É imperativo obedecer

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IMPERATIVO BIOLÓGICO

Por Debby Bacellar

Hermione coçou distraidamente seus pulsos e antebraços. Maldito Snape Malditas detenções. Ela respirou aliviada que esse era o seu último ano. Voldemort fora derrotado e a guerra vencida, e agora todos estavam se recuperando do rescaldo da destruição.

Ela estava tão distraída ultimamente. Ela não queria machucar Ron, mas não sabia como dizer ao seu melhor amigo que o relacionamento que desenvolveram no calor da batalha não estava andando como deveria. Oh, ela o amava. Amava muito. Mas ela não se sentia pronta para dividir as intimidades que ele ansiava.

Ela sabia que ele e Lilá tinham se conhecido em todos os sentidos possíveis em que um ser humano pode conhecer a outro, mas ela ainda não estava pronta para tomar esse passo. Ela não estava pronta para se entregar a Ronald, mas ela tinha certeza que com o tempo o medo iria desvanecer e ambos poderiam desfrutar da intimidade que acontecia entre casais normais de jovens adultos.

Ela havia se tornado uma bela moça. Seu corpo desenvolveu em curvas sinuosas, as pernas longas e longilíneas chamavam atenção e ela não tinha certeza de exatamente quando os olhares dos outros bruxos começaram a seguir em sua direção com mais frequência. Ela estava desconfortável com a atenção súbita, mas ela podia admitir para si mesma que seu ego estava sendo insuflado de uma forma que ela nunca imaginou ser possível antes. Ela se percebeu, como a mulher que ela era. Ela sabia que já era intimidante antes por toda a sua inteligência, força bruta e impetuosidade e ela estava preocupada que isso era a razão principal das explosões ocasionais de ciúmes de Ronald.

Ela tinha que reafirmar seu amor por ele praticamente todos os dias. Ela não se importava com isso, no entanto. Ele a salvou, ele esteve com ela no momento em que ela mais precisou, e embora Ron fosse em certos aspectos insensível, ele era um namorado brilhante. Ele estava sendo muito, muito mais do que Hermione sempre imaginou e ela estava tão feliz em se descobrir cada dia mais apaixonada.

— Se você não se dedicar a tarefa com mais esforço Granger, esta detenção terminará muito tarde, de fato. Eu quero cada caldeirão nessa sala brilhando, cada poção organizada e você parece muito distraída. Dez pontos a menos pela distração.

Hermione se encolheu ao ouvir a voz sarcástica e começou a trabalhar mais rápido ainda, esfregando o caldeirão sem magia. Uma série de palavrões que ela nunca ousaria dizer em voz alta estava desfilando em letras cursivas imaginárias acima de sua cabeça. Tudo o que ela queria era sair dali e fugir de Snape - o ogro.

O fato de ser um herói de guerra, condecorado com as mais altas honras não amenizou em nada o humor cáustico do homem. Ele continuava tão grosso como sempre fora.

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Hermione estava se sentindo tão estranha durante aquela noite. Seu corpo coçava e ardia, ela estava com cólicas e ela nem estava em seu período. Tudo o que ela queria era ir para a torre da grifinória, entrar em seu quarto de monitora-chefe, se enrolar nos lençóis macios e derreter na suavidade do algodão até ser reivindicada pelo sono.

Pela milésima vez naquele dia ela chutou-se mentalmente. Por que ela não conseguia manter a boca fechada? Ser insolente com Snape e manter-se respondendo perguntas que ele não direcionou a você te dava uma porcentagem de 100% de chances de garantir a detenção, mas ela vinha se sentindo exasperada durante todo o dia e as respostas saíram de sua boca antes que ela sequer tivesse pensado duas vezes. Ela lembra do olhar antipático que o homem lançou em sua direção no momento em que ela não conseguiu se impedir de falar. Se olhares lançassem adagas, ela teria morrido instantaneamente como quando um lançador de facas propositadamente mira entre os olhos de seu alvo.

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