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23 de abril, 2016

O teto amarelado do quarto de motel de beira de estrada era cheio de infiltrações e marcas do tempo.

As costas doíam devido ao tempo excessivo em cima da moto e aquele colchão barato não ajudava em nada em suas noites mal dormidas. Se é que alguém pode chamar três horas de descanso de “noite”.

Aomine Daiki tinha um único objetivo claro em mente e no plano não havia tempo para noites longas e tranquilas.

Viajar de Minessota até o Arizona de moto sugava mais energias do que ele imaginava mas agora que finalmente havia criado coragem para sair daquele buraco onde se escondia não podia mais voltar.

O celular descartável apitou, indicando que tinha uma nova mensagem.

Há algum tempo vinha trocando informações com um amigo antigo sobre o paradeiro de quem buscava nos últimos dois meses e sempre que ele descobria algo o avisava em primeira mão.

Era uma das vantagens de se ter alguém que trabalhava em um jornal.

Jornalistas sempre eram indispensáveis quando o assunto era fornecer e buscar por informações.

Número Desconhecido: ele foi visto pela ultima vez no sul do Texas. Mas aconselho não se aventurar por lá, as fações estão cada vez mais desinibidas e seu nome ainda tá sujo com seus amiguinhos.

— Porra Soichi! — mordeu o lábio inferior, a preocupação tomando conta do seu ser.

Número Desconhecido: Sabendo bem como você é, já deve estar pensando em quantas horas chega na divisa se pegar o caminho menos policiado.

Número Desconhecido: Daiki.

Número Desconhecido: Peça ajuda.

— Só pode estar brincando com a minha cara... — passou a mão no rosto, frustrado. Antes de bloquear a tela leu uma última mensagem.

Número Desconhecido: Manter o orgulho acima de tudo não vai ajudar a acha-lo.

(...)

O sol escaldante lhe queimava a pele.
Sentia que a cabeça fosse explodir dentro daquele capacete que havia virado um forno há muito tempo e estava cansado de ver só a longa rota 66 e aquela vegetação árida dos dois lados.

Quando finalmente avistou um posto de gasolina, parou para abastecer e checar novamente as mensagens. Dessa vez, Soichi havia enviado o número da pessoa que talvez o ajudasse naquela busca mas a questão era: podia mesmo confiar em tal pessoa?

Daiki já não sabia.

Não confiava em ninguém além de si mesmo, era o que a vida tinha lhe ensinado de mais precioso.

Os coturnos já estavam castigando seus pés, sentia que quando aquele pesadelo finalmente tivesse fim iria tirar longas férias, talvez fosse para Bali ou Ibiza, se livraria de toda aquela carga emocional e culpa que vinha o assolando por tantos anos.

Afinal, quando tinha se tornado tão covarde?
Na conveniência do posto, comprou uma garrafa d'água e dois Tridents de menta, ignorando o olhar predatório da atendente sobre si. Antes de voltar a estrada, engoliu o ego e mandou a mensagem que não queria enviar ao tal contado, recebendo um endereço de volta.

Agora, fazendo o caminho contrário e abandonando a ideia de perseguir o boato de que quem buscava estava no Texas, seguia em direção ao Colorado, certo de que aquilo iria lhe dar muito mais dor de cabeça do que o esperado.

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⏰ Última atualização: May 20, 2020 ⏰

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