Parte - 7

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- Bem, vamos ver o que nós temos disponível, que tal? -

Jabel digita em seu teclado e olha para o seu monitor, e eu decido que não é só a minha imaginação que ela me trata com uma calidez decididamente menos cálida do que antes. Esperado, eu suponho, mas ainda é irônico considerando que um pouco mais de um mês atrás ela me convidou para todas as reuniões de família que ela recebeu, me enfiando comida e bebida e me sentando entre Corbin e Cassian. Seu filho e seu sobrinho. De uma maneira ou de outra ela teria um respirador de fogo na família. Eu sempre soube que este era o seu objetivo.

Eu fico de pé na frente da mesa dela e tento não recuar. Ela não está me olhando no momento, e por isso estou feliz. Eu sempre evito seu olhar. Apesar de que os draki hypnos não são capazes de usar

seus talentos em um colega draki, eu sinto como se ela pudesse entrar na minha cabeça de qualquer forma, sussurrando suas palavras, tentando influenciar minhas ações.

Um profundo ressoar de vozes flutua do escritório atrás dela. Severin, tenho certeza. Lá dentro com os antigos. Pelo menos eu não tenho que vê-lo. Ou pior... Eu não tenho que suportar alguma

observação sobre perder a minha atividade sendo o mínimo do que eu

mereço.

- Ah, aqui, nós temos algo.

Eu assinto ansiosa para ir embora.

Pegando uma folha de papel, ela começa a escrever, dizendo, - Há sempre lugar na equipe de estripação. Eu vou te colocar nas segundas, quartas, e sextas. Estes são grandes dias para a caça e pesca. Eles podem usar uma ajuda extra.

Meu estômago se revira. A equipe de estripação? Eu devo ter feito um som porque Jabel me dá um olhar afiado. - Boa demais para arrancar pele e eviscerar a comida que nos mantém alimentados?

Eu balanço minha cabeça, mas eu estou certa que o movimento é lento, pouco convincente. - Não, mas... há algo mais disponível?

Ela volta seu olhar novamente para o papel e assina seu nome com um floreio. Arrancando-o do bloco, ela o entrega para mim. - Leve isso com você quando você for se apresentar.

Eu pego a folha e saio do escritório, me perguntando se eu deveria ter dito alguma coisa sobre precisar de uma nova atividade. Alguém iria perceber se eu ficasse sem nenhuma por um tempo?

Fora as crianças que jogaram bolas na minha cabeça, todo o resto tem feito um bom trabalho me ignorando, me tratando como se eu fosse invisível. Até mesmo a minha melhor amiga me evita.

Como se o mero pensamento a tivesse conjurado, eu vejo Az enquanto eu desço das escadas. Eu chamo o nome dela e corro para alcançá-la. Ela me dá uma olhada rápida por cima do ombro antes de se virar novamente.

Eu estou sem fôlego quando eu a alcanço. - Az, por favor, espera.

- Por quê? - ela mantém um passo apressado, olhando somente para frente.

- Vamos lá, Az. Eu posso lidar com muitas coisas, mas não com você estando brava comigo.

- Sério? - seus olhos negros azulados voltam para mim. - Eu não achei que isso importava.

- Claro que você importa para mim.

- Sério? - ela faz um som feio. - Eu importo? Eu não acho que ninguém do clã é mais importante do que o seu humano! - Ela pára agora, fúria cintilando em seus olhos amendoados. - Quando você se revelou para ele, você pensou alguma hora em mim? Em algum de nós?

Eu olho para o seu rosto, implorando. - Az, não foi assim. O Will é...

- Will - ela cospe seu nome, suas mãos em punhos ao seu lado. - Eu nunca pensei que você nos venderia por algum cara.

Firelight #2 - VanishOnde histórias criam vida. Descubra agora