Manu
Acordei com o Bê me dando uma sessão de chutes, bufei. Era difícil dormir até a hora que eu queria, já que meu filho, mesmo antes de nascer, fazia questão de tentar mandar nos meus horários. Virei pro lado e não vi o RF, cutuquei minha barriga, e o Bernardo chutou uma vez, depois sossegou.
- Onde será que seu pai foi? - perguntei olhando pra barriga e levantei.
Tomei um banho, coloquei um vestido cinza colado tomara que caia, e um all star branco, ajeitei meu cabelo e sai do quarto. Fui pro quarto do Bê, olhei por um tempo e suspirei. A cada dia eu ficava mais ansiosa pra ver meu filho! Sai do quarto dele e desci. A casa estava vazia, milagre. Comi um misto, escovei os dentes no banheiro social, e sai.
- Vem sempre aqui gata? - ouvi alguém mexer comigo assim que fechei a porta de casa e me virei com um sorriso.
- Só quando você vem. - RF me lançou um sorriso da varanda da casa da Júlia.
Dei um sorriso pra ele, e fui pra casa da Ju. Mas assim que entrei, não tinha nem sinal da Júlia ou do Marcelo, fui direto pra varanda, com cara de interrogação. RF estava lá, observando o morro, então se virou pra mim, e sorriu.
- Cê tá linda. - falou me dando um beijo.
- Você é lindo. - ele sorriu. Senti uma dor forte, respirei fundo, me sentei no sofazinho e soltei um gemido de dor.
- Que que tá pegando? - perguntou me olhando preocupado.
- Dor. - agarrei o braço dele com força, e ele me olhou assustado. - Rafael, eu acho que nosso filho vai nascer.
Ele sorriu, se levantou, e me ajudou a levantar. Apesar de eu repetir várias vezes que não precisava de ajuda, ele fez que não ouviu, e me levou no colo até em casa. Assim que me sentou no sofá, correu pro quarto, pegou as bolsas, e a chave do carro. Colocou tudo no carro, e veio me ajudar, assim que fiquei de pé, senti água escorrer pelas minhas pernas, arregalei os olhos e olhei pras minhas pernas, depois pro RF, que me pegou no colo e me carregou até o carro. Ele me olhou, e acelerou o carro.
- Onde a Júlia tá? - perguntei, gemendo de dor e apertando o cinto.
- No hospital. - disse e eu olhei séria pra ele. - Eu ia te contar, mas não deu tempo.
- Davi nasceu? - perguntei com um sorriso.
- Nasceu. - respondeu com um sorriso. - Depois que eles saíram do pagode ontem, a bolsa estourou.
- Ontem? - praticamente gritei. Rafael riu.
RF
Chegamos no hospital no maior fuzuê, levaram a doida pra se arrumar, me mostraram o quarto que íamos ficar, coloquei as coisas lá e quando tava saindo, esbarrei com Marcelo entrando no quarto ao lado.
- Ô porra. - exclamou e depois arregalou os olhos.
- Vai nascar, Marcelo. - falei sem dar tempo pra ele, indo direto me vestir. - Vai nascer.
Troquei de roupa, e ô roupinha feia da desgraça. Entrei na sala onde a doida estava, ela estava toda suada, mas ainda assim, a mais linda do mundo. Sorri quando ela me viu, e isso pareceu relaxar ela. Fui pro lado dela, segurei sua mão, a médica pediu pra ela fazer força. Manu fez, e gritou.
- Amor, eu não sei se consigo. - falou me olhando com cara de choro.
- Olha pra mim. - falei. Ela olhou. - Você é minha mulher. Minha fera. Você consegue.
Ela assentiu, fechou a cara e olhou pra médica, que deu um sorriso, então a Manu fez força. Muita força. A médica disse que estava quase. Ela fez força, apertou minha mão, depois respirou fundo. Olhou pra mim, eu assenti, ela fez força mais uma vez, relaxou, apertou minha mão, depois fez força mais uma vez. Então ouvimos o choro do Bernardo. Manu me olhou com um sorriso que retribui, e a médica passou o Bernardo pra ela.
- Ô meu amor. - ela disse baixinho, chorando, enquanto passava a mão pelo cabelo dele.
Ela chorou, eu chorei, então a enfermeira veio querendo levar ele pra tomar banho, fechei a cara e a doida segurou meu braço, olhei pra ela.
- Você que vai dar banho. - e colocou o Bernardo nos meus braços.
Ela sorriu ao ver meus olhos marejarem. Olhei pro meu filho, que era lindo, e suspirei. Senti um amor tão grande quanto o que eu sentia pela mulher que estava ao meu lado e sorri. A enfermeira reclamou, mas Manuela olhou feio pra ela, que ficou quieta.
Sai e a enfermeira foi me guiando, chegamos no tal lugar, que estava com uns bebês em uma caminha, e um outro tomando banho, a enfermeira fez que ia pegar o Bernardo, mas olhei pra ela, que desistiu. Ela me ajudou a dar banho e vestir ele, então disse que precisava fazer algumas coisas que eu não entendi, e pegou ele, me guiou pra fora, e eu corri pro quarto. Troquei a roupa, passei gel na mão, e vi que Manu já estava lá, deitada na cama, olhando pro teto. Fui em sua direção, abracei ela, e beijei sua testa, então ela me olhou com um sorriso.
- Tem noção que eu acabei de fazer 19 e você acabou de fazer 20, e nós temos um filho? - ela perguntou, me olhando com um sorriso.
- Falta pouco pra ter nosso time de futebol. - rebati com um sorriso.
- Tá usando droga? - ela perguntou e nós rimos.
- Ele é tão lindo. - falei e ela me olhou com um sorriso enorme.
- Minha cara. - se gabou.
- Ah, coitada. - rebati e ela riu.
Uma enfermeira entrou empurrando a mesma caminha que eu vi quando fui dar banho no Bernardo, e a Manu se ajeitou na cama. Tirei ele da caminha, dei pra Manu, ela tirou o peito e deu pra ele, que pegou na hora.
- Parece que alguém tá com fome. - ela sorriu.
Depois de uns minutos, fiz o Bernardo arrotar, e Manu ficou com ele dormindo no colo. Eu não conseguia parar de olhar pra ele, e a Manu ficava olhando pra ele, depois pra mim, repetidamente.
- Ninguém me avisa! - Julia disse entrando com um embrulhinho nos braços, e Marcelo empurrando seu soro.
Ju me mostrou o Davi, depois me abraçou, então eu e MM nos abraçamos com força, e batemos um nas costas do outro, com um sorriso.
- Cadê o neném da dinda? - Ju perguntou com voz de bebê enquanto mostrava o Davi pra Manu, e a Manu mostrava o Bê.
- Vem aqui. - Manu disse olhando pro MM. - Esse aqui. - falou mostrando o Bernardo pra ele. - É o seu padrinho, tá? Ele é seu segundo pai. Meu irmão e do seu pai, não que isso faça sentido. E é também o que sempre salva a vida do papai.
MM ficou sem graça, então eu cheguei perto, e concordei com a cabeça, Manu estendeu o Bernardo pra ele, que me olhou, depois olhou pra ele, então pegou. Manu se sentou, e cruzou as pernas, dando espaço pra Júlia se sentar, ela o fez, e deu o Davi pra Manu.
- Oi neném. - Manu disse e passou o dedo pela testa dele.
- Essa ai é a doida da sua dinda, viu? - Ju disse e Manu sorriu, ainda olhando pro Davi. - Ela é minha irmã, e do seu pai também, também não faz sentido. Ela é a Fera! Esse aqui. - e me puxou. - É o bobão do seu padrinho! É nosso irmão também!
Eu sorri, e ela me abraçou. Manu me deu o Davi, e Ju pegou o Bernardo. Podia jurar que quando peguei o Davi, ele sorriu, mas não vou me gabar.
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Paty no Morro - 2ª temporada
RomanceO destino é cheio de reviravoltas, a vida nem sempre é um mar de rosas, mas será que existe o que separe Manu e RF? Nessa temporada veremos como eles mudaram, aprenderam e como sempre mostram que seu amor é invencível. Além de como a família cresceu!