Prólogo

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18 de abril, 2016

A noite fria combinava com o céu estrelado do Arizona.

As estradas infinitas e vazias, a vegetação rasteira e desértica. Ele odiava aquele lugar.

Assim que estacionou a moto clássica – uma Harley Davidson preta, em frente ao único bar que tinha a quase doze quilômetros do último posto de gasolina, colocou o capacete no retrovisor e seguiu para a entrada, ajeitando sua jaqueta de couro.

Todos os homens e mulheres, que festejavam animadamente pararam quando o homem alto e moreno adentrou o local.

O silêncio era ensurdecedor.

Ainda mais depois de anos sem dar as caras ali. Anos após ser proibido de por os pés naquele lugar.

Ele caminhou tranquilamente, ignorando os olhos grudados em si e a incredulidade dos clientes mais antigos, até mesmo os novos, e parou diante do balcão.

O barman, que era um dos únicos que não tinha parado de fazer seus afazeres, continuou enxugando um copo, despreocupado. Quando findou seu serviço, olhou desinteressado para o recém-chegado, o analisou de cima a baixo e soltou um riso de escarnio.

— Nada mal em Aominechi.

As feições do moreno se fecharam. Ele colocou as duas mãos grandes espalmadas sobre o balcão de orvalho bem lustrado e cerrou os olhos para o barman loiro.

— Eu só vou perguntar uma vez. — o loiro pôs uma mexa rebelde de cabelo atrás da orelha, dando as costas e pegando outro copo para enxugar. — Onde ele está?

O barman parou.

Ficou alguns segundos imóvel então se virou outra vez, com o semblante sério.

— Você não deveria estar aqui.

— Kise. — entredentes, tensionou a mandíbula como forma de aviso.

— Você sabe muito bem o que vai acontecer se o Akashi te pegar. — agora era Kise quem colocava as mãos sobre o balcão, à centímetros do moreno. — De novo.

Enfatizou, mas não obteve o retorno esperado.

— Onde. Ele. Tá?

— Eu to falando isso pro seu bem. Pela pouca consideração que eu tenho por você, pelo restante que sobrou. Vai embora.

— Eu não vou. Não até você me dizer a verdade. E dessa vez eu quero toda a verdade.

— Sinto muito mas eu não posso. Não sem me por em risco também, espero que consiga o que quer em outro lugar. — e então deu as costas outra vez.

O moreno, vendo que não teria ali o que desejava não pensou duas vezes antes de dar as costas e sair andando em rumo a saída. Já lá fora, colocou o capacete e montou na moto, deslizando pela areia do estacionamento e cantando pneu pelas estradas.

Estava ficando sem tempo e cada vez mais puto, só que precisava encontrá-lo.

De um jeito ou de outro.

Nem que pra isso tenha que voltar à práticas e métodos antigos.

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