Capítulo 10

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Lucas

O meu sonho de menino era me tornar um policial, apesar de todos os problemas familiares que eu possuía. Por isso me dediquei com afinco ao meu objetivo, principalmente depois que perdi minha mãe. Quando passei na prova da Polícia Federal, eu me senti o homem mais realizado do mundo.

Entrei na instituição cheio de sonhos, certo de que colocaria os criminosos na cadeia. Só que nada foi como imaginei e me deparei com contratempos que acabaram fodendo a minha vida.

E agora, eu estou dentro de uma grande confusão e não sei o que faço para provar a minha inocência.

O meu pressentimento foi certeiro e a operação que realizamos não saiu como o esperado. No final eu fui acusado de entregar ao inimigo informações confidenciais, que nos fizeram perder meses de trabalho.

Só que eu sou inocente, jamais me venderia, entrei para a PF justamente para combater o crime.

— Ramiro, eu não vazei nenhuma informação da investigação. Você tem que acreditar em mim. — Quase que imploro para ele crer no que falo.

— Eu acredito, mas não posso ir contra uma ordem superior, você vai continuar afastado do trabalho. — Ele diz com desânimo. — O delegado Alessandro afirma que partiu de você o vazamento dessas informações. É uma situação difícil, porque só vocês dois tinham acesso aos detalhes da operação e temos a tal bolsa de dinheiro que encontramos no seu carro.

Embrenho as mãos pelo cabelo e os puxo com força. Eu nunca gostei daquele filho da puta, sempre disse ao meu amigo Antônio que ele era corrupto, algo nele me alertava da sua má índole.

— Esse filho da puta quer me foder — por fim digo. — Essa porra de dinheiro foi implantada no meu carro. Já te disse isso mil vezes.

Desde que fui acusado de estragar a nossa operação, não canso de repetir que nunca me vendi para ninguém. Essa porra de dinheiro só pode ter sido colocado pela Júlia, a mulher que eu comecei a me envolver e sumiu assim que toda essa bomba estourou.

Ela era a única pessoa que podia colocar esse dinheiro no meu carro sem levantar suspeitas.

— Eu queria te ajudar de verdade, mas no momento preciso apenas que se afaste e deixe meus homens trabalharem para provar sua inocência. Juro que vou derrubar o Alessandro, ele é um belo filho da puta e já estamos na cola dele há um bom tempo.

Confio no Ramiro, ele é o cara mais honesto que já conheci, não é a toa que é o chefe de toda a Polícia Federal do Estado do Rio de Janeiro. Ainda assim não consigo me conformar em ser afastado do meu serviço por algo que não fiz.

— O promotor Assad e o juiz Salomão também estão do seu lado, inclusive o promotor quer conversar contigo, mas será algo secreto, absolutamente ninguém pode saber do que ele necessita falar com você.

Estranho seu pedido, pela expressão dele não é nada convencional. O que o famoso e rigoroso promotor quer comigo?

— Ele vai poder me ajudar? — Não posso deixar de questioná-lo, porque se não for algum tipo de ajuda não vou perder meu tempo com eles.

— Você sabe que sim. — Ramiro tamborila os dedos pela mesa. — Feguri é uma grande raposa do nosso sistema e sabe exatamente em quem apostar. — Agora ele espalma as mãos sobre a mesa. — E nós todos sabemos da sua capacidade e honestidade. Confiamos em você. — É um alívio ouvir isso. — No entanto necessitamos respeitar o sistema, filho. E como um delegado federal mostrou uma prova consistente da sua traição, teremos que seguir o protocolo e deixar a corregedoria tomar conta da situação. Prometo que vou usar de todos os meios para provar sua inocência e, se você for esperto, terá a ajuda do promotor nessa empreitada.

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