Um dos Reinos do Norte, localizado ao sul de Sodden, Cintra era conhecida como a cidade da leoa. Vulgo, rainha Calanthe. Já era noite, a neblina estava densa. A lua estava cheia e o céu cheio de estrelas. Para Yennefer, a feiticeira de Vengerberg, seria a noite perfeita para seus desígnios. Fora convocada pela rainha, após estarem sofrendo ataques misteriosos vindos de um dos calabouços do castelo. Mas algo estava errado. Seus poderes detectavam uma presença sobrenatural, mas a feiticeira não estava conseguindo ler seus pensamentos. O que era quase impossível. Então, se deu conta de que não poderia lidar sozinha com isso. Seja lá o que fosse. Enquanto estava em meio a seus devaneios, segurando a sua taça de vinho, percebeu uma presença nova. Seus batimentos cardíacos era lentos. Não era um humano medíocre. Acabara de adentrar na taverna, com sua capa preta de couro, que o cobria completamente. Mas aqueles cabelos brancos? Definitivamente, não era um humano. Talvez um feiticeiro, ou um mago. Yennefer precisava de ajuda para a sua missão. Então, ergueu-se da mesa de madeira, deixando a taça sobre a mesma. Suas vestes eram sempre de gala. Voluptuosas, provocantes, mas estrategicamente leves. Seu andar fazia ondular a barra do vestido preto. Embora fosse digna de medo, Yennefer era muito feminina e delicada. Porém, apenas de boca fechada. Seus cabelos negros estavam em um coque desajeitado. Estava sempre com sua gargantilha de obsidiana, que chamava atenção para seu lindo decote. Parou em frente ao bar, onde estava o misterioso homem. Logo, a feiticeira debruçou-se, apoiando seu corpo na superfície de madeira com os cotovelos. Ao seu lado, ele pedia informações sobre um mago da região. Mas o taverneiro não estava muito feliz em vê-lo. Yennefer mantinha sua expressão fria, calculista e dura. Seus lábios avermelhados abriram-se somente quando necessário. - O famoso Lobo Branco. É um prazer finalmente conhecê-lo. - Disse. Sua voz era macia e extremamente irônica. Estava com uma de suas sobrancelhas arqueadas, quando o bruxo virou-se para encará-la. Ele era mais bem afeiçoado do que haviam lhe dito. Isso a fez engolir seco.
O dia avançava para noite, as nuvens estavam baixas e opressoras, o luz das estrelas destacavam-se no fundo escuro do céu e uniforme. A natureza parecia sussurrar através do vento, soprava as madeixas platinadas, uma silhueta masculina de grande porte evidenciava pela neblina e conforme a cada passo avançado, possibiltava a facilidade da visão de todo o conjunto. O corpo robusto vestido por uma calça preta que se ajustava nas coxas torneadas, uma blusa negra que caía bem sobre os meus ombros largos e definidos, por cima desta peça de roupa complementava o visual com todo o contexto da armadura sobre a mesma. A espada estava guardada, os pés calçados por um par de botas revestida por um tecido grosseiro e uma plataforma firme que facilitava no equilíbrio dos passos. Os olhos flavescentes mapeavam os contornos do seu corpo, a cada passo que media para avançar, permanecia o olhar cravado porém desconfiado, como se pensasse duas vezes a cada distância encurtada, para expressar-se. O semblante era fechado, não compartilhando da oportunidade de espaço para estender um diálogo, pois cada resposta seria curta e objetiva. Conservou então silêncio, diante daquela recepção teatral e um tanto quanto adorável.
Yennefer não gostava de ser ignorada. Na realidade, em dias comuns, ela já o teria explodido a cabeça. Mas ela estava precisando de ajuda, então, manteve-se minimamente calma. Delicadamente, a feiticeira pôs-se de pé, mantendo a postura perfeitamente ereta. Lançou um olhar amedrontador para o taverneiro, que já a conhecia. Logo, o mesmo recolheu os ombros. - Traga duas cervejas para nós, sem derrubar uma gota. - Disse, com a voz dura de sempre. Não desviou o olhar do taverneiro, até o momento em que ele serviu duas canecas de cerâmica cheias de cerveja. Yennefer envolveu a caneca com as duas mãos, e a levou aos lábios, terminando o conteúdo em uma golada só. Após isso, bateu a caneca na mesa, chamando a atenção do taverneiro. - Vamos, imbecil. Traga-me outra. - Seu olhar agora estava sobre o bruxo, que sequer a proferiu uma palavra. Sua face estava pegando fogo. - Conheço o mago. Posso mostrar-lhe onde ir. - Sua voz era calma, mas visivelmente irritadiça. Yennefer se deu conta de que estava com um bigode de cerveja, então o limpou com uma de suas luvas pretas que estavam vestidas, sujando-a de batom vermelho.
Os olhos flavescentes perpetuaram a observação do contexto daquela situação. Em passos calmos e firmes, avançava até Yennefer, após a mesma se servir com uma sede que mais parecia infindável. O olhar vinha de cima para baixo, permanecia com a postura composta por uma seriedade e sensatez, responsável por si e somente por si mesmo. - Onde ele está? - O semblante permaneceu gravemente fechado, o cenho franzia-se moldando-se para uma feição interrogativa porém manifestando a seriedade. O taverneiro, trêmulo, entregava ambas as canecas de cerveja. Ele prosseguia dando goles curtos para desfrutar melhor do sabor da bebida proposta. O olhar conservava-se cravado aos de Yennefer, mapeava cada ponto de vista que as suas íris percebiam. O fato é que era um assunto de seu interesse e isso fazia com que o bruxo quisesse ficar mais perto para ter uma acessibilidade melhor ao compartilhamento de informações relatadas sobre o Mago, quanto mais ele pudesse saber ou descobrir sobre, mais facilitaria este encontro desafiador.
Quando finalmente seus olhares se encontraram, fogo e violeta, Yennefer percebeu de quem se tratava. Não era um bruxo comum. Não estava interessado em moedas, muito menos prazeres da carne. Estava interessado em um bem maior. Embora estivesse fitando-o profundamente, não conseguia ler seus pensamentos por completo. Isso a deixava preocupada, pois jamais havia duvidado de suas habilidades antes. Com ele, seria mais difícil. Mas nada era impossível para a lady de Vengerberg. A cerveja seguinte foi colocada à sua frente, mas a feiticeira não queria desviar de seu objetivo. - Siga-me. - Disse, dando as costas para o bruxo. Seu caminhar era sedutor, seu quadril se movia como em uma dança, seus cabelos se esvaiam do coque e se misturavam ao seu perfume de lilás e groselha. Yennefer estava indo direto para o castelo construído em pedras. Ela o estava levando para uma morte iminente. Ambos estavam caminhando dentre as árvores da floresta, caminho comum para seu destino. Yennefer não olhou para trás em nenhum momento, mas sabia que ele a estava acompanhando.
Por mais que aquela doce madame parecesse valer a sua admiração, a sua intuição prevalecia intacta. Seu corpo estava inteiramente em aviso, assim como a sua mente. Conservava-se o silêncio solene, era apenas possível ouvir os seus passos serem dados. A cada compasso, os de Geralt iam lentos e firmes, porém cada vez mais multiplicava-se a desconfiança. A fragrância do perfume da feiticeira, conforme a cada movimento de seu corpo curvilíneo, espalhava-se o aroma inebriante. Arrancava um rosnado baixo do homem, opressor e rouquenho do fundo da garganta. - Você não está me levando até ele. -
Freou os passos. A sua presença já não era mais tão próxima assim do corpo de Yennefer como antes.
Alguns passos dados, ao meio da floresta, a feiticeira pôde ouvir um barulho rouco, vindo de seu parceiro de caminhada. Sua pele estava estranhamente ouriçada, o que a fez esfregar ambos os braços. Talvez fosse frio, coisa que nunca a incomodou outrora. Ouviu um cessar de passos, e então, a feiticeira girou seus calcanhares para fitá-lo. Seus lábios, indignados, estavam agora entreabertos. Após ouvir o que lhe foi dito, franziu-se a testa. Yennefer pôs-se a caminhar com certa rapidez e menos graça, até que estava cara a cara com o bruxo. Seus punhos estavam serrados. A feiticeira tinha o costume de fitar aos olhos de seus adversários, e era o que estava fazendo. Podia sentir o cheiro de suor impregnado que vinha do carniceiro. Sua respiração densa, vinda de cima. Não pôde conter os seus olhos arroxeados, desviando-os para aquela boca carnuda e com alguns arranhões. Disse, ainda fitando-a: - Para onde estou te levando, hum? Consegue ver em uma de suas bolas de cristal, bruxo? - Seu tom era intencionalmente irônico. Sua voz, porém, aveludada e baixa. Sua boca estava cheia de saliva, algo que não pôde entender. Engoliu.
A distância se encurtava, a sua fúria pairava sobre o semblante, aquilo não era o suficiente para intimidar, não o bastante. A segurança prevalecia imponente, conservante. O olhar flavescente continuara a encarar-lhe profundamente nos olhos, lançando palavras calmas: - Uma armadilha. - Um passo foi dado e firme, avante, fazendo o seu corpo menor chocar-se contra o peitoral do bruxo. Geralt imediatamente segurou com força os ombros franzinos. Manteve as sobrancelhas acinzentadas franzidas a ela, a feição transparecia resistência. - Se for para me matar, me mate, mas o faça como uma bruxa de verdade. - A postura conservava a resistência, segurança, nada o estremecia, nem mesmo o gosto do medo em seu paladar surtia efeito. As pontas de seus dedos já não circulavam mais sangue, dada a intensidade com que a segurava.
O bruxo estava perto demais. Daquela distância, os poderes da feiticeira não seriam bons o suficiente. O tom ameaçador a fez suspirar. Mas não de medo, e sim de tédio. Aquela noite estava se prolongando demais. Seu olhar, assim como feições, agora não transpareciam absolutamente nada. Yennefer pressionou os seios contra o peitoral robusto de Geralt. Ainda fitando seus lábios, a mulher ignorou todas as palavras que saíram deles. A armadura a impedia de sentir o calor de sua pele. Isso a deixou ainda mais estupefata. - Eu não sou uma bruxa. - Disse, com a voz rouca e ainda baixinha. Yennefer aproximou os lábios avermelhados dos do bruxo, levando suas duas mãos delicadas para o abdômen dele. A mulher selou seus lábios com os dele, fechando momentaneamente os olhos. Seus lábios eram tão macios e ao mesmo tempo duros. Aquele cheiro amadeirado... Por um instante, esqueceu de seus objetivos. Assim que retomou a consciência, Yennefer passou sua língua quente e úmida ao lábio inferior do bruxo, sentindo o seu gosto. Após isso, puxou o mesmo com os dentes, soltando logo depois. Baixinho, e em seus lábios, ela proferiu algumas palavras em uma língua élfica antiga. Logo após isso, com as mãos, construiu um campo energético, jogando-o ferozmente contra uma árvore próxima. Com as mãos na mesma posição, permaneceu prendendo-o à árvore. - Eu sou uma feiticeira! - Disse, agora com a voz dura e extremamente alta.
Os seios estufados pressionavam a armadura do peitoral. Os lábios revestidos por um batom carmesim apalpavam os dele, dando inicio a um beijo. A língua adentrava e explorava pela outra, deixando apenas uma mão em seu ombro e levando a outra até a nuca quente e minúscula. Antes que o beijo se finalizasse, levava os lábios ao meio de sua pequena língua e trazia o movimento até a ponta, sugando-a com força e encerrando o gesto com uma chupada ao seu lábio inferior. O homem entrelaçou os dedos aos cabelinhos que na nuca pairavam, mas para variar, um imprevisto. O corpo robusto fora arremessado violentamente contra uma árvore, levando nos dedos alguns fios de cabelo negros. A batida do tronco com a coluna resultava em estalos do início ao fim, os olhos amarelados se voltavam para Yennefer, que prosseguia usando a habilidade de magia para bloquear os instintos de defesa do bruxo. - Se eu começar, eu não irei parar mais. - Disse ele, criando um campo magnético que proporcionava tempo para ele levantar e recompor a postura ereta. A mão canhota arrancava a espada que estava guardada em sua bainha, localizada nas costas. Segurou a lâmina afiada com firmeza pela base, no instante em que a equilibrava em sua mão, girando-a em movimentos curtos, disposto para iniciar uma luta sanguinária.
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Obsidiana
FantasíaYennefer de Vengerberg, dentre seus desígnios, busca a ajuda de um antigo e misterioso amigo. Com Geralt de Rivia, ela poderia deixar de se preocupar com seus monstros internos, já que o bruxo cuidaria disso muito bem. (+18)