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   — Fique a vontade, eu já pedi para prepararem seu quarto.

   Gwilym e Benjamin estavam andando pela mansão, o loiro olhava para os lados, como se estivesse esperando alguma coisa acontecer.

   — Certo...

   — Depois a gente pode ir buscar suas coisas no seu apartamento e...

   — Benjamin Taylor!

   E lá estava a pessoa por quem Benjamin esperava.

   — Oi pai. — Ele se virou preguiçosamente, dando de cara com um Roger Taylor irritado e um Brian confuso correndo atrás dele.

   — Com tantas pessoas por aí porque logo aqui?

   — Porque eu precisava que você conversasse comigo por mais de dois minutos pelo menos uma vez na vida!

   — Eu já sei o que você anda fazendo Benjamin, e você já está bem grandinho pra precisar de ajuda pra cuidar da sua depressão ou seja lá mais o que você tiver!

   — Roger depressão não é um resfriado. — Brian interferiu. — Seu filho precisa da sua ajuda, mesmo agora, ele só precisa que alguém escute ele!

   — Eu não tenho tempo pra essas coisas!

   — Então vá embora. — Disse Brian, cruzando os braços. — Eu não te suporto, mas o seu filho não tem culpa de ter um pai como você, então eu vou ajudá-lo com muito prazer.

   — Você não se meta...

   — Eu estar sendo melhor pro seu filho agora do que você já foi durante toda a vida dele te incomoda?  

   E então, houveram alguns minutos de silêncio, até que Roger tomasse a palavra.

   — Eu preciso falar com o meu filho.

   — Fiquem a vontade, vamos Gwilym. — Brian colocou o braço em volta do pescoço do rapaz, enquanto saía do cômodo com uma sensação de dever cumprido.

  Roger só precisava ser provocado para que começasse a agir.

   Agora que os dois estavam sozinhos, Roger suspirou, cruzando os braços e olhando para o loiro.

   — Fala.

   — Eu deveria estar muito feliz porque meus amigos se reuniram para me ajudar, mas eu pensei, porque meu pai não me perguntou como eu te estava? Você sabe que eu preciso de ajuda e você nem liga, eu já tentei me matar e você? Você estava bebendo em algum lugar com uma puta no colo!

   — O que eu poderia fazer? Eu te mando dinheiro, não é o bastante?

   — Você nunca está lá! — Ele gritou. — Você nunca esteve! Você nunca respondeu minhas cartas ou minhas ligações quando eu era pequeno, a primeira vez que você apareceu foi depois do funeral da minha mãe, e você só foi me procurar porque queria passar sua fortuna pra alguém! Eu perdi minha mãe, meu pai não dá a mínima pra mim, eu já estou cheio! Acha que eu ainda estaria aqui se não fossem os meus amigos? Eu não sei porque eu estou nessa droga de mundo e eu não vejo problema nenhum em morrer!

   — Benjamin. — Roger suspirou. — Eu achei que te mandar dinheiro era o suficiente.

   — Não é. — Ele olhou para Roger. — Você não acha que eu queria ter uma vida? Igual aos meus amigos? Mas eu não consigo... Eu não tenho vontade de nada, eu sinto um vazio muito grande, e eu só queria... Eu só queria que isso acabasse. — Lágrimas escorreram pelas bochechas dele. — É muito difícil pra mim ver meu pai ter tempo pra tudo menos para saber o quão mal eu me sinto, desde sempre, eu só queria... Que você fosse meu pai de verdade, eu sinto tanta vergonha de mim por estar surtando desse jeito... Mas eu perdi o controle da minha vida, e você sabe disso.

   — Então tudo o que você queria era que eu me importasse?

   — Todo o pai se importa com seu filho, bom, a grande maioria, eu deveria ter esquecido isso, mas ter você por perto é a coisa que eu mais queria na vida. — Ele suspirou. — Bom, agora que você finalmente me escutou... Você decide.

   — Benjamin...

   Roger suspirou, Benjamin realmente estava em seu pior momento, e pela primeira vez, Roger se sentiu culpado, por ter ignorado todas as tentativas de contato do garoto e por fingir muitas vezes que ele nunca existiu, ele poderia já ter feito alguma besteira...

   — Tudo bem Benjamin. — Ele coçou a nuca. — Me... Me desculpe.

   — Como é? Acho que não ouvi...

   — Me desculpa tá legal?! Eu achei que você ia conseguir se virar sozinho, eu não achei que as coisas fossem chegar nesse ponto...

   Enquanto isso, Brian e Gwilym conversavam em outra sala.

   — Você provocou ele de propósito pai?

   — Bom, não gosto do Taylor, mas eu quis ajudar o garoto. — Brian se espreguiçou. — Eu estive pensando, e se eu pudesse, sabe, fazer o senhor Taylor ver as coisas de uma maneira diferente?

   — Diferente?

   — Da forma menos egoísta e mesquinha possível. — Concluiu ele, com um sorrisinho. — Ajudar ele a ser uma pessoa melhor ainda é uma forma de ajudar.

   Gwilym sorriu de canto.

   — Você não se cansa não é mesmo?

   — Fazer o bem não é cansativo, e agora que eu e o senhor Taylor estamos trabalhando juntos, eu vou ter várias oportunidades. Agora vamos ver se eles já terminaram de conversar, e acho que depois dessa conversa, seu amigo não vai mais precisar morar aqui.

•••


   — Brian.

   — Sim? — O senhor olhou para Roger, um pouquinho surpreso, já que ele parecia bem mais calmo.

   — É estranho pra mim, ter o Benjamin por perto, mas eu gostei, parece que eu estou sendo pai pela primeira vez, nesses vinte e poucos anos que ele.

   Depois de todo o caos da noite anterior, Brian e Roger se encontraram em uma cafeteria para continuarem com o projeto beneficente.

   — Não sabe a idade dele? — Roger discordou. — Nem a data de aniversário? — E novamente, ele não sabia. — Pelo menos viu ele depois que ele nasceu?

   — Eu vi ele pela primeira vez quando ele tinha dez anos, e não olhe pra mim com essa cara. — Roger suspirou. — Você não sabe o quanto eu estou odiando dizer isso, mas ter o Benjamin morando lá me deixou mais feliz.

   — Então quer dizer que eu tinha razão?
  
   — Eu nunca disse isso! — Roger fechou a cara. — Não tem haver com todo o seu discurso idiota sobre família.

   — Mas é exatamente isso Roger. Bens materiais são substituíveis e o dinheiro acaba, mas o amor que você sente pela pessoas não, você não conseguia amar Benjamin como um pai porque você nunca se permitiu, mas nunca é tarde para recomeçar.

   — Vem cá, já pensou em escrever um livro motivacional?

   E os dois começaram a rir, o que foi estranho para Brian.

   — Certo, esquece, vamos voltar ao projeto, se a Dominique entrar na minha sala mais uma vez dizendo que tem alguém da mídia querendo me perguntar sobre a briga eu vou enlouquecer. — Roger se ajeitou em seu assento. — Estamos trabalhando, não estamos saindo para falar sobre nossas vidas pessoais e famílias.

   — A gente pode sair pra jogar conversa fora se você quiser. — Sugeriu Brian.

   — Isso não faz o meu estilo. — E suspirou Taylor. — Vamos focar no evento.

   — Como você quiser. — Brian se deu por vencido, mas ele ainda tinha muito trabalho a fazer.

   E o trabalho não tinha haver com o evento beneficente.

The Philanthropist • MaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora