Eu sempre tive um amor surreal pela medicina. Desde pequena tive absoluta certeza de que vim ao mundo com a missão de salvar vidas!
(Essa é a parte em que eu me imagino inflando o peito e colocando as mãos na cintura na típica pose de super-herói enquanto meu estetoscópio descansa nos meus ombros e meu jaleco branquíssimo é levemente balançado pelo vento)
Infelizmente meus sonhos naufragaram assim que vi o valor exorbitante da mensalidade da universidade particular. A nota pra entrar na Federal, então?! Seria praticamente impossível, mesmo tentando o SISU ou o ProUni. Foi então que aos dezoito anos, encarei o desafio mais (até então) empolgante de toda a minha vida: trabalhar em um hospital. Foi bastante assustador no começo. Diferente do que eu imaginava, não havia um ventilador na minha frente para agitar meus cabelos duros de gel enquanto eu passeava pelos corredores. Pode parecer inacreditável, mas eu não ganhei um jaleco escrito "Dra Cristina" com letras douradas. E descobri que trabalhar no atendimento ao cliente em um hospital público pode te fazer repensar no amor ao próximo e na sua capacidade de trabalhar sob pressão. É desafiador. E em meio a esse cenário de caos existem os médicos: a personificação dos meus sonhos ali, há poucos metros de distância dentro do pronto socorro, das enfermarias e centros cirúrgicos, frenéticos salvando vidas. Cuidando do próximo e se tornando cada vez mais...
...meus crushes.
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Talvez você me ache uma tarada ou pense que estou apenas depositando minhas expectativas profissionais em alguém. Mas eu te garanto que vai bem mais além do que isso. Cinco minutos na emergência do meu hospital (sim, eu tenho sentimento de posse pela empresa governamental em que eu trabalho) e você se torna hipocondríaca. Não é atoa que eu levanto às quatro e quarenta da manhã e chego lá feliz da vida distribuindo "bons dias" até pras paredes. Vai que algum me nota? Ouvi dizer em algum lugar que o sorriso pode te deixar mais atraente. Oitocentos e vinte dias e nada aconteceu. Mas sigo tentando. E crushando.
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