Eduardo tinha tudo para ser um garoto bem sucedido e lutava por isso com a certeza de que conseguiria tudo o que almejava. Henrique, um eterno admirador do universo, nunca fez planos, pois dizia que a vida era curta demais para ser pré-moldada. E be...
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Eduardo era o tipo de garoto que sempre esperou viver até os cem anos de idade. Para ele, cem anos parecia pouquíssimo se comparado a tudo o que ele tinha em mente. Um futuro promissor esperava por ele, terminaria o terceiro ano do colegial e em seguida, iria para a universidade de letras inglês. Inclusive, já até gravava aulas de inglês em seu canal no YouTube, o qual contava com mais de 2 milhões de inscritos, pessoas de várias partes do mundo que acompanhavam sua vida agitada.
Na maioria do tempo, Eduardo estava focado. Focado em ser o melhor, em dar o seu melhor naquilo que ele queria e amava fazer. Egoísta? Ele não diria isso. Contudo, àquela altura, queria viver por ele mesmo. E estava conseguindo isso.
Seus pais sempre esperaram mais do que ele oferecia. Almejavam que estudasse administração no exterior, tornando-se um homem sério e influente e assim, fosse o orgulho da reconhecida família Macêdo. E bem, era definitivamente tudo o que ele não era. Edurado era na verdade, motivo de vergonha para sua adorável família. Um garoto gay, afeminado e que não fazia "nada da vida" a não ser gravar videozinhos por aí, era o que o pai dizia. Como se fosse fácil a vida de um Yotuber... Eduardo sabia que não era.
Mas ele não se dava por vencido. Nunca se deu, na verdade. Provou para todos que aquilo pelo qual lutava, era sim um trabalho e que ele seria reconhecido por isso. E conseguiu, quando um dos seus vídeos viralizou na plataforma após longos meses de empenho e trabalho. Era o início de uma vida de sucesso, finalmente ele seria um Yotuber reconhecido como sempre sonhou. Mas como bem sabemos, a vida é totalmente imprevisível, não é mesmo, caro leitor?
Seus pais eram pessoas influentes e com grande poder aquisitivo, mas todo esse dinheiro era incapaz de impedir o que estava por vir. O dinheiro não compra tudo, ao contrário do que muitos pensam.
Quando recebeu seu diagnóstico, ele chorou por incontáveis dias, perguntando-se porque tinha que ser com ele. Por que ele? O que tinha feito para merecer tamanha desgraça em sua vida? Sua irmã, Carolina, era a única com quem conseguia sentir-se bem para desabafar, pois, de seus pais, a única coisa que ele possuía era a indiferença.
O garoto ouviu batidas na porta, estava perdido em um turbilhão de pensamentos, mas mesmo assim, já sabia de quem se tratava. E conversar com ela sempre o fazia se sentir um pouquinho, nem que fosse minimamente, melhor.
— Posso entrar? — Perguntou Carolina, sua irmã. Ela tem uma aparência quase idêntica à sua mãe, os cabelos loiros e ondulados até os ombros e os olhos azuis são características marcantes. Assim como os seus traços perfeitamente harmônicos. Era diferente dele, o qual tinha cabelos castanhos e olhos esverdeados, mais parecidos com os de seu pai. Ele não gostava disso.
— Você sempre pode, maninha. — Afirmou, então ela abriu a porta e entrou devagar. O jovem abriu espaço para que se sentasse ao seu lado, em um sofá pequeno, um dos cenários o qual ele costumava gravar seus vídeos.
As paredes do quarto eram pintadas de preto e vermelho, repletas de frases motivacionais em inglês como "If you never try you'll never know" e sua placa de 1 milhão de inscritos ganhada do YouTube era exposta na parede próximo ao sofá, onde havia duas prateleiras com outros quadros e alguns livros.
— Como se sente? — Ela perguntou, de repente, fixando seus olhos nos dele. Carolina sabia muito bem como analisar os sentimentos do irmão mais velho e poderia praticamente prever quando ele mentia.
— Não adianta mentir pra você, né? — Ele riu, mas sua risada era sem humor algum. — Então... Eu me sinto morto. Como se já estivesse morto em vida, sabe?
Um silêncio se instaura entre eles de repente, mas é cortado por Carolina.
— Sabe, já se passou uma semana, Edu. — Começou a contar, Eduardo percebe que seus olhos azuis estão levemente marejados. — Uma semana desde que você se desequilibrou e caiu da escada e depois disso, passa horas trancado aqui, chorando ou se lamentando pelo que estar por vir. Você entende como tudo isso é inútil?
— Sim. — Ele afirma, sentindo uma lágrima quente e cortante escorrer sob sua bochecha. — Eu só não consigo aceitar, entende? Eu não quero, Carol! Eu não quero acabar assim! — Murmurou, caindo em um choro desesperado e contínuo. Aqueles episódios eram frequentes e ele não aguentava mais. Carolina apressou-se em segurá-lo em seus braços. As lágrimas que até então tentava prender, foram soltas sem aviso prévio.
— Você não sabe o que daria para que tudo isso fosse mentira, Edu. Eu só queria que fosse mentira! — Falou agarrada ao irmão.
— Mas não é, Carolina. Eu estou morrendo aos poucos, você entende isso? Logo estarei em uma cama e morrerei lentamente, enquanto meus pensamentos se mantém intactos. Você entende o quanto isso é uma droga? — O garoto gritou, não temendo ser ouvido. Ele só queria liberar toda sua dor e revolta. — Eu não quero morrer assim, não quero! Eu não quero ter essa doença!
Carolina tocou a face do irmão, os olhos claros fitando-o com carinho, como se pudesse fazer com que aqueles minutos segurando-o entre suas mãos pudessem durar anos. Era isso o que ela desejava, não queria perdê-lo. Não sabia como suportaria viver uma vida onde ele não estivesse ao seu lado.
— Mas você tem, Edu. — Ela proferiu, calmamente. — E você tem duas escolhas: conviver com essa doença e aproveitar a sua vida enquanto ainda pode ou lamentar-se até que seu estágio avance e não tenha nada que você possa fazer. Você entende isso, não entende?
O jovem sabia perfeitamente do que a irmã falava e sabia que era sua realidade. A perda de sua força e coordenação muscular estava tornando-se cada vez mais intensa, fato que o impedia de carregar até mesmo, uma câmera maior. Além disso, Eduardo não conseguia subir e nem descer mais as escadas sozinho, contando sempre com a irmã à cada vez que precisava descer o lance de escadas que levava-o até a cozinha ou vice-versa. Aos poucos, a normalidade abandonava sua rotina e o desespero roubava o seu lugar. Ele sabia que não tinha muitas opções.
Talvez estivesse na hora de seguir finalmente, os conselhos de Carolina.
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Oi, tudo bem? Espero que tenham gostado do primeiro capítulo desse conto! Foi escrito com muito carinho e será bem curtinho, com no máximo 4 capítulos. Se você gostou comenta aqui suas impressões e não esqueça de deixar sua estrelinha, vou amar saber o que achou! Um beijo.
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