo quarto, se abaixou e pegou algo em baixo de sua cama – E toma entrega isso pra ela, eu queria devolver porque eu peguei escondido da escrivaninha dela e não queria que ela ficasse brava comigo, a caixinha toca a música favorita dela e do papai.

        Então ela colocou no parapeito da janela uma caixinha de música, ele observou a pequena caixa de madeira e sem deixar a criança ver, olhou por alguns segundos o colar que estava em seu bolso. Tornou o olhar para a criança, pegou sua pequena mão pelas barras da janela e disse:

— Eu prometo que eu vou achar sua mamãe, e vou dizer pra ela que você pede desculpas por ter pegado a caixinha de música dela, e vou leva-lá no quartel pra ela ficar seu pai e dizer para que ela e ele voltem juntos para casa. Terminou abrindo um sorriso e pegando a caixa de música.

— Obrigada moço! A criança não se conteve de alegria abrindo um largo sorriso, se despedindo do homem, que guardou a caixinha de música no sobretudo e partiu novamente.

O grande colar vermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora