Encontrei-a n'um lago; vislumbre de névoa — mítico cisne branco, sobre água turquesa e cristalina? Ou garota pura, com a alma diluída nas mesmas águas daquele lago?
O cisne dança um balé, tem graça etereal; deixa-me sem ar... eu, submergida n'água —líquido deífico, e vejo-a.
Seu corpo aquoso, acompanha os suaves gestos, moldados em pérola, nuvem, e lago... Seu pranto lírico, escorrendo nas lágrimas que mesclam-se em água.
Cisne branco; bailarina em prantos; junto-me a ela na dança — nado no líquido que a compõe. suas lágrimas, me envolvem, sua penugem branda, branca e acetinada, me conforta com toques macios, molhados.
☁️
Fecho os olhos; ao breu, ela some. Volto o olhar ao lago. Não há cisne ou bailarina; há um vestígio d'um espectro, esvoaçante e translúcido, um sopro de névoa alabastrina e carregada em perfume.
Aroma de chuva, gotejar de suspiros melados; é o choro do céu? uma bailarina e um cisne, banhados n'um bálsamo floral — rosas brancas, ninféias e jasmin.
Resta em mim, apenas na memória um delicado sopro dela — pois sua presença, leve e pura, foi dissipada em deslumbre; lavado às águas do lago. Fora ela um simples cintilar do sonial, que ao cinza esfumaçado, tornou-se ilusão d'algo celeste, divino?
Mergulho em minhas memórias, líquidas; retorno ao lago das bailarinas, dos cisnes, dos sonhos.
Sinto-a, lembro da sensação suave que sua presença tinha. Ela, mística; tão real quanto eu. Ambas sonhamos o mesmo sonho; Nossas lágrimas, se mesclam nas mesmas águas.
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