- Dante, não ouse se esquecer de nós, ok?!
Acredito que era para ser ameaçador, mas Morgan com seus 1,53m de altura apontando sua lata de cerveja em minha direção me olhando com seus olhos semi cerrados mostrou mais súplica do que autoridade. Abraçada com Josh, seu namorado, um dos meus melhores amigos e colega de faculdade, formamos juntos em Relações Internacionais, olhando pra mim;
- Como se você o deixasse ter tempo disso, amor. Nem os pais dele se preocupam tanto. - Ele riu, todos riram. - Ela vai te ligar todos os dias, mandar mensagens. Você já está ciente e bem acostumado.
Morgan deu um empurrão de leve em seu ombro. Levantando as mãos em sinal de rendição.
- Eu sou a mais velha, a mais responsável. É um privilégio ele me ter na vida dele.
Lucy sentada no sofá ao lado de Louis, Samantha e Marcus, se levantou indo até a geladeira pegar uma cerveja, estávamos em meu apartamento, sempre nos reuníamos assim, assistindo a jogos e bebendo, uma das coisas que eu mais gostava de fazer.
Nos conhecemos entre escola e faculdade, desde sempre juntos. Disso com certeza eu sentiria falta, muita falta.- Okay, mãe de todos, sabemos. -Ela disse brincando. -Alguém quer uma? -Mostrando a cerveja.
Louis e Samantha balançaram as latinhas vazias em suas mãos. Ela trouxe.- Não sei sobreviver sem ela. -Sorrindo ironicamente, revirei os olhos.
- Mas é só um ano, não é mesmo?! - Marcus disse. - Vai passar rapidinho.
- Confio no seu potencial. Você sobrevive sim. - Samantha, tão irônica quanto eu, disse rindo dando um gole na sua cerveja.
- Obrigado Sam, alguém acredita em mim. -Pisquei para ela.
Louis dando um tapa nas minhas costas.
- Cara, se precisar de algo, é só ligar, eu pego um avião e vou até Londres no mesmo instante. Inclusive, você é louco mas eu te amo.- Eu sei irmão, também te amo.
Sabia que mesmo parecendo uma loucura, era uma oportunidade incrível, no fundo era mais do que uma experiência para o meu currículo, precisava mudar um pouco, seria útil e agradável. Esperava.- Isso vale para nós, também. - Lucy cutucou Louis. - Irmãos são para isso. É uma ótima chance, me preocupo por estar fazendo isso sozinho, mas sei que dará conta. Super a sua cara, uma loucura dessas.
- Não é tão loucura assim, pode ser diferente do que estamos acostumados, mas só porque estou mudando de país sozinho.
- Apoiamos você, independentemente. Nós o conhecemos, querido. Inclusive, um mestrado em Política Social e Pública Internacional na London School of Economics, cara, não é algo a ser pensado em não fazer. A segunda melhor do mundo no campo das ciências sociais. - Disse Lucy.
- Sem contar que é considerada a principal universidade especializada nas ciências sociais do mundo. - Completou Marcus. - Dante, estaremos te esperando.
Eles ficaram comigo todo o fim de semana, a minha despedida seria essa, não queria ninguém no aeroporto no dia da viagem, Morgan insistiu em me levar, mas eu disse que não precisava. Viajaria na terça-feira a noite.
*****
Na véspera segunda a noite, Morgan berrava ao fundo as frases "Lembrou de tudo?!", "Já está tudo pronto?!", "Realmente não quer que eu leve você ao aeroporto? Vai de Uber?", quase não deixando eu conversar com Josh, nos interrompendo.
- Diga para ela não se preocupar, está tudo bem e tudo arrumado. - Disse ao telefone.
- Um; a chamada está no viva voz, e dois; isso é impossível, você não facilita para que isso aconteça.
Ah, o jantar está pronto. - Imaginei que a última frase tenha sido para Josh, ri. - Maninho, boa viagem. Assim que chegar, nos ligue, não esqueça.
- Ela já foi para a cozinha. Dante, sei que não foi só eu quem reparou, mas eu te conheço bem, Morgan também acha, mas não disse nada e nem vai falar, a conheço bem para saber. Vejo a preocupação nos olhos dela. Sei que não é só pelo mestrado na LSE, parabéns cara, estou muito feliz e torcendo muito por você, todos nós, sabe disso, não sabe?!-Sim.
- Admiro sua coragem, não vai ser fácil. E a vida não é só trabalho, aproveite um pouco, Londres é um lugar lindo, se divirta também.
-Diga que mandei um abraço para Morgan.
-Que você consiga se resolver, espero que fique bem. Boa sorte amigo.
Desliguei o telefone e comecei a observar o apartamento. No silêncio, minhas malas prontas, os artigos do curso e da universidade que eu havia pesquisado em cima da mesa de centro as lembranças do que eu deixaria, mesmo sabendo que voltaria em um ano. Imaginando que nesse tempo, muita coisa mudaria, e tentava me ver como estaria, mas não via nada, e isso me consumia, me deixava ansioso e eufórico.
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A Estação
Roman d'amourAs mudanças são necessárias, principalmente quando elas começam por nós mesmos. Eu precisava, mesmo se isso significasse abrir mão das coisas mais importantes da minha vida, deixar para trás minha casa, família e amigos conquistar o que eu queria, m...