Ligo o chuveiro, e por um momento fico encarando a água pairar em meu longo, curvatório e devasto corpo. Até eu desviar o olhar para cima, quando defeitos começo em mim achar. Chego a precionar a mim mesma em ser aquilo que não sou, tentando força para dentro, com meus longos e finos dedos, aquela minha barriga, quando ninguém está disposto a olhar.
A parte mais difícil é quando vou me trocar, porque eu encaro meu reflexo no espelho, e ele também me encara. Eu choro, choro por não ser a perfeição do humanismo, choro por representar o romantismo, e eu não quero isso. Chego a sentir minhas entranhas saírem, de tanta força que eu faço para a comida voltar, é um arrependimento grande que eu tenho, toda vez que a comida chega na minha boca tocar.
Talvez seja culpa da genética, mais que merda de genética, por que não me fez ser magra. Agora terei que me dar o trabalho de ir além dos limites que o meu corpo poderá suportar. Tudo por causa dessa tal de genética.
Até vinagre cheguei a tomar, mais acho que não adiantou nada. Por que é tão difícil ser bonita? Se eu fosse homem, será que isso me aconteceria ? Será que a vaidade iria circular por todo o meu corpo como ela circula agora? Talvez esse seja o meu segredinho que estou disposta a guardar, que minha vaidade um dia, talvez possa me matar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Críticas poéticas
RandomVindo através de meras palavras, expostas em poemas, textos, e frases, à críticar assuntos, e expor memórias passadas ou futuras utopias. Visando também a conscientização de assuntos delicados. Nada mais, nada há menos♡ Capa feita por @khenriquek