Eles não são amigos

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Seth levantou da rede em que estávamos, repetindo que nada estava bem. Eu o segui, e nós fomos para a sorveteria, onde todos estavam terminando seus lanchinhos. Seth pegou o braço da irmã, e limpou seu nariz grosseiramente. Ela protestou mas, quando inspirou profundamente, se calou. E empalideceu. Kuna e Hine se limparam, e perceberam o cheiro que os outros dois tinham inspirado.

-É o mesmo cheiro que eu senti no baile!

Troy fez um olhar de desentendido.

-Alguem ai pode me explicar o que está acontecendo?- ele gritou.

Leona olhou para o namorado, e o puxou para perto de uma árvore. Depois, sinalizou para que eu os seguisse. Quando cheguei, ela começou.

-Há muito tempo atrás,-eu e Troy suspiramos, impacientes-quer dizer, tão logo nossa espécie começou, os meio lobos nos encontraram na África. Nós tentamos ser legais, mas eles não quiseram nossa amizade. Diziam-se superiores, e tentaram nos escravizar. Mas resistimos, e lutamos. Nossas especies apenas tinham uma coisa em comum, que era o medo dos humanos. Hoje em dia, apenas eles tem esse problema. Você nos fez superar isso, Mik. Os meio lobos vivem na Antártida, e só saem de lá quando querem implicar com seus inimigos. Então, nós estamos "ferrados".

Troy segurou a mão de Leona, docilmente, encorajando-a a contar com ele, mas ela se soltou e foi encontrar Hine. Eles dois chamaram os irmãos e correram para a entrada do parque. Iriam para casa. Eu corri até eles, e disse que iria ajudar da maneira que pudesse. Mas Seth me cortou, dizendo que, dessa vez, não queria que eu me intrometesse.

Foi a ultima vez que eu os vi antes de começar as aulas.

Na escola, encontrei Seth pegando sua comida, carne. Eu o cumprimentou, e ele me olhou como se tivesse levado um soco na barriga. Eu me sentei com eles, assim como Troy. Mas Stefany, Helena, Ben e Brett ficaram longe, com olhar ressentido. Leona ficou admirando Troy, como que pela ultima vez.

Eu percebi que os meio lobos não tinham vindo para a escola. Talvez nem estudassem.

Depois que as aulas terminaram, chatas como sempre, eu chamei Seth para um canto. Perguntei o motivo pelo que os outros não tinha vindo almoçar conosco. Mas a resposta foi inimaginável.

-Nós... não queremos mais a companhia de vocês. Então, fiquem longe.-disse, e as palavras pareceram machuca-lo.

-Seth! Sei que não quis dizer isso. Não... Não pode estar terminando comigo...não...-sussurrei, quase chorando. Mas, não, eu não iria chorar por um garoto.

-Mik, nós... Eu não quero ficar perto de você. Nem de Troy, Ben, Stefany ou o resto. Vivam suas vidas e finjam que somos alunos como os outros, mas não fale mais conosco!- ele gritou, e saiu pisando duro.

Aquilo não podia estar acontecendo.

Do outro lado do pátio, Leona e Troy discutiam. A meio felina estava derramando várias lagrimas, e, toda a vez que o garoto tentava agarrar seu ombro, ela o afastava bruscamente. Seth foi ao socorro de sua irmã, e a guiou para entre as árvores, na trilha da casa deles.

-Troy! O que houve?-gritou Ben, que estava ali perto. Eu me aproximei para ouvir também.

-Ela...terminou...comigo...-gaguejou Troy, confuso.

Eu falei o que tinha acontecido entre mim e Seth, e nós dois achamos isso muito suspeito. Mas, naquele momento, a tristeza tinha tomado conta.

No dia seguinte, nem ousamos olhar para os meio felinos, que tinham assumido uma postura séria, mas tristonha.

Coisa de gato: Lobos à solta!Onde histórias criam vida. Descubra agora