te(u)mores póstumos

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Meu maior medo, menino, é que me façam uma autópsia literária
E descuram em mim todos os restos de textos, os quais nunca terminei.
Arranquem minhas vísceras poéticas e desnudem meus enfermos poemas intestinais, jamais expelidos.

Cortem toda a minha pele
e revelem
A minha doentia verdade:
Ter sido bem mais alma do que qualquer outra coisa.

Aliás, meu maior medo, menino, é que minha carcaça escancare o quanto eu nunca, nunca fui minha...
Tornando, assim, desnecessário meu esforço de privar o mundo da minha estupidez artística.

Temo, temo muito!
Que exale do meu ser decomposto o aroma putrefato da minha efêmera imperfeição:
Ser poeta de poemas ocos...

Vísceras PoéticasWhere stories live. Discover now