Seis da tarde e o autocarro teima em não chegar. E eu ainda tenho de passar na ourivesaria para ver se fazem piercings.
"Posso?" alguém pergunta e eu ergo uma sobrancelha, mesmo sem encarar o dono da voz, definitivamente, masculina.
"É público." encolho os ombros e puxo o meu casaco e a minha mochila desgastada para o colo, cedendo-lhe mais espaço.
"Hum."
"De nada." ironizo e ouço uma leve gargalhada. "É o que dizem na minha terra depois de um agradecimento."
"Ah. Gosto de saber mais sobre outras culturas."
"E como sabes que não sou daqui?" questiono, ainda sem ter olhado o portador de uma voz encantadora uma única vez.
"És muito branca para seres daqui." a sua voz repousa por um bocado, mas logo volta a chegar aos meus ouvidos. "Penso que possas ser de países do norte... Talvez da Europa."
"A parte da Europa está certa, mas sou do Sudoeste." paro e deixo-o refletir durante alguns segundos. Ao ver que não obtenho qualquer resposta, limito-me a contar-lhe a minha nacionalidade. "Sou portuguesa."
"Sou australiano." nota-se pelo sotaque.
"Hum."
"Hum." ele solta e eu ergo uma sobrancelha.
"Hum." repito. Talvez esta conversa se esteja a tornar um tanto estranha.
"Talvez 'hum' venha a ser o nosso 'para sempre'." cita e eu sorrio levemente.
"Não foi das partes que eu mais gostei." informo.
"Concordo. Adorei a parte dos ovos."
"Essa foi, sem dúvida, a minha preferida!" falo entusiasmada e ouço uma risada.
"Prazer. Luke Hemmings." o, pelos vistos, loiro-de-olhos-azuis-e-piercing-no-lábio apresenta-se eu sorrio de lado.
"O prazer é todo teu. Anya Collins." retribuo, apertando a sua mão, que se encontrava estendida na minha direção. Recebo um pequeno sorriso seu em troca.
"À espera do autocarro, Anya Collins?" questiona e eu ergo uma sobrancelha, devido ao facto de ele ter usado o meu primeiro e último nomes.
"Sim. E o menino, Luke Hemmings?" decido jogar o mesmo jogo que ele e vejo-o sorrir de lado. E.. Covinhas!! Geralmente, não ligo a covinhas, mas o rapaz fica mesmo bem. Eu tambem tenho covinhas, mas ficam-me, sem exagerar, horrivelmente mal.
"Estou aqui por alguma coisa, não é?"
"Sei lá... Por momentos pensei que me estivesses a perseguir." informo com um riso seco e o moço gargalha, fazendo-me sorrir levemente.
"Ainda bem que isso já está esclarecido." suspira e eu ergo uma sobrancelha.
"Não penses assim. Eu ainda tenho algumas dúvidas." semicerro os olhos e ele ri, fazendo-me sorrir também.
"Não sou um stalker ainda, Anya."
"Não te conheço, não confio em ti, não passas de um perseguidor, então." concluo e ele levanta as mãos em sinal de rendição.
Um autocarro chega e eu encaminho-me para o mesmo, quando vejo ser o meu. Entro sem Luke atrás, não me preocupando muito com isso. Ele dirige-me um aceno, ao qual eu retribuo. Talvez aquele não fosse o seu autocarro, talvez ele estivesse à espera de alguém ou talvez a teoria do perseguidor se confirmasse.
Espero que tenham gostado deste capítulo introdutório. Obrigada por lerem. Beijos,
Lâmina Doce ❤
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Anya || l. h.
Teen Fiction"Becoming a cold hearted girl motherfucker wasn't really what I planned to do, but here I am." [REFERÊNCIA A ÁLCOOL, DROGAS E DIVERSAS TENTATIVAS DE SUICÍDIO, PODENDO APARECER REFERÊNCIAS A CONTEÚDO SEXUAL EXPLÍCITO. LÊ POR TUA PRÓPRIA CONTA E RISCO...