V - Aproximação

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Os dois demoraram algum tempo para chegar no topo da colina, mesmo o caminho "secreto" ajudando bastante. Levi ficou realmente surpreso quando viu a vista dali: toda Deira lá embaixo, e a floresta que se estendia a toda volta. Erwin deixou a cesta no chão, jogou a cabeça para trás e fechou os olhos, sentindo o sol e vento em sua pele. Levi o observou por um instante, vendo o brilho do sol refletir nos cabelos, sobrancelhas e cílios dourados do outro, o que o tornava ainda mais estupidamente bonito.

Os olhos azuis claros - que eram tão parecidos com o céu daquele momento - de Erwin encontram os de Levi e ele abriu um grande sorriso para o moreno. Levi desviou o olhar, se sentindo corar um pouco, sem entender muito bem o motivo. A forma que Erwin o olhava, como ele tinha o tocado mais cedo...

"Mike e eu descobrimos esse lugar quando crianças e sempre vínhamos aqui. Nosso lugar 'secreto', onde ninguém podia intervir e não tínhamos regras para seguir", Erwin se aproximou, parado ao lado de Levi, olhando tudo em volta, "Nós gostávamos de olhar em volta e pensar em todos os lugares que não conhecíamos e que nossos pais tanto falavam".

"Não sabia que vocês eram tão próximos...".

"Mike é meu melhor amigo. O pai dele foi o principal cavaleiro do meu pai. Como ambos não tivemos irmãos, acho que nos aproximamos naturalmente e passávamos a maior parte do tempo juntos", Erwin passou a mão pelos cabelos, "Faz muito tempo que não venho aqui, mas... Achei que você ia gostar", ele deu de ombros, como quem quer dizer que foi algo bobo.

Erwin se afastou e Levi continuou parado, olhando em volta, sentindo a leve brisa daquela tarde, "Não é um lugar ruim", ele falou depois de um tempo, se virando e vendo que Erwin tinha arrumado as coisas para que eles comessem, "Não é uma porcaria de piquenique, hm?".

"Só vai ser um piquenique se chamarmos assim", Erwin disse que volta, servindo vinho para ambos e se encostando no tronco de uma árvore. Ele havia tirado as botas e aberto alguns botões da camisa que vestia, completamente a vontade.

Levi se aproximou, sentando-se próximo, também apoiado na árvore e tomando um gole do vinho, enquanto olhava o que tinham para comer.

"O que tem achado de Deira?", Erwin perguntou depois de um tempo, pegando algumas frutas para comer.

"Também não é tão ruim...", Levi respondeu depois de engolir um pedaço do lanche que comia, "Acho que posso me acostumar, no final das contas. Não é como se eu tivesse muita opção, não é mesmo?".

"Não quero que você se acostume por não ter opção, mas porque sente que aqui pode ser seu lar também", Erwin não sentiu qualquer ressentimento vindo do comentário de Levi, mas achou que aquele era o momento de explicar aquilo, "Se eu puder fazer algo...".

"Erwin, você tem feito o bastante. Tenho Gaia, posso ir onde quiser, falar com quem quiser e ser tão livre quanto um príncipe ou rei pode ser em sua própria terra. Além disso, você arranjou todas as coisas que gosto", Erwin se ajeitou ao ouvir aquilo, o que quase fez Levi sorrir, era algo óbvio, mas talvez Erwin esperasse que ele não tivesse notado?,

"Quem te contou? Mikasa ou minha mãe?".

"Mikasa. Sua mãe também ia falar, porém sua irmã foi mais rápida. Ela me procurou na manhã seguinte do nosso primeiro jantar".

"Você poderia ter ignorado todas essas coisas e poderia me manter preso em uma parte do castelo, porém você me deixa ser eu mesmo e fazer o que bem entendendo. Você tem feito o bastante, e eu sei disso", Levi olhou em volta, "Até mesmo me trouxe aqui, num lugar importante para você, e fez esse piquenique idiota que você se recusa a chamar pelo nome certo só para me agradar".

Erwin aceitou aquilo como o elogio que sabia que Levi estava dando. Ele sabia que o outro não era estúpido, porém não esperava que o príncipe estivesse reparando nos pequenos detalhes e muito menos que reconhecia o esforço dele naquilo.

[HIATUS] All I ask of youOnde histórias criam vida. Descubra agora