08. Luto e calmaria

571 67 4
                                    

Ter aquela reunião foi totalmente desnecessário e constrangedor, mas pelo menos Dimitri não foi preso ou levou uma surra por ser um pervertido. Eu fiquei feliz que todos aceitaram bem, quer dizer... Nem todos, e era por isso que eu estava subindo as escadas em direção a maior suíte da casa. 

-Mãe? - Eu chamei por ela baixinho, enquanto dava batidas na porta. 

-Entre, Rose - Ela respondeu. 

Quando eu entrei, corri na sua direção e dei um pulo na cama para em seguida abraça-la. 

-Você está bem? Tem algum machucado que nem Dimitri tem na cabeça dele? - Eu perguntei preocupada e a procura de algum machucado - Quantas vezes a senhora já participou de lutas com tantos Strigois? 

Minha relação com Janine nunca foi das melhores, mas depois de Miami ambas têm se esforçado pra viver em paz. No fim eu entendi que ela só está fazendo o que tem que ser feito. Nós tínhamos os nossos momentos bons desde sempre, mas eles estavam aumentando e as brigas diminuindo.

-Eu estou bem, querida - Ela sorriu e suspirou - Por sorte não tive nenhum arranhão, e já tive mais lutas do que posso contar. 

-Como eu vou viver sabendo que todos que eu amo estão à mercê desses monstros? - Eu olhei para ela e a vi se mexer desconfortávelmente na cama. 

-Não se preocupe comigo, Rose, ou com Dimitri. Nós sabemos nos virar - Ela respirou fundo - Precisamos conversar... 

-Eu sei... Eu sei - Eu revirei meus olhos e deitei ao seu lado na cama - Eu não devia ter me envolvido com Dimitri, mas o que eu podia fazer? 

-Ter ficado longe dele - Ela entortou um pouco sua boca e desviou os olhos. Gesto que eu quase classifique como nervosismo - Mas não é isso... 

Eu olhei confusa para ela e esperei que ela continuasse. Depois das emoções de hoje e de ver que ela ficou chateada por descobrir tudo, eu imaginei que na primeira oportunidade ela iria brigar comigo. 

-Nem todos sobreviveram... - Ela olhou para e carinhosamente segurou minha mão - Mason Ashford não sobreviveu. 

-Como? - Eu falei tão baixo que a palavra se fez inaudível até para mim. 

-Querida, infelizmente é algo comum no nosso mundo. Ele morreu fazendo o seu trabalho, protegendo uma criança moroi que estava prestes... 

Ela se interrompeu ao ver minha expressão. Meu rosto estava longe, buscando lembranças minhas e do meu amigo desde quando éramos crianças, de quando nós gostávamos de apostar corrida no parque da escola ou de como ele tentou me encobrir quando eu acidentalmente derrubei uma garota da árvore, fazendo com que ela quebrasse o braço. Meus pensamentos foram até às lembranças atuais, de quando eu o vi na academia e de como recuperamos a nossa amizade tão rápido, dos beijos e do breve sentimento não correspondido, e principalmente o carinho e respeito que tínhamos um pelo outro. 

-Mas... - Sussurrei e senti as lágrimas descerem. Limpei rapidamente e tentei assumir uma postura dura. Eu não gostava de chorar na frente da minha mãe porque ela aparentava ser sempre tão forte, e eu queria ser igual ela. 

-Infelizmente as coisas são assim, querida - Ela me abraçou e alisou os meus cabelos - Não precisa se fazer de forte. Pode chorar. Ele era seu amigo, eu sei o quanto dói. 

-Eu pensei que todos tinham até os 18 anos antes de... - Minha voz estava embargada e eu não aguentei. As lágrimas vieram com força total e eu afundei meu rosto no peito da minha mãe. 

-Melanie não mora muito longe daqui - Ela disse com a voz incrivelmente calma - Daqui a pouco irei ligar para ela, para saber mais sobre o velório. 

Novo Outro MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora