O Começo

893 59 19
                                    

Gizelly POV

Estávamos no meu escritório, grande e amplo no último andar do edifício, o design sóbrio com tons escuros e detalhes de madeira formatavam o lugar, as grandes vidraças permitiam a vista da cidade de São Paulo por cima. Já era noite, tudo já era iluminado pelas lâmpadas amarelas que rodeavam o ambiente. As portas estavam fechadas um dos meus seguranças estava parado ao lado da porta, imóvel. Enquanto eu estava sentada na minha cadeira, no centro, ao meu lado estavam Thelma, minha conselheira e do outro lado Pyong Lee meu contador.

-Estamos falando de quanto? – Perguntei aos dois homens que sentavam do outro lado da mesa. Todos os dois de ternos acinzentados, sérios e com suas maletas no colo. O primeiro destravou sua maleta e deslizou os papeis para mais próximo de mim.

-Nossa previsão é que o negócio nos traga um valor bruto de 12 milhões e meio Sra. Bicalho.-Ele olhou para o seu parceiro entusiasmado. -Nós podemos...

-Sh...-Eu o interrompi e ele cessou a fala de imediato. Meu dedo indicador batia ritmicamente na mesa, comecei a analisar os papeis a minha frente. Eu conseguia sentir o olhar deles direcionamos a mim. Esperando um decisão. Ao mesmo tempo estava intimidados, poderia de dizer que sim, estavam com medo.

-Se cortarmos alguns custos operacionais, poderíamos lucrar ainda mais...-Pyong falou anotando algumas coisas nos papeis que segurava.

-Thelma, o que acha?-Olhei para a mulher no meu lado esquerdo, que também estava atenta aos papeis.

-Gizelly, é arriscado. Você sabe que temos informações sobre uma possível operação deflagrada pela PF...- Ela ponderou.- Talvez não seja o momento de trazer os holofotes para a empresa.

-Se me permite Sra. Bicalho.- O outro homem interrompeu. -Essa será uma grande jogada, é arriscado mas se conseguirmos podemos abrir outro mercado para a Bicalho Investimentos.

-Estamos falando de quanto de risco?-Questionei aos homens.

-36% chegando até 40%... É alto mas dado ao retorno... é de se pensar.

-Nossos amigos estão satisfeitos?- Indaguei mais uma vez.

-Sim, eles estão senhora. Está tudo sob controle.

O silencio se instaurou. Todos os olhos estavam voltados para mim, eu podia ouvir o bater do ponteiro do relógio. Olhei para os papeis mais uma vez até que a batida rítmica do meu indicador parou.

-Eu não quero rastros dessa movimentação, me ouviram?-Afirmei olhando nos olhos de cada um. Eles engoliram a seco. –Eu não quero que essa conta chegue para vocês, temo que vocês não terão como pagar. -Senti o medo no olhar de cada um.

-Não se preocupe senhora, você não vai se arrepender. -O homem pegou os papeis e estendeu a mão com um sorriso no rosto.

- Podem ir agora.-Eles levantaram e saíram o mais rápido possível.

-Gizelly...-Thelma tentou iniciar um sermão.

-Eu sei o que eu estou fazendo Thelma.  –Levantei. -Eles não vão chegar na gente.

-Espero que não Gi..-Ela respirou fundo.- Você sabe o que está em jogo, precisamos ter cautela.

-Vamos lá Thelma... Olha ao redor. -Mostrei o lugar, um pouco contrariada. –Olha onde estamos. No topo. Você vai pra sua mansão, no seu carro importado e vai tomar banho da sua banheira de mármore inglês... Tudo o que a gente tem e conseguiu não foi tendo cautela. A gente se arrisca!

-Esse não é o ponto, eu sei o que passamos pra chegar aqui Gizelly. –Ela retrucou. – Mas o meu trabalho é te ajudar a controlar a única coisa que pode te destruir... Sua ambição. Ela te trouxe até aqui mas pode ser a mesma pode te colocar em desgraça.

Nos Braços do Inimigo - Giselly & RafaOnde histórias criam vida. Descubra agora