De longe

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Dylan era nome do jovem rapaz que tinha a testa contra a janela do carro alugado que sua mãe dirigia, ele se encontrava no banco de trás mas era como se estivesse sentado em uma cadeira na frente dela.

Pois a cada segundo quase que literalmente podia sentir os olhos de sua mãe Rebecca através do retrovisor em si.

Assim como também podia ver que no olhar dela, uma pequena pitada de medo.

Mas se ele estivesse no lugar dela também estaria sentindo.

Ele estava tão confuso, afinal de uma hora para outra havia se transformado em uma especie de cachorro ou talvez lobo gigante, bem no quintal de sua casa.

Dylan não se lembrava de como tinha volta ao normal, só tinha acontecido... como um estalar de dedos ou como uma luz sendo acessa.

Apesar de não lembrar como, mas se lembrava de como se sentia no exato momento em que explodiu de raiva literalmente.

O sentimento da dor da traição, a ira que dominava o seu corpo, ele só queria por pra fora, queria gritar ou simplesmente socar alguma coisa, ou melhor alguém.

De preferencia seu Ex-melhor amigo e sua Ex-namorada, o cara que disse que estava ocupado e não podia jogar naquela tarde, a namorada que estava ocupada cuidando do sobrinho e que não podia vê-lo.

Deveria ter desconfiado antes, notado que eles estavam estranhos, que estavam evitando ficarem juntos no mesmo lugar.

Mas Dylan confiava neles, afinal eram amigos de infância, um trio de amigos que logo completaria 12 anos de amizade, amizade que recebeu o primeiro tombo quando Maya aceitou seu pedido de namoro.

E logo depois disso só foi ladeira abaixo, eles não tinham mais tempo para se divertir juntos, um deles sempre ficava de fora.

As mensagens no grupo só deles três foram simultaneamente se tornando raras e simplesmente desculpas para algum convite feito por ele.

Mas aquele impasse naquela amizade e situação podia ter se resolvido, sem ele pegar seus dois melhores amigos aos beijos, sem uma troca de palavrões, sem ele estar queimando de raiva ao ponto de se transformar em um ser vivo de outra especie, horas depois.

—Estamos quase chegando.

A escutar a voz de sua mãe, foi como seus olhos volta-se a enxergar, já não havia só árvores para nos dois lados da estrada, o carro estava entrando em um campo aberto e a estrada já havia se transformado em chão batido.

Um pouco mais a frente uma casa vermelha podia ser vista, próximo dela duas caminhonete uma nova que parecia récem comprada e a outra já parecia abandonada no tempo.

Além delas, duas motocycletas cobertas de barro, das rodas ao acento, pareciam mal cuidadas e muito usadas.

—Dylan.. eu sei que ta sendo repentino a nossa vinda pra cá... que eu mal falo da minha família mas foi n-necessário.

Seus olhos verdes escuros apenas observavam a sua progenitora desligar o carro e tirar o cinto de segurança, enquanto ele fazia o mesmo.

—Eu sei mãe.

Ele sabia porque estavam ali, sua mãe havia lhe dito que seu avô materno, pai dela qual ele nunca tinha conhecido, tinha resposta para o que tinha acontecido.

Sua mãe suspirou várias vezes antes de sair do carro, ele apenas a seguiu, caminharam em silencio até enfrente da porta branca da casa, escutaram vozes lá dentro e um choro de um bebê.

Com batidas fortes contra a madeiras da porta, uma mulher gritou de dentro da casa que eles podiam entrar.

Após limparem os tênis no tapete que tinha um famoso bem vindo, eles entraram pela porta.

Depois Da TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora