Segundo sonho: Palco

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Subia o vestido pelas coxas bem devagarzinho. O sol entrava pelo quarto dela, o vento balançava as cortinas. Ela, toda vento. Toda nuvem. Ela entrelaçava meu pescoço enquanto minha mão fazia seu caminho, afastando a calcinha, sentindo o ponto em que ela se encontrava, pronta pra mim. Líquida. Sugava seus seios já pra fora da roupa, a parte de cima do vestido abaixada até a cintura, lambia um com toda a calma do mundo, perdido na melodia de gemidos. Deixava o bico duro com meus lábios e ia subindo pelo pescoço, fingindo que estava no controle, fazendo de conta que não era ela que mandava e desmandava no meu desejo, na ereção que explodia em minha calça apertada.

– Jungkook – ela falava meu nome naquela sua voz quente, manhosa, quase sem fôlego, de um jeito tão seu que não havia como dizer que não era a pronúncia correta. – Me fode com os dedos. Você faz isso tão gostoso, meu menino.

E eu obedecia. Lambia meus dedos bem devagarinho na frente dela, não que sua entrada precisasse de mais lubrificação, mas eu gostava do jogo. Depois ia enfiando os dois aos pouquinhos, sentindo ela se contrair toda, as pernas já totalmente abertas sobre meu colo. Eu gostava tanto de como ela se abria toda pra mim, sem pudores, sem sentir a necessidade de fingir um recato que não serve pra nada. Ela empurrava o quadril, engolindo meus dedos em gancho na busca por seu ponto G... E, quando eu encontrava, ficava óbvio só de ver seus olhos perdendo o foco e a cabeça tombando pra trás.

De repente, as luzes se acendem.

Os holofotes nos cegam, refletindo na nossa nudez. Agora estávamos completamente nus sobre o palco, não era mais o quarto dela, e sim um palco qualquer da nossa última turnê. Imenso, claro demais, barulhento. Os fios dos equipamentos tomavam toda a superfície do palco, como um amontoado de cobras, ganhando vida e se arrastando em nossa direção. Éramos nós dois, bem no centro, eu e ela. Contudo, não estávamos sozinhos. A multidão do estádio cheio gritava. Na coxia, podia ver os hyungs todos vestidos em seus figurinos, as expressões estupefatas pela cena que se desenrolava onde deveria em breve começar nosso show.

Os fios vieram nos cercando e eu tentei protegê-la, lançando meu corpo sobre o dela como um escudo, como um muro de proteção. Mas eu era transparente, não tinha matéria, como um fantasma, como um espectro. E os fios me atravessaram. Aos meus gritos de pânico e surpresa, foram subindo pelas pernas dela e ganhando espaço, alastrando-se por sua pele e apertando sua carne, deixando-a toda atada como naqueles vídeos de shibari que eu gostava de assistir. Minha excitação cresceu junto com meu desespero e me vi confuso com esta reação. Ao mesmo tempo, havia a vergonha abissal de ser visto daquela forma pelas milhares de pessoas que preenchiam o estádio e pelos hyungs, impacientes para o início do espetáculo. O público tinha os celulares erguidos em nossa direção. Tentei esconder meu corpo, mas sabia que seria inútil, minha imagem já deveria estar em todas as redes sociais. Por que era sempre assim? Não importava o que eu fazia, sempre terminava exposto. Ou deixava de fazer o que realmente queria por medo da exposição. Era um beco sem saída.

Encarei a multidão. Os rostos animalescos eram uma mistura feroz de lobo com hiena, sorriam ameaçadores, ao mesmo tempo em que salivavam. Os fios ergueram noona lá no alto, levando-a suspensa logo acima da plateia. A posição de seu corpo era uma cópia exata do meu no MV de "Blood, Sweat & Tears". Os animais famintos logo abaixo se agitaram por verem-na daquela maneira, como se esperassem os fios se romperem e a presa cair direto em suas bocas de dentes pontiagudos. De repente, eu me tornei insignificante. Era ela que eles queriam. Não hesitariam em devorâ-la até os ossos assim que pusessem as garras nela.

Será que me deixariam em paz caso pudessem se satisfazer com ela? Seria noona um sacrifício oferecido em troca da minha salvação? Deveria ter me sentido culpado por tais questionamentos, porém isso não aconteceu. Os hyungs ainda me encaravam da coxia, como se cobrassem uma atitude minha, alguns me encorajando, outros me julgando devido à minha inércia. Eu estava certo que deveria fazer alguma coisa, só não sabia o quê.

Sagrado e profano (Jungkook)Onde histórias criam vida. Descubra agora