VII - Banquete

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A reunião aconteceu a tarde, no escritório de Erwin. Além do Barão, estavam lá Eld e o padeiro, que era o representante do povo. Era um encontro pequeno para um primeiro debate, antes deles levarem o assunto aos outros membros da corte. Levi se limitou a ficar encostado num canto da sala, próximo a uma das janelas, enquanto guardavam o rei.

Eld e Joseph, o padeiro, estavam relaxados e já haviam se servido de chá e biscoitos, discutindo algum assunto trivial. O Barão mantinha uma postura rígida, lançando olhares desgostosos a Levi, que simplesmente o ignorava e o irritava ainda mais com sua atitude.

Erwin entrou no escritório e cumprimentou a todos, se mantendo de pé.

"Acho que nossa reunião será mais proveitosa se olharmos o mapa", ele sorriu educadamente, indicando a mesa onde ele e Levi haviam montado o mapa algumas tardes atrás.

O barão permaneceu no mesmo lugar, limpando a garganta para chamar a atenção para si. Eld e Joseph pararam no meio do caminho, olhando na direção do outro homem, enquanto Erwin manteve uma expressão neutra, apesar de não esperar algo bom vindo dele.

"Não sabia que o príncipe ia participar", o Barão lançou um olhar em direção a Levi, que continuava na mesma posição.

"Qualquer assunto de Deira é do interesse de Levi também", Erwin falou tranquilo, porém firme, olhando para o Barão da mesma forma.

"O casamento não foi consumado", ele apontou, olhando quase em desafio para o rei.

"Esse não é assunto para o momento. Levi é meu marido e participará de qualquer reunião sobre Deira que queira participar. Isso não está em discussão", o olhar de Erwin era frio e ele não aguardou a resposta do outro, dando as costas e indo até a mesa.

Eld e Joseph ficaram em silêncio, evitando fazer contato visual mesmo entre eles. Levi passou pelo Barão sem o olhar, se juntando aos demais. Mesmo contrafeito, o Barão se aproximou da mesa, olhando o amplo mapa cheio de marcações.

Erwin explicou cada detalhe do que haviam planejando. Não encontrando qualquer resistência quando apresentou a possibilidade de utilizarem o porto de Sila. Mesmo o Barão concordou com a ideia e apontou algumas alianças que poderiam criar, além do nível comercial, que beneficiaria ambos os reinos.

O ponto seguinte envolviam Oryn. Levi deixou que Erwin explicasse todos os detalhes, ciente de que o rei se expressava muito melhor e tinha maiores chances de convencer o Barão a aceitar a ideia. Levi provavelmente só teria dito que eles iriam usar Oryn porque era sua melhor opção, fim do assunto.

"O momento político de Oryn me preocupa", o Barão começou.

"Nossas rotas não foram prejudicadas, apesar de Aksum", Levi respondeu prontamente, sabendo que esse era o ponto que gerava receio a maioria das pessoas.

"Porém quais garantias temos de que essas rotas irão permanecer disponíveis? Oryn não me parece uma opção segura. Temos outras rotas como opção...", ele não olhou em direção do príncipe.

"As rotas em questão nunca envolveram Askum. Todos os produtos entram a partir de Oryn e são distribuídos a partir deste ponto", Erwin contrapõe, "Existem outras poucas rotas e nenhuma nos atenderia a contento, além de gerar um esforço muito maior para resultados poucos satisfatórios".

"Ainda assim, Oryn é extremamente arriscado. Não é possível garantir a hegemonia de Oryn em um momento como este e arriscar que o fornecimento limitado de alguns produtos se torne a falta completa dos mesmos".

"Você está basicamente chamando seu rei de burro", Levi falou antes que pudesse se conter, atraindo a atenção de todos, "Você está dizendo que seu rei é um idiota que não analisou sequer as vantagens de um casamento e as possibilidades de Oryn de se manter, ainda que em partes devido a essa aliança", ele apoiou ambas as mãos na mesa, inclinando o corpo um pouco para frente, em direção ao Barão, que estava do outro lado da mesa, "Você acha que Erwin é um completo estúpido que colocaria todo seu reino em risco?".

[HIATUS] All I ask of youOnde histórias criam vida. Descubra agora