Capítulo 1

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Tempo atual

Sina vasculhou os olhos dele em busca de alguma pista de ironia. Ele não podia estar falando sério, não o Josh. Josh nunca levava nada a sério. Levantou rapidamente a mão para sentir a testa dele e estremeceu por dentro. O motivo por que Deus tinha abençoado um homem tão arrogante com um rosto de galã de cinema era algo muito além de sua compreensão.

Mas lá estava ele, um adônis comum, encarando-a como se os olhos dele não deixassem as mulheres mortais desconfortáveis.

— Você está bêbado? — ela sussurrou, inclinando-se mais para perto, o tempo todo amaldiçoando a cara loção pós-barba que exalava dele.

Josh deu um tapa na mão dela para afastá-la.

— Não, não estou bêbado. Caramba, Sina, você está agindo como se eu estivesse te pedindo para fazer sexo ou alguma coisa assim.

— Esse é o seu exemplo? Sexo? Sério? Porque, pra ser sincera, Josh, isso é muito pior! — As mãos tremiam enquanto ela tentava voltar a respirar normalmente. Nesse ritmo, ela teria um ataque de pânico completo.

— Como pode ser pior? — A voz dele aumentou algumas oitavas enquanto outros clientes da cafeteria olhavam na direção dos dois.

Sina se recostou na cadeira de couro e gemeu.

— Estou falando muito sério, Sina. É o único jeito de convencer as pessoas. — Josh se inclinou para a frente, os ante braços musculosos e bronzeados flexionando-se sob as mangas enroladas enquanto ele descansava as mãos sobre a mesa.

— Você tem noção que seus pais me conhecem desde que eu tinha três anos? Além do mais, tenho certeza que sua mãe perceberia tudo. E nem me fale daquela avó de vocês.

O rosto de pedra de Josh se quebrou num sorriso.

— Não ria! Estou falando sério, Josh! A mulher deve ter trabalhado no FBI.

— São os olhos dela. — Josh deu de ombros. — Eles sempre me pegam. — Deu de ombros de novo. — Mas você está fugindo do assunto, Sina. Estou desesperado.

— Ah, uau. Bem, já que você está falando desse jeito, como eu poderia recusar? Você está desesperado! Que romântico. Só que não. Não tenho ideia de como você se tornou o solteirão mais cobiçado da cidade, e aos 21 anos, que impressionante! — Ela sacudiu a cabeça sem acreditar.

— Sério que você não sabe? — Ele se inclinou para a frente, os bíceps enrijecendo sob a camisa social cinza, pronta para explodir a qualquer momento. O rosto bem barbeado tinha um toque de barba de fim da tarde, e o cabelo loiro caía sobre a testa. Os olhos azuis a encaravam, e ela não conseguiu encontrar forças para desviar o olhar dos lábios de Josh enquanto ele passava a língua neles.

Droga. Ela estava suando de verdade só de olhar para o cara. Não ajudava muito o fato de que esta era a primeira vez que ouvia falar dele desde o incidente. Não que este fosse o momento de tocar no assunto.

— Ótimo. — Sina mandou o coração parar de bater tão rápido e fechou os olhos de novo. — Josh, isso nunca vai funcionar. Por que não pede a uma das suas amigas strippers para fazer isso pra você? — E, por favor, pelo amor de Deus, me deixa em paz. Memórias demais a encaravam através dos olhos dele, e ela não tinha certeza se conseguiria digerir tudo. Não depois de saber que o restaurante que era de propriedade de seus pais tinha acabado de abrir duas novas filiais, uma delas em Seattle. A ferida parecia ter aberto novamente. Deu de ombros e deixou Josh continuar a defender seu caso.

— Hum, talvez porque elas sejam strippers? — Josh levantou as mãos e sacudiu a cabeça. — Você quer que a minha avó morra? Porque eu garanto: isso só vai provocar outro derrame.

Sina fez uma pausa.

— Outro derrame? Quer dizer que ela já teve alguns? — Foi por isso que a vovó Nadine não me escreveu no último mês?

Josh estremeceu.

— Sim, está piorando. — Passou a mão pelo cabelo abundante. — Você vai me ajudar ou não? Eu te pago...

— Você me paga? — bufou Sina. — Do mesmo jeito que paga suas strippers? Por que eu sinto que não vou conseguir nada dessa história?

Josh deu um riso forçado.

— Uau, eu detesto pegar pesado, mas você me deve.

— Eu te devo? — repetiu Sina. — Ah, por favor, me diz como eu devo ao grande Josh Urrea um favor. Estou morrendo de curiosidade, sério. — Ela ergueu as sobrancelhas e batucou com a unha pintada na xícara de café frio.

— Ótimo. — Ele se recostou e cruzou os braços sobre o peito. — Quinto ano, você queria um cachorro. Seus pais disseram não. Então, eu, sendo o ótimo amigo que sou, fui à loja e comprei um pra você.

— Isso não conta — argumentou Sina. — Você deu seu nome a ele.

— Ele tinha pelo branco — comentou Josh. — Além do mais, você dormia com ele toda noite. — Seu sorriso era sem-vergonha, e Sina quis dar um soco nele.

A garota abriu a boca para dizer isso, mas foi interrompida.

— Oitavo ano...

— Ai, Deus.

— Oitavo ano — repetiu ele com uma piscadela. — Você estava a fim do Marcel Schander. Eu, como sou um bom amigo, disse a ele que você dava o melhor beijo de toda a escola. Vocês dois namoraram por um ano antes de você dar o fora nele para curtir pastos mais verdes.

— Ah, então é assim que você se refere a si mesmo agora. Pastos mais verdes. — Sina sorriu com arrogância.

— É, bem, é verdade.

— Não basta. — Sina suspirou. Josh estava tão perto que ela sentia o cheiro do seu shampoo. Uma mistura masculina aromática de menta e canela que provocava seus sentidos com visões de um homem que ela nunca mais teria. Nunca teve, pra início de conversa.

— Ótimo. — Josh balançou a cabeça. — Eu não queria ser obrigado a fazer isso.

Fingindo estar entediada, Sina só olhou para trás e esperou.

No próximo capítulo tem a continuação e vocês já vão entender tudo.

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xoxo💕

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