Prólogo

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No exato momento em que entraram na sala do diretor, Coulson e May sentaram-se juntos no sofá. Eles estavam igualmente exaustos, a missão havia sugado a energia de ambos desde o primeiro momento. Por terem ido sozinhos, sem apoio tático, acabaram tendo que tomar mais cuidado e, por consequência, ficaram um pouco mais próximos também.

Com o projeto dos inumanos em ação, está cada vez mais difícil se manter em campo. Coulson, May e Daisy, por serem os mais envolvidos, gastam metade do tempo cuidando da burocracia e a outra metade treinando os novos agentes. Dessa forma, é de se esperar que acabem "se enferrujando" um pouco. 

— Eu vi o seu sorriso de satisfação quando socou a cara dele. – Phil fala, olhando para a sua parceira. 

— É bom sair um pouco da base, deixar de lado os treinamentos. – A asiática dá de ombros. 

— Pode dizer que estava com saudades de socar os caras maus. 

— Isso faz mais o seu estilo de fala, Phil. – Melinda revira os olhos. Com o passar do tempo, ela e Coulson estão se aproximando cada vez mais. Não parece proposital, mas, com o rumo de trabalho que a shield, eles passam mais tempo juntos e talvez agora, esteja começando a admitir para si mesma que existe um sentimento que está florescendo. 

— Será que é bom momento para tomar uma garrafa de Raig? – O homem olha para a mulher, com um meio sorriso entre os lábios. – Temos que comemorar a nossa volta a ativa. 

— Falando em ativa, como Daisy está indo com o treinamento de controle dos novos inumanos? Conseguiu encontrar mais algum? 

— Essa semana trouxemos mais dois, só que um deles já tinha meio controle dos próprios poderes. Acabou ficando um pouco menos, mas com a shield sendo a "oficial" treinadora dos super dotados, todos sem exceções precisam participar. – Coulson suspira, ao passo que levantou-se para pegar a garrafa de bebida. – Tem alguns que não estão aceitando muito bem, só que… Daisy está fazendo um bom trabalho. 

— Para ser sincera, quando entrei para a shield, não esperava acabar aqui. Lidando com tudo isso. – O dedo indicador de Melinda roda pela sala. – Seria estranho 7dizer que sinto falta das missões sem resgate? Era apenas eu e você, contra homens armados. 

— Foram bons tempos. Arrisco-me a dizer que foram os melhores. – Colocou a bebida em dois copos, enchendo a metade, até voltar suas atenções para a mulher. – Sabe do que eu me lembro?

— Lá vem você. – May revira os olhos. – Do que? 

— De você. Na época da academia. – Por um instante, ele fica em silêncio, como se estivesse escolhendo as palavras certas para dizer. – Queria desesperadamente ir para campo, você até brigou com… – Mesmo depois de pensar bem, acabou indo pelo caminho errado. 

— Pode dizer o nome dela, Coulson. – May o repreende apenas com o olhar. – Não é como se fosse um nome proibido. – Só que na verdade, era sim. Nem todas as lembranças do passado são boas. Assim como, nem tudo que já se foi vivido, é deleitável. – A conversa tomou um rumo não muito agradável, eu vou ver se alguém quer treinar. 

— Não íamos beber? Comemorar? 

— Quem sabe na próxima.

— Por que nós nunca conseguimos beber? – Coulson pergunta mais para si mesmo do que para Melinda. – Não ficou brava, não é?

— Para se ficar brava, precisa haver um motivo. Com não há… – seu raciocínio se completou sozinho. – Até depois, Phil. 

O homem encara por alguns segundos o lugar onde Melinda estava sentada e suspira. Passa a mão no rosto, tentando afastar os pensamentos e, como já tinha suspirado, guarda a garrafa de Raig de volta no armário e sai da sala, para não prolongar sua fixação no sofá. Talvez, pensa, devesse considerar nunca mais tentar falar com a May sobre o passado. Algumas pessoas não lidam bem com isso.

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