Passava de meio dia quando a grande e branca coruja-das-torres passou pela janela aberta do quarto e pousou de maneira sutil no poleiro vazio depois de soltar na escrivaninha a carta que carregava. Embaixo do lugar, um monte peludo se moveu e abriu os olhos, revelando olhos felinos pertencentes a um amasso, para encarar de maneira despreocupada arecém chegada e soltou um miado longo antes de tentar saltar para alcança-la no alto, conseguindo apenas raspar as garras na madeira. Irritada com a tentativa de ataque, a ave emitiu um piado rouco e abriu as asas, voando em direção ao felino e bicando seu longo rabo cinza.
Surpreendido pelo o ataque, o amasso pulou com rapidez na cama ao lado da almofada em que costumava dormir. Uma vez no colchão, miou alto e começou a bater no garoto deitado com seu rabo, numa tentativa violenta de acordá-lo. A tentativa, porém, fora em vão, uma vez que o adolescente já estava acostumado com aquela mania do animal, que costumava chama-lo a noite apenas para perturba-lo. Vendo que seu dono não acordava, o amasso decidiu arranhá-lo de leve na barriga desnuda.
― O que foi, Mandela? Me deixa dormir... ― disse o adolescente com a voz tomada pelo sono.
O animal, porém, miou insatisfeito e voltou a bater no garoto com o rabo, desta vez acertando-lhe o rosto. Com raiva, o jovem empurrou o felino com a mão e se sentou na cama, apoiando as costas na parede gelada. Coçou de leve os olhos e os abriu devagar, se acostumando com o sol da tarde que passava pelas cortinas, agora abertas graças a um feitiço que fazia com que janelas e cortinas se abrissem com a aproximação de corujas.
Demorou para se situar já que seu corpo e sua cabeça doiam. Não lembrava exatamente como chegara em casa depois dos acontecimentos da noite passada, mas tinha a breve lembrança de ter sido carregado escada acima por Scorpius e Albus enquanto murmurava alguma coisa sobre como os olhos verdes do amigo eram a coisa mais bonita do mundo. O pensamento o fez soltar uma leve risada, mas parou no segundo seguinte pois parecia que alguém estava batendo um martelo dentro de sua mente. Por isso, soltou um pequeno gemido e se voltou para Mandela, o amasso que agora o encarava com os grandes olhos.
Achilles com certeza não beberia whisky de fogo tão cedo.
― O que você quer? ― perguntou para o felino.
Com um miado, o animal virou a cabeça em direção à coruja. Foi só então que o garoto reparou na recém-chegada. A ave piou para o garoto e, ao notar que finalmente alguém havia acordado, mexeu a cabeça em direção à escrivaninha e bateu asas, passando pela janela e sumindo de vista. Achilles coçou a cabeça. Não conhecia aquela coruja, mas se ela havia entrado na casa, não significava perigo nenhuma. Por isso, mexeu a mão direita como se chamasse alguém e fez com que o envelope em cima do móvel que usava para estudar voasse em sua direção. Pelo esforço, sentiu a cabeça doer ainda mais, contudo, decidiu ignorar.
Seu primeiro pensamento ao olhar o remetente no envelope era como ele sem dúvidas deveria avisar à sua mãe que já passara da hora para que os feitiços de proteção da casa. A segunda coisa que passou pela sua cabeça quando leu "Para: Albus" e "De: Charlotte" foi que deveria queimar aquela carta ao invés de entrega-la ao amigo. O pensamento o fez se lembrar que não estava sozinho no quarto e ele levou o corpo para frente e viu que o colchão que Scorpius dormira estava vazio. A cama que ocupava, porém, tinha mais uma companhia.
Deitado de barriga para cima, Albus Severus Potter se mostrava alheio a toda movimentação que acontecia no quarto. Os cabelos negros rebeldes cobriam seu rosto e o braço direito tentava proteger os olhos da luz do sol que entrava no cômodo. Achilles sorriu ao prestar atenção no ronco do amigo e se lembrar ele e Scorpius costumavam reclamar daquilo nos primeiros dias do primeiro ano deles em Hogwarts, mas que agora havia se tornado apenas mais um barulho com o qual ele costumava dormir. Contudo, um miado de Mandela e uma tentativa do animal de roubar a carta de sua mão tirou sua atenção do amigo.
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Verde e Prata
AdventureAs milenares casas de Hogwarts têm uma rixa que vai para além da Taça das Casas. Algumas fazem alianças entre si em alguns momentos, mas todos querem a mesma coisa: Se sair melhor e sozinhas. Depois da Segunda Guerra Bruxa, as quatro casas fizeram u...