Capítulo 1

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*Otávio on

*Três semanas antes

Caminho para fora da escola de forma frustrada, outro bilhete na agenda, outra suspensão, outro dia ruim. Aliás quem não teria dias ruins após descobrir que é adotado?

Entro em casa e largo a minha mochila em qualquer lugar, sigo para a cozinha e vejo mamãe com Maria no colo.

- Mamãe, você me ama? – Maria pergunta e minha mãe sorri, ela deixa a bandeja com biscoitos em cima da mesa e senta Maria no balcão.

- Eu te amo mais do que tudo no mundo.

- No mundo inteiro? – Maria pergunta surpresa.

- No mundo inteiro e mais um pouco. – Ela fala e começa a fazer cosquinhas em Maria.

Nego e me afasto, pego a mochila e saio de casa novamente.

Minha mãe já tinha falado isso para mim algum dia? Óbvio que não, mas não posso culpar ela. Maria era sua filha de verdade, sangue do seu sangue. Eu só era o filho de alguma outra pessoa que eles pegaram por dó.

- Garoto. – Escuto alguém me chamar e me viro vendo um homem loiro. Como eu não o conhecia resolvi ignorar. – Seus pais não lhe ensinaram que é feio ignorar os outros?

- Me ensinaram também que não se deve falar com estranhos. – Retruco ainda caminhando e ele dá risada.

- Deixa eu adivinhar, Diana que falou isso? Consigo imaginar essa frase saindo de sua boca. – Paro de andar quando ele menciona minha mãe.

- Quem é você? – Me viro encarando o mesmo.

- Amigo da família. – Fala dando de ombros. – Queria conversar com você, eu preciso te dizer algo que os seus pais te escondem a muito tempo.

- Que eu sou adotado? Veio me avisar tarde. – Falo entediado e ele me encara surpreso. – Se é apenas isso, adeus. – Arrumo a mochila em minhas costas e volto a andar.

- Olha, você não está facilitando. – Escuto sua voz soar de forma irritada, o mesmo me puxa pela alça da mochila. – Gosta das coisas objetivas certo? Então vou ser curto e grosso.

Ele tira uma foto do bolso onde tinha ele e mamãe, encaro o mesmo confuso.

- O que quer? – Pergunto e um sorriso se forma em seu rosto.

- Agora estamos falando a mesma língua. – Ele guarda a foto. – Sabe garoto, sua mãe era a minha namorada até o idiota do seu pai aparecer.

- Onde quer chegar? – Pergunto e ele revira os olhos.

- Você vai me ajudar a ter ela de volta.

- Claro que não, minha mãe é apaixonada pelo meu pai. – Falo como se fosse óbvio e ele fecha o punho com força. – Ela nunca deixaria ele.

- Mas vai, e você vai me ajudar. – Fala sorrindo de forma macabra. – Aposto que gosta bastante da sua irmãzinha, não é? Deve ser daqueles irmãos mais velhos que faria de tudo para proteger o mais novo não é?

- Fala logo o que quer. – Respondo já sem paciência.

- Essa falta de educação veio do seu pai com certeza, Diana não é assim. – Ele fala revirando os olhos. – Você vai me ajudar a ter Diana de volta, caso contrário mato sua irmãzinha.

- Você é louco? – Pergunto incrédulo.

- Não faria isso se fosse você. – O mesmo levanta a camiseta deixando amostra uma arma.

*Diana on

13 de Abril de 2020 - 17:45 P.M

Entro sentindo o desespero correr por meu corpo.

- ONDE ELE ESTÁ? ONDE MEU FILHO ESTÁ?

- Mamãe? – Escuto sua voz e o alívio toma conta do meu corpo, sinto minhas pernas perderem as forças e Dani me segura.

- Ele está aqui. – Ele fala beijando meu rosto. – Ele está bem. – Fala de forma baixa, mais para si mesmo do que para mim.

Otávio corre até nós e eu sinto seus braço rodearem a minha cintura.

- Me perdoa mamãe, eu não queria fazer isso... – Sinto suas lágrimas quentes molharem minha camiseta e abraço o mesmo. – Eu nunca faria isso com vocês, eu fui obrigado.

- Eu sei amor, a mamãe sabe. – Limpo as lágrimas do seu rosto e ele suspira.

- Senhor e senhora Nascimento? Gostaríamos de bater um papo com vocês. – O delegado fala se aproximando.

...

Abro a porta de casa e vejo Maria levantar do sofá desesperada.

- MANO. – Ela grita e corre até Otávio. – Eu pensei que você nunca mais fosse voltar, fiquei com medo. – Minha filha fala com a voz embargada e abraçando o irmão.

Meu coração aquece e eu sinto Dani rodear a minha cintura.

- Baby, ele está bem. Estamos todos juntos, vai ficar tudo bem. – O mesmo beija a minha bochecha e eu forço um sorriso.

Não iria ficar tudo bem, eu conhecia o Thiago o suficiente para saber que isso que aconteceu não era nem a ponta do iceberg.

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Escrito: 11.05.2020 - Postado: 11.05.2020

Sarah Soares

Semsentido0909

Maridadowinchester

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⏰ Última atualização: May 11, 2020 ⏰

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