🍷;; Capítulo 3

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Enquanto o trio caminhava Haru fez uma careta quando o casal começou a ficar meloso, ele realmente odiava ser a vela da relação. Mas ao menos trouxe à tona outro momento que o trio lidou, foi em meio a adolescência quando Lee apareceu de madrugada no quarto de Haru com vergonha dizendo que ele gostava de garotos, mais especificamente de James, além da notícia nenhum pouco surpreendente que Lee era trans. Mas foi um grande momento onde o trio teve que lidar, pois foi quando o medo do abandono de Haru se aflorou de uma forma absurda, o humano acabou tendo muito medo de ser abandonado pelo casal. Mas em compensação demorou apenas um dia ou mais (e alguns almoços escolares assistindo o par atirar olhos de coração um para o outro) antes que ele finalmente decidisse facilmente que a felicidade de seu amigo valia mais do que qualquer uma de suas ansiedades. Isso se tornou ainda mais verdadeiro quando James lhe deu uma confissão semelhante dias depois, sem saber que a de Lee já havia ocorrido. Após essa confissão Haru tomou a decisão de apoiar o casal independente de ser excluído ou não. Agora a quase seis anos de relacionamento Haru nunca se sentiu excluído entre o casal, para dizer a verdade o trio encontrou o equilíbrio perfeito entre a amizade e o relacionamento. 
 
— Ainda bem que você arrastou o Haru, se não chegaríamos atrasados. - James declarou vendo como o humano ainda se mantinha distraído admirando cada sobrenatural que passasse por ele. Finalmente o primeiro dia de aula da universidade chegaria. Em Busan os humanos comuns eram predominantes em toda cidade, em Seul os papéis são invertidos facilmente, Haru encontrando poucos humanos em meio a tantos sobrenaturais. 
 
— Ele nem mesmo está nos ouvindo. - A mais velha ri enquanto revirava os olhos, mas ao menos ela entendia muito bem como o garoto se sentia. 
 
Com o pensamento de ter que conhecer sua nova turma e ter que iniciar um novo ciclo social fazia o estomago de o menino vibrar de ansiedade, ele nunca foi muito bom lidando com multidões, principalmente colegas de classe, o garoto carregou o traço de timidez desde sua infância. Tanto que quando James e Lee saíram do fundamental, Haru ficou quase um semestre inteiro para conseguir se comunicar com alguém. Agora não seria muito diferente, e isso era obvio, não importa quanto tempo passe, Haru sempre terá vergonha de fazer novas amizades. 
 
O trio caminha até o auditório da universidade que acabam por perceber que é incrivelmente grande, eles deveriam ouvir o reitor da universidade dar boas-vindas aos novos alunos e alunos veteranos. Sentando-se em uma cadeira, ele sorri quando o casal que estava lhe zoando até o momento por sua reação automaticamente se separa para se estabelecer em lados opostos dele. O que parece ser uma ninfa da floresta e outro lobisomem se acomodam perto a eles, James e Lee franzem o cenho quando olham para o lobisomem que olha para o casal com a mesma feição, mas logo o que era uma careta confusa se torna um enorme sorriso. 
 
— Hey, Lee, James, não imaginava encontrar vocês aqui! - O lobisomem exclamou estendendo a mão para apertar a mão do casal em um cumprimento e assim é feito. 
 
— Nós também não Leo Hyung! - O lobisomem do trio admite sorridente apertando a mão de seu Hyung. 
 
— Que bom que nos encontramos aqui! - Lee afirma sorrindo amplamente após apertar a mão do lobisomem. O rosto novo para eles ao lado de Leo sorri e acena para eles. - Oh, Hyung, esse é o Haru, aquele humano que eu falei sobre uma vez. - Diz apontando para o humano que estava se encolhendo de timidez. 
 
— Oi... - Haru acena para os dois novos amigos, na realidade, amigos de seus amigos. 
 
— Um Humano?! Uau, aqui é tão difícil encontrar humanos. - Após isso Haru acaba descobrindo que a ninfa na realidade não era uma ninfa, mas sim um humano, um humano como ele, Um humano chamado Sungwon,  isso de certa forma foi reconfortante. 
 
A conversa do grupo é interrompida abruptamente quando o reitor aparece no centro do auditório sendo seguido por professores de diferentes cursos, Haru se ajeita em seu assento com um sorriso feliz, ele estava realmente muito animado. Quando a cerimônia de boas-vindas acabou, Haru se despediu de seus amigos resolvendo se aventurar na universidade em busca de seguir seus horários. Sua rotina parecia ser cansativa, e realmente seria, mas o garoto realmente não se importava, ele adorava desafios, ele poderia lidar com o primeiro período da universidade facilmente, ao menos para ele. 
 
Duas semanas após a cerimônia de boas-vindas, Haru sente que já encontrou todas criaturas sobrenaturais possíveis. A quem ele havia mais admirado até o momento, foi seu professor de humanidade, um grande bruxo meio fada que com sua voz estrondosa chamava a atenção de qualquer um, não havia uma aula de humanidade que Haru não sentisse como se estivesse em uma floresta por conta do bruxo que comandava a aula.  
 
No momento Haru se espreguiça após sair de uma palestra de uma hora e meia, sendo sincero ele não fazia a mínima ideia do que havia sido palestrado, apenas sabia que era um gigante de duzentos anos que estava dando a palestra. Ele estava cansado da sua aula de dança da noite anterior, o líder do clube Jae, outro lobisomem, havia lhe mantido por mais tempo no clube, os dois tinham que criar uma nova coreografia para passar para o restante do grupo, acabou sendo bem exaustivo, seus olhos estavam ardendo por ter passado a madrugada acordado olhando para a tela de seu notebook terminando um trabalho que havia que entregar um dia depois que o professor havia lhe passado, O corpo de Haru ansiava por uma soneca de oito horas. O fim da palestra lhe irritava pela lotação de alunos, mesmo havendo quatro saídas diferentes, todas as saídas ficavam lotadas, ainda há sempre uma comoção em cada uma - grupos de pessoas empurrando, empurrando, (e às vezes até tentando voar por cima e ao redor uns dos outros) para sair das grandes portas de madeira e para a liberdade. 
 
Haru suspira de frustação pela demora, mas ele segue a linha que se move lentamente sem pensar, sonolento demais para prestar muita atenção ao seu redor. Isso até que ele finalmente chega ao primeiro degrau que leva para fora e ouve os sons do que ele pensa ser algum tipo de luta. Apontando a cabeça para o lado oposto da larga escadaria, ele observa, paralisado, um grupo de homens grandes cercar alguém muito menor. Eles estão provocando quem quer que seja, e um pega o caderno que o cara está segurando, jogando-o no chão.  
  
Seriamente? Assédio moral? Na Faculdade? Haru achava que as pessoas estavam além disso. Claramente ele pensou errado.  
  
Com as sobrancelhas franzidas de raiva, pronto para defender o pobre preso na bagunça que era os caras sem maturidade alguma, Haru se aproxima do grupo. Um dos caras olha surpreso para o humano, mas logo sorri achando que Haru entraria no meio da roda para fazer algum bullying com o garoto menor. Os outros continuam passando o caderno de um lado para o outro, o cara do meio baixo demais para pegá-lo de volta. Cada lance faz as páginas soltas dentro voarem para fora, algo que parece agitar ainda mais o menino de cabelos pretos, seus olhos trêmulos como se estivesse com medo que algo se perdesse, até mesmo como se sua vida dependesse disso, ou talvez, ele tivesse se esforçado muito para aquilo. 
 
— EI, cara! Pega aí! - Um dos valentões grita jogando o caderno contra a direção de Haru enquanto ria, Haru sente o objeto bater contra o seu próprio peito e segura o mesmo com reflexo, sendo observado agora por pequenos olhos do garoto que estava sendo Bullyinado. Haru sorri de forma simpática para o garoto recolhendo algumas folhas no chão e estende o caderno para entregar para o garoto pálido a quem pertencia o caderno. 
 
— O que caralhos você está fazendo, cara?! - Outro valentão acaba exclamando raivoso, Haru havia acabado totalmente com a diversão deles, suas enormes feições verdes estavam com olhares raivosos, antes que Haru pudesse entregar de volta o caderno para o garoto pálido envergonhado o caderno é roubado de suas mãos. 
 
— Vocês não são velhos demais para continuar fazendo bullying assim? Onde vocês estão? Na pré escola? - O humano enfrenta os cinco que até onde pareciam serem trolls. 
 
O maior dos cinco hesita, então parece chegar a algum tipo de compreensão antes de cair na gargalhada. O maior se aproxima de Haru ameaçadoramente, mas o humano não perde a compostura, ele encara o maior deles que continuava rindo de sua cara. 
 
— Ah, claro, você é um humano! - Ele grita, a palavra quase soando como uma espécie de insulto vindo de seus lábios feios e torcidos, algumas pessoas que antes ignoravam o pálido sofrer bullying, agora estavam com atenção voltada ao humano, como se ele importasse, mas o garoto atrás dele não. -Não é à toa que você quer bancar o herói! - disse zombeteiramente, apontando o dedo indicador na cara de Haru, em seguida empurrando o peito do humano, sua cara fechando em uma carranca quando o humano não parece hesitar. Algo que o humano não pode perceber foram os olhos arregalado do ser atrás dele que deu um passo à frente, mas ainda se mantendo atrás de Haru a uma distância, parecendo que estava pronto para defender o humano como ele estava fazendo com ele. 
  
 — Ouça, garoto, você é muito ingênuo para o seu próprio bem. Vá para casa e procure vampiros, e então você verá por que esse filho da puta... - com isso, ele empurra o garoto de cabelos negros, fazendo-o tropeçar em seus pés não parecendo assustado, mas o troll ainda sim solta um grunhido. -Merece essa merda. - Disse com presunção. 
 
Com isso um dos trolls optam por jogar o caderno do vampiro pela janela fazendo mais folhas voarem no meio do processo, Haru viu a expressão exasperada do vampiro quando viu o seu caderno ser jogado pela janela. Assim que os trolls saíram de seu campo de visão, Haru correu até a janela para olhar por ela, ele acabou vendo que o caderno caiu em um arbusto próximo as janelas do primeiro andar. Ele começou a recolher as folhas que caiu do caderno se perguntando para onde o vampiro tinha ido, ele não se preocupou muito com isso, e sim caso outra pessoa igual ao troll encontrasse o caderno do vampiro e acabasse com o caderno dele. O humano correu pela universidade não percebendo que algumas pessoas olhavam com curiosidade par ao humano, ainda mais fofocavam sobre o humano. Haru correu até o arbusto onde o caderno estava, ele teve que tomar cuidado, pois era um arbusto de rosas, o humano acabou tendo alguns cortes em seu pulso pelos espinhos das rosas, mas ao menos ele recuperou o caderno do vampiro com um sorriso no rosto. 
 
Haru começa a pensar em como devolver o caderno para o dono, talvez tenha o endereço na contracapa do caderno ou algo que ajudasse a encontrar o vampiro novamente ele pensa, abrindo lentamente a capa. Não há um endereço dentro, nem mesmo um nome. Em vez disso, há alguns esboços, de teclas de piano e teclados completos, com o que parece ser poesia ou letras de música escritas em torno deles. Ele dá uma olhada em algumas delas, letras sobre o mundo ou algo parecido com isso, em muitas páginas parecia mais desabafos escritos. A escrita está um pouco borrada nas bordas, Haru só conseguiu distinguir algumas linhas. Ele fechou o caderno com força ao perceber que estava lendo de mais, o humano achava que o que ele estava fazendo no momento era uma invasão de privacidade, pois tudo naquele caderno parecia ter sido escrito do vampiro para o próprio vampiro. O humano fecha o caderno e guarda cuidadosamente em sua bolsa, ele começou a pensar em um plano em comum encontraria o vampiro novamente para devolver-lhe o caderno. 
 
O humano resolver ir para casa, seu dia já tinha sido corrido o suficiente até o momento. Ele caminhou apressadamente pelas ruas frias de Seul, Haru teve que tomar muito cuidado em todas as vezes que teve que atravessar a rua, mesmo ele não sendo mais criança ele ficava muito atento ao trânsito, principalmente porque ele acaba sempre se distraindo e quase é atropelado todas as vezes que vai atravessar a rua, por conta disso seus melhores amigos acabam sempre se preocupando quando Haru vai para algum lugar sozinho, ele sabia quão distraído o humano poderia ser. 
 
Quando ele chegou em frente ao seu edifício a parte mais difícil foi subir o lance de escadas, subir as escadas parecia ser mais cansativo que o percurso que ele deveria caminhar todos os dias para chegar na universidade. Assim que ele chegou em frente ao seu apartamento compartilhado, ele abriu a porta e foi recepcionado com o olhar preocupado de seu melhor amigo lobisomem. 
 
— Eu estava preocupado! - O lobo exclamou puxando o humano para dentro do apartamento conferindo se ele estava ou não machucado. - Todos nós estávamos. - James afirmou puxando o mais novo pela sala. 
 
— Graças aos Deuses, Haru. - A fênix choramingou abraçando o humano, Haru manteve um olhar confuso para seus amigos até que percebeu que Leo e Sungwon estavam sentados no sofá da sala com olhos também preocupados. - Tínhamos achado que alguma coisa ruim havia acontecido com você. - Haru manteve seu olhar confuso, mas apenas se jogou em outro sofá livre para relaxar seus músculos que até então estavam tensos desde o conflito que o vampiro estava envolvido. 
 
— Vocês estão bem? - Haru perguntou olhando para todos mais velhos, o outro humano chocado com o quão apaziguador Haru estava parecendo. - O que aconteceu? Por que vocês estão tão agitados? - O moreno bocejou coçando os olhos cansados. 
 
— Ficamos sabendo que um humano se envolveu em uma briga. - Leo explica parecendo mais aliviado em ver o humano inteiro em sua frente. 
 
— Então acabamos achando que era você. - A fênix afirma ainda olhando todo corpo do humano para verificar que ele não tinha nenhum machucado ou algo que evidenciasse que ele passou por alguma briga. 
 
— Exatamente, ficamos ainda mais assustados quando disseram que o humano era um calouro que se meteu em uma briga com um grupo de veteranos trolls. - James completa a fala de todos seus amigos, o rosto de Haru se contempla de compreensão, logo o menino acaba comentando.  
 
— Ah sim, vocês estão se referindo disso. - Haru respondeu a eles risonhos que lhe deram um olhar cauteloso por conta da reação do humano. - Era eu mesmo, mas nada aconteceu comigo. - Os olhos de todos mais velhos se arregalaram para o humano, ainda mais por conta da tranquilidade na fala do humano quando reconhece que havia sido ele que se envolveu em uma briga. 
 
— O que?! - A fênix exclamou totalmente chocada. - Por que você se envolveu em uma briga Haru? - Lee tentava compreender porque Haru havia entrado em uma briga, o humano odiava brigas e sempre buscava algo para contornar as mesmas. 
 
O humano acabou rindo pela reação dos mais velhos, mas logo começou a explicar o que havia ocorrido naquela manhã. Ele disse exatamente o que havia feito e a conversa que ocorreu em meio a briga, ele não acabou percebendo o olhar do outro lobisomem escurecendo quando ele explicou uma das falas que o troll havia dito para si. Leo, o lobisomem mais velho, parou Haru em meio a sua explicação. 
 
— Espera, espera. - Leo tentou raciocinar todas as informações que Haru havia jogado no ventilador para eles. - Eles disseram para você procurar por vampiros? - Leo esperou Haru assentir ou negar para ver se havia entendido bem o que o humano havia dito internamente rezando para ter ouvido errado. - Como você disse que aquele garoto que estava sendo intimidado parecia? - Sungwon olhou para seu namorado ao perceber que o lobo parecia agitado ao seu lado. 
 
— Uh... no lado mais curto, pálido. Cabelo preto? Oh! Acho que ele tinha alguns piercings nas orelhas e usava um moletom preto e calça jeans preta. - O humano descreve com certo carinho em sua voz, pensando no homem que ele havia supostamente protegido. Ele sente as bochechas esquentarem, lembrando da faísca de atração que se espalhou por ele quando viu o outro pela primeira vez. Ele realmente espera poder encontrá-lo novamente.  
 
Ele é tirado de seu pensamento quando Leo mostra a tela do celular em sua cara, parecendo uma conta no em uma rede social, o humano pega o celular do mais velho com cuidado e vê o perfil mostrado para ele. Em seu perfil estava escrito “JuD.exe”, em sua biografia estava escrito “Min June. 25 anos. Vampiro.” Além de alguns emojis de notas musicais que decoravam seu perfil, O humano rola para ver o feed do vampiro e percebe que a última foto postada pelo vampiro era de alguns meses atrás, seu cabelo era descolorido, e não preto como agora, ele usava uma máscara, mas definitivamente era o mesmo cara, Haru conseguiria reconhecer apenas pelos seus olhos de gato expressivos. 
 
— Hyung, é ele mesmo! - Haru exclama animado com um sorriso enquanto devolve o celular para o mais velho, mas para a surpresa de Haru o lobisomem tem uma carranca ainda maior em seu rosto. A felicidade que Haru tinha até alguns segundos atrás foi por água a baixo com a reação do mais velho, talvez Leo o conheça e provavelmente seja algum ex do mais velho por conta de sua reação. 
 
— Fique longe dele. - Cospe as palavras friamente e de forma severa, Sungwon olha para Leo com um olhar um tanto quanto perdido, ele estava claramente mais confuso que Haru. 
 
— Hyung? - Sungwon chama a atenção do mais velho, esperando que seu namorado lhe desse alguma explicação sobre a situação. 
 
— Esse é o cara que eu sempre digo para você ficar longe. - Leo explica para seu amado enquanto segura sua mão, o rosto de Sungwon se ilumina em reconhecimento antes de assumir uma expressão endurecida semelhante. 
 
Haru olha entre eles, completamente perdido, essa situação parecia ridícula em sua cabeça, nunca pensando que teria uma conversa parecida com essa com seus amigos. Por que eles estão falando como se esse cara fosse a escória da terra? O que ele fez? Olhando para seus amigos mais próximos, ele espera que o par fique igualmente confuso, mas para sua surpresa eles também parecem zangados, mantendo a mesma feição que o mais velho entre todos tem em seu rosto.  
 
— Um vampiro, você disse? - James pergunta ao casal para ter a certeza que não estaria alucinando. 
  
— Um vampiro. - O lobo mais velho responde, sua voz ecoa pela sala, assustadoramente em sincronia. Haru olha, de repente cheio da sensação que você tem quando desce as escadas e pensa que chegou ao último degrau apenas para descobrir que não, há outro sobrando. Aquele puxão gravitacional do estômago de confusão assustada. 
 
— Okay, mas que infernos. O que eu perdi? O que a tão errado com vampiros? - Haru pergunta de forma genuína, mas ele não esperava ouvir um suspiro pesado de todos seus amigos. 
 
— O que?! Ele não sabe sobre vampiros, vocês não contaram?! - Leo pergunta totalmente chocado para o casal mais novo, Lee e James desviando o olhar envergonhado enquanto negam, Leo fica boquiaberto com a confissão dos mais novos. Haru no entanto se sente indignado, odeia que de repente todos estejam falando sobre ele como se ele não estivesse sentado ali. Sungwon solta um suspiro de compreensão colocando a mão no ombro de seu namorado como se tentasse acalma-lo por parecer estar se aproximando de um infarto. 
 
— Pessoal, o Haru ainda é novo nisso, não seria mais fácil vocês explicarem para ele? - Sungwon perguntou para o grupo que assentiu de forma coletiva, Haru agradecendo internamente pelo humano ter quebrado a corrente que a conversa se seguia. Leo suspira, ombros caídos, mas acena com a cabeça.  
 
— Haru, vampiros são coisas ruins. - Leo começa a falar arrancando um cenho franzido de Haru. 
 — São os piores. - Comenta em um tom baixo, Haru olhando surpreso para seu melhor amigo, nunca imaginando ouvir algo parecido de sua boca. 
 
— Eles são perigosos como o inferno para todos, especialmente humanos. - Leo continua com um olhar severo para o humano. - Se você preza por sua vida deveria ficar longe de Min June. - Afirmou e Haru sentiu a bile subir até sua garganta quando ouve as palavras e reações de seus amigos. 
  
Haru franze a testa não compreendendo seus amigos, nem mesmo seus melhores amigos. Nada disso parece certo. É uma discriminação flagrante, algo que ele nunca esperaria de seus novos amigos, e certamente nunca esperaria de Lee e James, seus dois melhores amigos que ele amou e respeitou por décadas literais.  
  
— Isso... não faz sentido.  - O humano comenta não querendo manter contato visual com nenhum dos quatro. - Isso não é preconceito? Quero dizer, qualquer criatura sobrenatural pode ser tecnicamente perigosa. - Deu de ombros, mas para sua surpresa Sungwon acabou dando uma leve risada. 
 
— Sim, mas Harunie, vampiros são piores, são mais perigosos de todos os sobrenaturais. Eles são conhecidos por atacar e matar pessoas. Seu veneno pode transformar humanos em assassinos como eles – assim. - Ele estala os dedos para enfatizar sua fala. - Além disso, o veneno deles é literalmente tóxico para tantas criaturas sobrenaturais, principalmente lobisomens.  - O humano explica de forma calma, mas mesmo após isso Haru não conseguia compreender, sua cabeça estava cheia de mais, ele estava cansado de mais, e esperava que aqueles em sua frente não fossem realmente seu melhor amigo. 
  
— Sim! se ele me mordesse, eu morreria! O veneno de vampiro é mortal para nós. - James exclama gesticulando de forma exagerada, mas da mesma forma Haru não conseguia olhar para o lobo. 
 
No momento Haru se encontrava em choque. Todos sabiam disso, exceto ele? Por que isso não foi ensinado em Busan? Independentemente disso, o cara que ele encontrou não parecia nada com essa máquina de matar que eles estão descrevendo. Ele jura que viu lágrimas genuínas nos olhos do homem enquanto lutava para pegar seu caderno de volta. A fênix olhava para seu melhor amigo com aflição, ele odiava aquele olhar de angustia preso nos olhos do humano, isso sempre feria seu pobre coração, principalmente quando subconscientemente ele sabia que ele havia causado isso, ao menos, ajudado a causar. 
 
— Mas para a sorte de todos até onde eu sei, esse garoto é o único sugador de sangue que vai na nossa universidade. - O tom de desgosto era claro na voz de Leo. - Ele normalmente se mantém sozinho também, então há algumas pessoas que nem sabem que ele é uma pessoa, muito menos um vampiro. - Diz dando de ombros não ligando como o vampiro se sentia.  
  
— Isso... soa muito solitário. - Haru diz baixo para si mesmo, principalmente por compreender como o vampiro se sentia. Leo balança a cabeça em desaprovação, James copiando a ação do mais velho. 
 
— Sério Haru-ah, ele pode parecer quieto e solitário, mas todos sabemos do que ele é capaz. - James comenta dando de ombros. - Melhor prevenir do que remediar. - certa grosseria ressoou de seus lábios. 
 
Um pouco enjoado, Haru acena para apaziguá-lo. Todo esse negócio não combina com ele. Ele continua pensando no segundo conjunto de letras que viu quando abriu o caderno pela primeira vez, algumas linhas abaixo das outras, sempre parecendo uma confissão da vida do vampiro solitário. Um trecho de uma página que ele viu no caderno voltou em sua mente no momento em que ouviu seus amigos continuarem comentando sobre os vampiros tentando inutilmente convencer o humano de nunca se aproximar novamente do vampiro que vagava a universidade como um fantasma. 
  
“E daí? E se você se machucar? Às vezes você pode se machucar novamente. Às vezes você pode derramar lágrimas chateado. E daí? E se você viver assim?” 
  
As palavras pareciam tão incrivelmente tristes. Ele sabe que as aparências podem enganar, que o tipo mal-humorado e quieto de June pode estar escondendo um monstro por baixo, mas as palavras pessoais de alguém, escritas no papel, são um pouco mais difíceis de falsificar. Ele realmente esperava que seus melhores amigos estivessem totalmente errados com a situação, e ao menos, que eles pudessem mudar de pensamentos o mais rápido possível. O outro humano que não estava envolvido na conversa observava o rosto de Haru, a tristeza clara estampada nos olhos verdes e parecendo que iria chorar caso continuasse ouvindo seus amigos dizerem palavras tão cruéis sobre quem eles nem ao menos conhecem. 
 
O humano soltou um suspiro languido enquanto retirava seus sapatos que até o momento ele não havia tirado, assim que ele retira ele caminha até próximo a porta deixando o sapato lá para usar no dia seguinte. Ele caminha lentamente até seu quarto, ombros caídos, o humano pega a toalha estendida em uma cadeira e caminha até o banheiro, antes dele entrar a fênix para o mesmo segurando seu pulso, Haru não tinha coragem de olhar para sua noona no momento, principalmente por saber que a fênix concordava com tudo que havia sido dito, ele apenas olha para as mãos da fênix segurando seu pulso. 
 
— Você está bem? - Lee pergunta com a voz calma, totalmente preocupada com o humano que parecia abatido e ainda mais cansado após a conversa que acabaram de ter. 
 
— Estou. - Haru responde por educação para não deixar a mais velha aflita. 
 
— Vamos começar a preparar o jantar daqui a pouco, você gostaria de comer o que? - Lee pergunta com certa esperança na voz, mas Haru apenas dá de ombros sem se importar se iria se alimentar ou não. 
 
— Nada. - Respondeu de forma direta. - Eu estou bem cansado então eu acho que eu vou só dormir apenas, não se preocupe, até mais noona. - Haru entrou no banheiro não vendo a fênix olhar chocada para o mesmo, o humano queria apenas um banho para levar parte de sua frustração embora. 
 
O humano retira suas roupas e entra no box do banheiro, iniciando um banho quente e demorado. Ele sente todos seus músculos que voltaram a ficar tensos por conta de a conversa relaxarem quase que instantaneamente, ele solta um suspiro satisfeito ao sentir a água cair sobre seu corpo dolorido. Quando ele fecha os olhos para lavar o rosto ele pode ver a imagem perfeita do vampiro e as lágrimas que claramente brotavam em seus olhos, Haru termina seu banho após disso de forma rápida, sabendo que se ele ficasse ali por muito tempo ele simplesmente não conseguiria tirar a imagem do vampiro de sal mente e acabaria ficando mais deprimido do que já estava. 
 
Quando ele saiu do banheiro ele quase esbarra em James, mas ele apenas ignora o mais velho que parecia que iria falar algo e entra em seu quarto. O humano se seca de forma lenta e veste um pijama se jogando na cama e se cobrindo com seu novo edredom felpudo. Ele fecha os olhos pronto para dormir e ele realmente rezava internamente que a conversa com seus amigos tivesse sido apenas um enorme pesadelo, antes que ele pudesse perceber ele já estava caindo no limbo dos sonhos. 

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