Capítulo 1: Prelúdio Matinal

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I close both locks below the window. I close both blinds and turn away. Sometimes solutions aren't so simple. Sometimes goodbye's the only way.
(Eu fecho ambas as f
echaduras abaixo da janela. Eu fecho ambas as cortinas e afasto-me. As vezes soluções não são tão simples. As vezes o Adeus é a única maneira.)
And the sun will set for you, The sun will set for you. And the shadow of the day, Will embrace the world in grey, And the sun will set for you.
(E o sol irá se por para ti, O sol irá se por para ti. E a sombra do dia. Irá envolver o mundo em cinza. E o sol irá se por para ti.)
Pink cards and flowers on your window, Your friends all plead for you to stay. Sometimes beginnings aren't so simple. Sometimes goodbye's the only way.
(Cartões roxos e flores na tua janela. Todos os teus amigos vão implorar para que fiques. As vezes soluções não são tão simples. As vezes o Adeus é a única maneira.)
And the sun will set for you, The sun will set for you. And the shadow of the day, Will embrace the world in grey, And the sun will set for you.
(E o sol irá se por para ti, O sol irá se por para ti. E a sombra do dia. Irá envolver o mundo em cinza. E para ti o sol irá se por.)
And the shadow of the day, Will embrace the world in grey, And the sun will set for you.
(E a sombra do dia. Irá envolver o mundo em cinza. E o sol irá se por para ti.)
And the shadow of the day, Will embrace the world in grey, And the sun will set for you.
(E a sombra do dia. Irá envolver o mundo em cinza. E o sol irá se por para ti.)

Sim, por vezes as soluções não são tão simples. Por vezes o Adeus é a unica maneira...

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Sete da manhã, ainda está escuro lá fora, aliás, nos últimos meses deixei de ver o sol. Acordo e faço a barba, quando faço, olho-me ao espelho, passo água na minha cara duas ou três vezes para tentar acordar, mas em vão, olho-me novamente ao espelho para tentar perceber se efetivamente sou eu que lá estou, por vezes já não me reconheço, já passou tanto tempo, o mundo está tão diferente que não sei, as vezes duvido que seja eu que ali esteja.


A minha cara esta moída com umas olheiras descomunais, já não procuro por ti, gostava de pensar que já não sinto a falta, mas estaria a mentir a mim mesmo, mas ainda assim, já não me interessa, desisti. Cheguei à triste conclusão na minha mente que não vale a pena, que o teu mundo já não é o meu mundo, e tudo o que te dei foi um erro... tudo não... recuso-me a aceitar que as nossas duas filhas foram um erro, pois para mim, elas são o que mais de sagrado tenho.


E se não estou neste momento ao lado delas é porque tu foste para longe, deixaste-me aqui no escuro e sozinho, mas não faz mal, não por ti, mas eu irei voltar a encontrar-te, pois de ti eu já desisti, mas delas não... delas nunca, e lembra-te que não te vou perdoar nunca por teres fugido com elas... NUNCA!!!


Saio porta fora ainda a vestir o casaco, já não reconheço esta cidade onde habito, a sério, o que era aquele bairro calmo que tanto gostávamos agora parece uma zona de guerra, onde está tudo destruído, os "miúdos" passam por carros e pegar-lhes fogo. A mim não me fazem mal, sabem que sou do bairro, mas para quem não conhecem, bem, ainda ontem vi quatro ou cinco miúditos de 15 anos a espancar um homem que devia de ter o dobro do tamanho deles.


E enquanto se estavam a distrair, um deles até se virou para mim a dizer adeus e a gritar "Bom Dia", eu como sempre abanei a cabeça e continuei a andar. Até que um deles parou a brincadeira e veio a correr até passar por mim, e enquanto passava até me gritou... "Sr. Miguel, tá atrasado hoje, mas não se preocupe que eu paro a camionete pa si." O puto até que é engraçado, é dos mais civilizados aqui no bairro.


E quando a camioneta se encontrava a virar a curva antes da paragem, lá coloca-se ele no meio da estrada com uma pistola apontada para o motorista que pára de imediato, pois não pagam aos motoristas o suficiente para levarem tiros...


Segundos depois lá cheguei eu a porta da camioneta enquanto que o puto olhava para mim a rir-se, e a dizer "Tá a ver Sr. Miguel, parou ou não parou", eu olho para ele, sorriu, coloco a mão no bolso e saco d'um cigarro, sim ainda não consegui parar de fumar, olho para o puto e digo-lhe "Toma Miz, e vê lá se não voltas a fazer essa merda que qualquer dia alguém passa-te a ferro."


E de imediato o puto dá-me logo resposta "Bigado Sr. Miguel, mas nã stress, tá tudo controlado..." e vira as costas volta a correr, agora com um olhar rasgado de vitória por ter arranjado um cigarro, para acabar o que o que o seu grupinho ainda estava a fazer. Foda-se estou a ficar sem guito, a merda da camioneta está um pouco mais cara do que no teu tempo, agora já não é os 0,55€, não agora tá mesmo a 1,50€, mas sou um cliente habitual, hoje passo só com uma moeda d'um euro.


Ai, caralho, a viagem até a estação dos comboios até que é rápida, só levou meia hora, a bófia decidiu fazer uma operação stop ao pé da escola e tive lá parado um horror de tempo, mais um dia atrasado, mas também já não me importa...


Pronto, cheguei ao comboio, lembro-me sempre de ti aqui... hoje consegui arranjar um lugar sentado, deve de tar para acontecer alguma merda, não é minimamente normal, mas caga nisso, ligo os meus fones, e fico a olhar para a paisagem, que está quase toda morda, pois onde se via vida e pessoas a passar, neste momento, bem... não interessa, nem sei como as coisas mudaram assim tão rápido, como é que a merda da economia se desmoronou tão rapidamente..., e acho que nem é para saber...


Mas também não importa, mais quarenta minutos e estou em Lisboa para tentar apanhar o autocarro, sim, pois longe vai o tempo em que eu apanhava o metro... o metropolitano esse já não existe mais, desde que se lembraram de fazer o suicídio em massa, que há muito que está fechado... é me indiferente, sabes, chego a que horas chegar... já nem me importa...

Sombras do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora