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Seungmin esperou Hyunjin tomar banho e guardar seu material, dando mais espaço para ele no sofá e se sentou ao seu lado, não mantinha contato visual, sua atenção estava voltada para seus dedos entrelaçados no colo.

- no natal do ano passado eu me assumi gay para os meus pais. - começou num fio de voz, estava nervoso. - foi algo impulsivo, eles queriam me casar com uma garota sem me dizer nada, segundo eles eu estava ficando velho e teria que me casar logo. - suspirou meio incomodado pelas lembranças. - eu tinha acabado de fazer dezenove anos e aquilo foi um choque e eu apenas explodi. Toda minha família me escutou e eu fui o assunto das conversas familiares por muito tempo, meus primos se afastaram de mim por medo que eu viesse a gostar deles e os levassem para o mal caminho. - soltou uma risada pelo nariz, negando com a cabeça ao lembrar de tais palavras ditas por aqueles garotos. - minha mãe dizia que era apenas uma fase, que eu era um homem que daria vários netos a ela e teria uma linda esposa. Aquilo doeu, sabe? - encarou hyunjin. - eu sou um homem, não sou? Eu posso dar netos a ela, não posso? Eu vou me casar um dia e ter um lindo esposo, mas não era isso que ela queria.

Hyunjin não sabia o que dizer pela primeira vez em tempos, apenas esperou Seungmin continuar. Queria tanto abraçá-lo e dizer que estava tudo bem, mas se manteve no lugar, seus olhos presos a qualquer movimento do menino.

- naquela noite que você me achou eu tinha brigado com meu pai. - umedeceu os lábios e continuou, uma raiva tomando conta do seu peito. - por todo esse tempo ele vinha dizendo coisas horríveis e me julgando, mas naquele dia ele se superou de uma forma que me irrita até agora. - encarou hyunjin. - ele me chamou de vadia, disse que eu sairia dando para qualquer um que visse na rua. Disse que eu era uma escória da sociedade, que viadinhos como eu merecem apanhar todos os dias por sermos quem somos, eu senti tanta raiva que disse que pessoas como ele que são escórias da sociedade, pessoas com a mente do tamanho de um átomo, sem a menor noção do que diz. Eu me irritei tanto pela forma que a minha mãe o defendia e dizia que eu era o errado que eu sai, sai de lá apenas com a roupa do corpo e fui embora.

Seungmin respirava com dificuldade, um nó se formava em sua garganfa, seu coração batia tão rápida que chegava a ser doloroso. Lembrar daquilo tudo era demais para ele.

- eu não tinha pra onde ir, mas preferi ficar na rua do que dentro da minha própria casa. - seus olhos estavam cheios de lágrimas, aquela visão fez Hyunjin estremecer por dentro, não podia dizer que entendia a dor de Seungmin, mas era como se sentisse o que ele estava sentindo.

Pouco se importou com o baixo nível de intimidade que tinham e abraçou o castanho tão forte que queria fazer sumir qualquer resquício de dor nele. Estava sendo sufocante no começo, mas aos poucos achou uma posição que fazia seu pequeno e trêmulo corpo se encaixar em Hyunjin.

Seungmin chorou tanto, as vezes queria gritar para o mundo que odiava a todos. Era uma dor tão profunda que o sufocava. Seu pai era como um herói para ele, apesar de todas as pequenas discussões que teve bem antes de se assumir, agora ele era o vilão, daquelas o amendrontava quando era criança.

- por que eu nasci assim, Hyunjin? - disse entre lágrimas quentes que desciam como cachoeiras. - eu sou tão errado e sujo, eu desejo nunca ter nascido todos os dias.

- não diga isso! - exclamou. - você não é sujo e nem errado, esse é você e que se dane os outros. Se orgulhe do homem que você é. Eu não te conheço a muito tempo, mas quem se importa com o passado? Ja passou, temos que seguir em frente. - segurou nos braços de Seungmin, o colocando de frente para ele. - minha mãe sempre dizia que nosso passado, por pior que seja, nos fazem ficar fortes como pessoa no futuro. Você não está mais sozinho, eu estou com você e não estou falando isso por pena, eu realmente quero ser seu amigo e te ajudar no que for preciso. - desceu suas mãos pela pele macia de Seungmin até alcançar suas mãos. - não diga que não quer ter nascido, você é muito especial pra nunca ter existido.

Seungmin fungou, ainda soluçando pelo choro, ele analisou o rosto do rapaz na sua frente, seu sorriso caloroso como o verão depois de um inverno traiçoeiro era tão perfeito para todas as ocasiões. Como um conforto para uma mente conturbada como a de Seungmin. Sem dizer nada apenas voltou para o conforto dos braços quentes do moreno, escondendo seu rosto no ombro largo do outro, querendo sumir por um momento daquela sensação ruim que cobria seu coração como uma manta quente.

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