dada a sentença de que suas mãos abrigam gelo, eu poderia beijá-las pedindo silenciosa e falsamente comovida para que seus labios deixem de projetar fogo em meu rosto quando tudo que eu mais quero é que você desista de perseguir aquilo que parece inalcançável porque eu sei que algum dia você ainda vai morrer tentando escalar o everest em pura ignorância lúdica banhada na vontade ser aceito pelo próprio ego?
sim. eu sei bem como é.
gritos vazios e malignos, sacudindo as frágeis estruturas em recusa milenar, jurando castidade e dizendo coisas tão borbulhantemente frágeis somente para agredir os pequenos muros que envolvem os corações de pedra, mas você não acredita na própria cara de vítima que faz em frente ao lago conjecturado que fica lado da cabana, justamente pelo fato de que os seus olhos são muito mais dos que janelas para a sua alma.
eu já estive em muitos armários espiando tudo de pior que o ser humano no profundo ensaio sobre a soberba já conseguiu fazer, e depois de cada grande final romântico sobrepujando suas pálpebras, eu conseguia ser muito mais do que você pensava que eu era, mas a parte de ruim de me atrelar à coisas intangíveis é justamente a ilusão de que tudo que eu recito fervorosa em frente à você existe em alguma dimensão além da minha cabeça de vidro temperado: impenetrável & vazia. não existe nada aqui dentro.
você sorria contente, me enchia de pedidos de desculpa e quando eu ameaçava fugir da cama só porque tinha ouvido o rastejar quase inaudível de uma cobra à enrolar seu corpo frágil em meu pescoço, você ia lá e me dava um beijo na testa, sabendo do fundo do coração que eu sempre fui menos do que quis que você acreditasse. e então, meus joelhos se quebravam e eu voltava a ser o animal rastejante feito sombra. o cachorro acorrentado ao pé da cama.
mas não se esqueça, onde quer que você esteja dentro dessa masmorra, eu estarei atrás, porque em todo lugar em que um corpo existe, a sombra escorrega entre paredes, cruzando os dedos numa promessa divina, mas ninguém olha para trás somente para se certificar da prisão em que vivemos. não dá pra escapar da própria natureza.
talvez um dia eu realmente aprenda a andar, chan.
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FOREHEAD KISSES
Fanfiction[이달의 소녀 + 스트레이 키즈] então, meus joelhos se quebravam e eu voltava a ser o animal rastejante feito sombra. [kim hyunjin × christopher bang (bangchan) ✧ loona + stray kids] ﹫EXONOIR, 2020