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CUIDADO! ESSE CAPÍTULO CONTÉM GATILHOS!

SUA SAÚDE VEM EM PRIMEIRO LUGAR, ENTÃO SE TIVER ALGUM PROBLEMA COM MORTE, NÃO LEIA!

BOA LEITURA!

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Presente:

Faculdade de artes plásticas

Dormitório de Katlyn

  Chorando compulsivamente trancada no banheiro, era assim que eu estava. Eu não aguento mais, eu realmente não aguento mais.

  Me sinto sufocada, como se algo me estrangulasse. É desesperador! Verdadeiramente desesperador!

  As pessoas com quem eu disse sobre isso riram da minha cara, mas não é a primeira vez que isso me ocorre.

  Toda a vez que eu chego a me abrir sobre minha falta de visão sobre o meu futuro as pessoas tendem a ter essa reação, acho que elas não enxergam! Eu pretendo me matar e por isso não consigo ver um futuro para mim! Não é uma brincadeirinha ou algo engraçado, não é como se eu estivesse fazendo uma piadinha.

  E mesmo que eu não pensasse nisso, não ver um futuro para si já mostra que a situação não está no habitual ou tranquila. Não acha?

  Mas tudo bem, isso não importa mais.

  Eu paro de chorar bruscamente, me levantando do chão dando de cara com o meu reflexo no espelho que fica em cima da pia. "Eu sou uma piada", penso isso enquanto me encarava e limpava minhas lágrimas.

  Eu estava decidida de que era naquele dia que eu me mataria, e assim eu fiz.

  Liguei a banheira e fiquei a olhando encher. Estava tentando me acalmar e talvez voltar a pensar melhor.

  Talvez eu devesse repensar? Não! Sim? Não... Definitivamente...

  Quando ela encheu, peguei alguns sais de banho e joguei na água vendo os micro-flocos caindo e se dissolvendo na água. Coloquei minha mão dentro do líquido, o mexendo lentamente no intuito de misturar tudo, e me levantei tirando minha roupa.

  Era doloroso ver o quão entregue à isso eu estava. É, eu sou fraca e devo dizer, isso me assusta! Verdadeiramente, me assusta ver que eu não consigo nem ao menos ter o controle de minhas ações e de me manter estável! Porra, que merda!

  Não era pra ser assim... Mas acho que ninguém escolhe esse tipo de coisa. O futuro, o seu jeito... Não escolhemos isso. Então deveríamos apenas aceitar? Deveríamos? Eu não sei, não sei! E deveria?

  Isso é tão confuso!

  Mas eu tinha uma certeza... Que iria morrer hoje.

  Entro na banheira sentindo a água morna tocar em minha pele e a abraça-la. Isso era tão relaxante que fecho meus olhos, mas eu não estava calma. Ah não! Eu estava ainda mais motivada a fazer isso.

  Meus músculos estavam mais tensos.

  Uma lágrima escorre, eu nem havia percebido que estava nesse ponto... Isso é realmente uma merda! Ele estava certo... Ah, se estava!

  Afundo-me por completo na água sentindo aquela sensação novamente, a mesma que senti quando tinha 14 anos. A mesma que senti aos 17. Aquela adrenalina no corpo que já me era tão conhecida, esse sim é o verdadeiro sentimento de paz e confusão conjuntas em um mesmo instante.

  Era de se desesperar? Acredito que qualquer um no meu lugar se desesperaria, certo? Mas eu não, e por quê? Por que? Por que? É culpa minha? É, totalmente minha! Eu que sou a inútil! Eu que sou a fraca e indefesa! Né?

  Eu já devia estar assim por uns longos segundos, beirando a 1 minuto. Sentia meu corpo começar a dar indícios da necessidade de oxigênio, quando eu abro meus olhos de forma brusca e grito, soltando todo o resto de ar de meus pulmões, me afundando mais ainda dentro daquela imensidão de água da banheira.

  Foi ali que eu morri.

🔪🔪🔪🔪

Passado:

8 anos de idade

  Quando eu era muito nova admirava muito meu pai, ele era meu super-herói. Eu o amava por completo.

  Era minha maior admiração, como um pilar.

  Nós costumávamos brincar o tempo todo quando ele estava em casa. Ríamos muito, era incrível.

  Também caminhávamos muito, era relaxante e legal... Era um momento só nosso e único.

  Normalmente ele passava bastante tempo no trabalho mas nunca deixava de trazer coisas para mim, sempre tinha algo para me dar. Uma bala, um pirulito, um CD com um filme super bobinho mas que acabava gostando muito, chocolate, um livro de colorir... cada dia era algo diferente e simples, singelo porém com muito significado.

  Quando ele ia para o trabalho, de manhã, eu sempre chorava e quando ele voltava, de noite, eu corria para seus braços.

  Era bonito, mas também era simples.

  Eu era feliz e meu pai era meu melhor amigo, o dono dos meus melhores sorrisos, meu porto seguro.

  Mas com o passar dos anos ele parou de me dar os presentes e passou a estar cada vez mais no trabalho do que comigo. Então eu acabei ficando mais próxima da minha mãe e me distanciado do meu pai mas eu os amo igualmente.

  Ter preferências é errado, segundo a vovó. Nós temos que amar os dois, e na mesma quantidade.

  Ontem quando eu estava quase dormindo, escutei a voz de papai. Ele estava falando um pouco mais alto do que costumava mas não consegui entender o que dizia. Em seguida escutei a voz da mamãe, porém muito mais baixa, e também não consegui escutar o que estava falando.

  Era muito tarde e eu estava com muito sono, deve ser por isso e não devia ser nada de muito importante. Eu acho...

  Agora estou sentada no chão da sala vendo algum desenho que não me recordo o nome, enquanto minha mãe faz algo na cozinha e meu pai está no trabalho.

  De novo, eu queria brincar com o papai. Quando ele chegar vai estar muito cansado, é o que ele sempre diz, e agora ele não pode, óbvio.

  Talvez no final de semana? Espero que sim!

  Sinto falta de quando ele estava sempre comigo...

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Olá, bom, essa é uma nova história que eu estou desenvolvendo. Sim, vai ser focado em um lado bem triste.
Votem e comentem bastante, por favor, isso me motiva a continuar.

Capítulo revisado por: WildCat__ , bibicadasleituras e @PeixeFurado (tt)

Era Uma Vez (𝑳𝒊𝒗𝒓𝒐 𝒖𝒎)Onde histórias criam vida. Descubra agora