a camélia-moça e a císnea-névoa

a camélia avista a cisne (ii.)

{olá! esta é uma segunda versão do primeiro poema "a camélia avista a cisne", conta a mesma história, apenas com uma escrita e formato diferente! espero que gostem ♡}

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avistei-a corpórea névoa, airosa e nívea em balé de cisne; quase quimérica,
movia-se tal a pétala d'uma ninféia, ao soprar do vento...
ela, moça pueril, delírio virgem d'uma nuvem, aquosa e feérica
com tal presença etérea e acentuada em graça, alma desvanecida, em lago alvacento

e ela chora! ó, quanta lástima na lágrima que derrama
a bailarina alífera e branca, forma moldada em pérola aveludada
é gasosa, pele em mesclas de bruma astral, cerúleo e lilás, joviana
suas águas me banham, me afogam! choro junto dela e sonhamos juntas; à cisne minh'alma fora ataviada...

sonhamos, sonhamos, mas é ela ali? o vulto de bruma derretendo em lago
o aspecto quase d'uma dama se criando, asas caindo em plumas níveas de suas costas
é figura que florescera num devaneio d'outrora... aquela nuvem bela, um afetuoso imago!

reconheço em teus traços ambíguos a presença d'um passado amor...
quem és tu, cisne, moça, névoa, sonho?
acordamos, ambas peles molhadas e geladas, olhos insanos e deslumbrados, florescentes como uma flor
ainda assim, em ti há um áqueo pesado, um tanto tristonho...

quero tocar-te, afagar teu rosto, tomar teus braços aos meus
mas és mesmo corpórea? ou pura alucinação mística?
me atraso. saio das águas, vou-me longe de ti. és só, mas o perolar da lua um ombro amigo te teceu...
retorno ao lar, ao prado, mas permanece em mim tua imagem nebulosa, cândida e florística..

tu me assombras com graça, eterna dúvida aérea e líquida
bela bailarina, eviterna dança tua; flutuas suave, evaporas flumínea...
és tu, fascínio, que em meu peito fez divino alúvio! nele derramam as futilidades que tornam-se coisa insípida
ao serem vistas perante a tu, donzela elegante, cisne femínea...
longe de ti, guardo a memória e esperança, de novamente teus olhos vislumbrar;
enfim receberei tua visita em meu constante devanear?