[01] the way you say my name

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🐰

Any Gabrielly

— Eu não quero. — Juliet repete pela milésima vez, para o meu desgosto. Estou a cerca de 10 minutos tentando trançar o cabelo dela, mas a garotinha parece ter puxado o temperamento da minha avó de 70 anos.

Quando você se torna mãe, te avisam dos terríveis dois anos, mas ninguém te alerta dos assustadores quatro anos. A idade que eles aprendem o que querem e o que não querem. E mesmo que eu explique para ela que o cabelo dela está no day after, a pequena coisinha sentada à minha frente só balança a cabeça negando.

— Juliet, você estará toda suada em questão de horas e seu cabelo ficará fedendo.

Mas da mesma maneira das outras vezes, ela nega e cruza os braços pequenos.

— Eu vou de cabelo solto hoje.

Vovó, eu ainda brigo com a senhora por ter passado esses genes difíceis.

Eu tenho certeza que eles não vieram de mim.

Olho novamente para a pequena criatura sentada à minha frente, os cachos iguais aos meus caindo no rosto dela, o uniforme comprado em tamanho errado pelo pai dela pendendo em um dos ombros. Mas o que eu esperava de Nico com os únicos dois neurônios dele?

Suspiro quando vejo o horário no relógio, 12:35, somente uma hora antes do meu turno começar e alguns minutos da aula dela. Pelo jeito, terá que ser assim mesmo.

— Tudo bem. — Ela rapidamente exibe um sorriso, os olhos formando meias luas. Como eu pude fazer uma filha tão fofa? E tão temperamental. Me lembro. — Mas só dessa vez, entendeu? Amanhã não tem essa conversa.

Digo e tento manter a firmeza na minha voz observando o rosto dela cair.

Sei que eu nunca a obrigaria a fazer algo que não se sente à vontade, não cometeria os mesmos erros que meus pais.

— Mas mãe…

— Sem mais, Amelie, se você não me obedecer amanhã, te deixo sem desenho uma semana.

Ela resmunga alto, mas não consigo ouvir o que ela disse.

Pois é, garota. Você venceu essa, mas eu ainda sou sua mãe.

Sorrio levemente, esperei tanto por esse momento. O momento em que eu colocaria em cheque o fato de eu ser a mãe dela.

Revoltada, ela se levanta da cadeira, bagunçando ainda mais o cabelo no processo.

— Entendido, Amelie? — Repito seu segundo nome para mostrar que estou falando sério. São raras as situações que eu o uso, afinal, eu sou manteiga derretida por essa criança.

Desde o momento que eu nasci e coloquei meus olhos naquele bebê feio, que na época eu achei o bebê mais lindo do mundo, eu sabia que seria assim.

Ela era parte de mim.

— Entendido, mãe. — Juliet começa a andar em direção a porta do nosso pequeno apartamento, os pés pisando com força no chão. A observo, como em um ser tão pequeno pode caber tantas vontades? Ela se vira quando chega na entrada. Acredito que ela vai pedir desculpa, mas tudo que sai da boca dela é: — Você não vem? Vamos chegar atrasadas.

Pisco de surpresa. Mas Juliet não se abala e me olha impaciente. — Mãe, vamos nos atrasar, temos que ser responsáveis e prudentes.

A culpa foi dela, não minha. Por que eu estou sendo culpada?

E com quem ela está aprendendo essas palavras difíceis?

Nico não pode ser, aquele ali não sabe contar 2+2.

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⏰ Última atualização: May 08, 2020 ⏰

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