Capítulo 2

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— Seu primeiro ano na faculdade, você tinha um peixe chamado Stuart. O peixe mais feio que já existiu.

— Ei! — Ela fez uma cara furiosa. — Era meu melhor amigo.

— E você o deixou na escola por duas semanas, supondo que sua colega de quarto santinha cuidaria dele.

— Ela sempre odiou aquele peixe —resmungou Sina.

— E quem cuidou do seu peixe?

Sina olhou para as próprias mãos.

— Quem cuidou do seu peixe, Sina?

Com um suspiro profundo, ela respondeu:

— Você cuidou do peixe, Josh.

— Então eu ganhei. E, mais uma vez, você me deve. Além disso, você quer mesmo que a minha avó morra? A avó que te ajudou a ser rainha do baile? A que realmente usava seus colares de macarrão? É muito simples. Faz isso no fim de semana e eu te deixo em paz.

Recusando-se a responder, Sina encarou a mesa do café e lambeu os lábios. Talvez, se parecesse suficientemente patética, ele a deixasse de lado. O simples fato de estar no mesmo ambiente que ele era suficiente para seu coração ficar apertado.

— Sina — resmungou Josh. — Você não tem ideia de como a minha imagem é importante pra mim.

— Uau, isso não está ajudando o seu caso— soltou Sina.

— Eu preciso disso. — Josh estendeu a mão sobre a mesa e agarrou a mão dela. Suas mãos eram sempre tão grandes e quentes, como se, ao segurá-las, ele pudesse afastar toda dor. Mas ela sabia a verdade: aquelas mesmas mãos a destruíram, arruinaram e, no fim, aquelas mãos egoístas nunca devolveram seu coração. — Eu pago seus empréstimos estudantis.

— Como você sabe dos meus empréstimos...

— Eu sei de tudo. — Ele piscou. — É meu trabalho. Vamos lá, você precisa terminar o último ano da pós-graduação, Sina. Já se passaram três meses desde a graduação. Quer ficar para trás enquanto todo mundo está fazendo alguma coisa por aí?

O cara nunca devia tentar ser advogado. Sina ficaria surpresa se ainda tivesse algum resquício de autoconfiança quando saísse da cafeteria. Estava tentando decidir se era possível bater com a cabeça na mesa de café com força suficiente para conseguir uma concussão.

— Por favor — implorou Josh. Suas mãos apertaram as dela com mais força. — Faz isso por mim. Faz isso pela vovó. Que inferno, faz isso por você. Você precisa terminar os estudos, Sina, e como os seus pais...

— Não ouse trazer os dois para esta conversa.

Josh engoliu devagar e soltou a mão dela. Seus dedos dançaram no queixo de Sina enquanto virava a cabeça dela para encarar seus olhos.

— É só no fim de semana do feriado. Não pode ser tão ruim. Éramos melhores amigos.

Éramos era a palavra-chave. Josh não tinha nem mandado mensagem para ela desde a formatura.

— Bilionário sem coração... — murmurou Sina. O cara não tinha a menor vergonha.

O pior era que ela realmente precisava terminar os estudos e estava prestes a deixar de pagar os empréstimos. Todo o dinheiro que os pais deixaram para ela tinha sido gasto na casa e na aposentadoria, e a Seattle University não era exatamente uma faculdade barata.

— Bilionário? Ainda não, gatinha. Sem coração? — Josh estendeu a mão e tocou o rosto dela. — Acho que nós dois sabemos a resposta pra isso.

A Aposta | noart (hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora