Epílogo

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Era dezembro e a Pensilvânia começava a receber seus primeiros indícios de neve, e ficar do lado de fora da Corte esperando a morena estava se tornando um tanto incômodo, mesmo que eu estivesse dentro do carro, mas isso se tratava mais do risco que estávamos correndo. Há alguns meses, em meio à crise social que assolava o reino moroi, Rose começou a falar frases desconexas enquanto dormia, dizendo que tempos sombrios estavam chegando e que ela precisava proteger Lissa. Eu não sei como o quinto elemento funciona, até hoje é um enorme mistério para nós, mas algo ruim estava prestes a acontecer e Rose sabia disso.

Avistei a morena caminhando na minha direção com passos curtos e apressados e suspirei pensando na confusão que estávamos prestes a nos meter.

-Lissa está tentando enrolar os guardas com o seu depoimento – Rose falou assim que entrou dentro do nosso carro e fechou a porta – Não temos muito tempo, Camarada.

Eu não respondi, apenas liguei o carro e fui em direção aos portões da Corte, onde alguns guardas não me pararam e liberam a minha saída de imediato.

-Vamos para onde? – Respirei fundo – Não temos um plano, Roza. Não podemos ir para a nossa casa na Filadélfia, é o primeiro lugar que vão nos procurar.

Afinal o assassinato da rainha havia sido cometido há poucas horas.

A situação entre Rose e a rainha estava mais tensa que o normal, isso porque Tatiana estava prevendo um desastre e queria que Lissa assumisse o trono, e ela vinha preparando a princesa para isso com artimanhas no último ano. Lissa não tinha nenhum interesse no trono e não gostou da sugestão da rainha.

-Ela não conseguiu mais atrasar os guardas – Rose falou com os olhos desfocados – Estão me procurando

-Eles vão nos alcançar! – Eu disse impaciente e achando que essa ideia de fugir foi um tanto irresponsável e impulsiva.

-Não vão – Rose disse saindo da postura inerte que assumia sempre que ia para a mente de Lissa – Dave me disse que comprou um chalé próximo da corte, e que ficava a uns cinco quilômetros do chalé do meu pai. Vamos nos esconder lá por algumas horas.

Há poucas horas Rose e a rainha tiveram uma discussão sobre o futuro da princesa dentro do reino, e com a crise e a instabilidade política, Tatiana armou um plano para tornar Lissa a nova rainha na esperança de que com uma progressista no trono, os ânimos se acalmassem. Rose não concordou e acusou Tatiana de empurrar Lissa para o fogo cruzado, além de querer revelar para a mesma que ela possuía um irmão bastardo.

-Tatiana esteve certa o tempo todo – Rose passou as mãos no cabelo e soltou um grunhido – De alguma forma ela sabia que o reinado dela estava ameaçado!

-Ela sabia que seria morta – Eu disse e pisei no acelerador. Eu não queria correr nenhum risco de ser pego, e poucos segundo depois entrei na estrada que levaria ao chalé do Tanaka – Era por isso que ela queria que a princesa, e todos, soubessem que ela não era a última Dragomir.

-Ela era uma vadia, mas não era uma vadia burra. Merda! – A morena xingou e passou as mãos pelos cabelos, um pouco angustiada – E nós estamos justamente fazendo o que ela quer, e para isso foi preciso ela ser assassinada!

Passamos o resto do caminho calados e eu podia ouvir as engrenagens da mente dela funcionando a todo vapor, tentando encontrar algum plano mirabolante para nos tirar dessa. Devo dizer, o timing dela para entender que logo seria culpada pelo assassinato foi rápido e achei precipitado, principalmente porque iríamos sumir do mapa por um bom tempo e ela seria obrigada a abandonar o semestre da faculdade e eu a minha vaga de professor assistente, nós nem teríamos chance de trancar a matrícula dela. Mas analisando toda a instabilidade atual e o histórico das duas, era o esperado que culpassem ela, e seja lá quem for o verdadeiro assassino, talvez ele tenha muito poder para plantar provas contra Rose.

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