Lágrimas - 3

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Harry mal podia acreditar. Diferente do dia em que derrotou Voldemort, quando teve que dormir em sacos espalhados pelo Salão Principal, agora poderia dormir em sua cama quentinha. De fato, a experiência de dormir naquele Salão não havia sido da mais positiva. O cochilo que teve na sala do diretor, antes de ter sido enxotado de lá pela Professora McGonagall, tinha sido muito melhor. Pelo menos, ele não sonhou com a volta de Voldemort enquanto estava lá. Mas isso é passado. A Torre da Grifinória estava como nova. Ali estava ela: Alta, reluzente, mais bela do que nunca, com seu sorriso incrível... Espere, certamente essa não é a descrição de uma torre. Sim... Só poderia ser a descrição dela. Gina, que havia passado grande parte do dia reparando a torre, estava lá.

Seu sorriso estava deixando Harry boquiaberto, mas para a sorte do garoto, Gina não percebeu sua cara de bobo enquanto a olhava. Ele mal tinha começado a subir os degraus da grande escadaria, mas já podia ver a garota próxima à porta do Salão Comunal. Harry, ainda olhando Gina meio abobado, quase afundou o pé num degrau defeituoso que estava na escada desde seu primeiro ano. Bom, algumas coisas nunca mudam. Ele sabia que no dia anterior a garota havia perdido um de seus irmãos. Mas, por incrível que lhe parecesse, ela estava agindo normalmente, dado a situação. Ontem ele não havia conversado muito com Gina e, para falar a verdade, nem hoje. Mas mesmo assim era estranho.

Harry estava pensando que ela vinha agindo de forma diferente com ele, estava demasiada distante. No pouco que conversaram, não passava de alguma piadinha ou uma conversa boba que logo acabava. Bom, no dia anterior estavam até tendo uma conversa mais interessante, mas Malfoy tratou de interromper tudo. E, hoje cedo, Harry quase foi atingido por uma telha quando conversava a sós com Gina. No meio dos pensamentos, ele errou a posição do pé ao subir um degrau e quase escorregou da escadaria. A essa altura, Gina já tinha entrado no Salão Comunal, provavelmente com Rony ou Hermione. Harry estava se atentando mais aos últimos degraus que restavam a subir, mas toda a preocupação que tinha em evitar quase cair novamente, foi interrompida por um outro pensamento: Ele não viu George hoje, o dia inteiro. E, além disso, Gina também não era a única pessoa parecendo mais distante. Rony também estava agindo como ela, não citou o nome de Fred uma única vez. Não que Harry o pudesse tê-lo mencionado, era difícil de pensar no nome mesmo em pensamento para ele.

Sim... Depois de tudo que aconteceu, era normal que todos estivessem diferentes. Mas Harry sabia que, mais cedo ou mais tarde, a morte de Fred viria à tona. Enfim, ele subiu toda a longa escada e chegou a porta do Salão Comunal. Não pôde evitar de continuar pensando em Fred e no restante da família Weasley. Contudo, seus pensamentos foram bombardeados por diversos sons distintos quando ele abriu a porta do Salão. Conseguiu ouvir o que deveria ser George dizendo "... Não acredito que ele caiu nessa", seguida por algumas risadas, que logo foram abafadas por alguns soluços.

Harry, ao prestar atenção, viu que todas a pessoas do Salão faziam parte da família de cabelos vermelhos que ele conhecia tão bem. George estava num canto com um caramelo na mão, Rony e Gina numa poltrona. Todos eles estavam com os narizes avermelhados e deixavam escorrer algumas lágrimas. Aquele difinitivamente não foi o melhor momento para que Harry entrasse no Salão Comunal. Quando o notaram, todos, quase que instintivamente, deram algum jeito de limpar o rosto.

– Você se lembra, Harry? – George, ainda com o caramelo na mão, se virou e disse. Harry estava pronto para perguntar "me lembro o quê?", quando ele continuou. – De quando o seu primo Denis comeu o caramelo incha-língua que Fred deixou cair, na última copa de Quadribol. A língua dele...

George não continuou. Parecia estar num conflito interno, decidindo se deveria rir ou chorar. Para Harry, lhe pareceu que o que estava acontecendo era uma mistura estranha dos dois. Mas como poderia esquecer daquilo? Os Weasley iriam buscar Harry para a Copa de Quadribol e, depois de todos saírem da lareira, Fred deixou cair propositadamente um punhado de caramelos no chão. Não era de se espantar que Duda, em toda sua gulodisse, tivesse pegado os doces. Harry mal teve tempo de corrigir George, que chamara seu primo de "Denis", pois ele também estava rindo.

Após o Fim - Continuando Harry PotterOnde histórias criam vida. Descubra agora